QUERIDOS LEITORES! OS LIVROS QUE VOCES IRÃO LER TEM COMO TITULO “O GARIMPEIRO E FOI ESCRITO EM 3 VOLUMES. NÃO SE TRATA DE LIVROS EVANGÉLICOS CONFORME ESTE ESCRITO NA PRIMEIRA PAGINA DO MEU BLOG; POREM TRATA-SE DO MEU TRABALHO COM PEDRAS PRECIOSAS E SEMIPRECIOSAS BEM COMO CONFECÇÃO DE JOIAS E SEMIJOIAS COM PEDRAS NATURAIS DO NOSSO BRASIL.
O MOTIVO DE LEVÁ-LOS A LER ESTRES
TRÊS VOLUME É PORQUE OS MESMO APRESENTAM PARTE DE MINHA VIDA, A QUAL NÃO PODERÁ
DE FORMA ALGUMA DESSACIA-LAS, SE CASO O FIZESSE SERIA UMA PESSOA DUALISTA, O
QUE NÃO SOU.
DESEJO-LHES UMA BOA LEITURA.
Celso Lanes
O GARIMPEIRO
Uma
História Real
Volume I
ÍNDICE
Prefácio.................................................................Pag.
Agradecimento........................................................Pag.
Parte I - Retorno a Governador Valadares.............Pag.
Parte II - A viagem para local desconhecido...........Pag.
Parte III – Alto
Bonito.............................................Pag.
Parte IV - O Acampamento dos Garimpeiros..........Pag.
Parte V - A pedra
Ametista...................................Pag.
Parte VI – A organização do Acampamento............Pag.
Parte VII -
Garimpo da água quente........................Pag.
Parte VIII- A
Onça pintada.....................................Pag.
Parte IX - A viagem à beira do Rio
Madeira...........Pag.
Parte X - A volta do Fifi........................................Pag.
Parte XI – O retorno para
casa...............................Pag.
Parte XII – As
compras em Araguaína - TO............Pag.
Parte XIII- A
lapidação............................................Pag.
PREFÁCIO
A
História que vocês vão ler é real e verdadeira, e não ficção, pois se trata da
parte da minha vida na qualidade de minerador (garimpeiro) e comerciante de
pedras preciosas, semipreciosa e ouro.
As pessoas que irão compor esta história
são personagens verdadeiras e reais (ou foram reais), pois algumas podem já ter falecido;
porem os seus nomes continua vivo em minha memória; seus nomes não
foram alterados já que me autorizara
a colocar tanto nomes como
apelidos para compor este momento histórico, pois eu lhes devo muito
pela confiança em depositada em mim.
O Autor
Agradecimento
Em primeiro lugar quero agradecer ao Meu
DEUS e a seu filho unigênito JESUS CRISTO por conceder-me a vida, pois estávamos mortos em delitos e pecados; Ele nós salvo, morrendo
a nossa morte para que fossemos
reconciliado novamente com o PAI; e, ao
ESPIRITO SANTO que me iluminou para poder escrever estes livros.
Em segundo lugar agradecer a minha
esposa Dilma (in memore) meus filhos Adriana Carla, Renata e Celso Junior,
genros noras e netos querido e amada que sempre me deram alegria continuam a
dar; e hoje como eu, aguardando a volta de JESUS CRISTO para nos levar a viver com ele na mansão
Celestial.
Em terceiro lugar aos meus amigos, não
menos prestigiados, pois são sempre lembrados em nossos comentários pelo bem
que a nós proporcionou.
Pelos quais eu peço a DEUS QUE EM SUA
INFINITA GRAÇA E AMOR continue a abençoá-los em sua vida, bem como em seu
labore cotidiana.
OBRIGADO Alvedir Passos Nunes, OBRIGADO Arauto
Passos Nunes (Mais conhecido como Fifi), OBRIGADO Lauro (mais conhecido por
coronel), OBRIGADO Haroldo Rescoviks (in memore) amigo inquestionável, OBRIGADO
Piter Rogeres (in memória), OBRIGADO Geraldo Badaia, OBRIGADO Antonio Bento dos
Santos, OBRIGADO Abner Ramos(in memória), OBRIGADO Moises José de Lima, OBRIGADO Paulo Orlando de
Mattos (mais conhecido como Paulo Maloca), OBRIGADO José Alberto Rodrigues dos Santos
(mais conhecido como Zezinho), OBRIGADO Glacir Joaquim Mendes (mais conhecido
como Kral), OBRIGADO Washington (mais conhecido como baiano), OBRIGADO Chico do
Breno, OBRIGADO Nego da Hora, OBRIGADO
Daniel, OBRIGADO Dom Jaime, Dom Tino (e outros amigos bolivianos), um
agradecimento muito especial a Dona IRACI e suas cinco filhinhas que sempre nos
hospedou com muito carinho em Santa Terezinha de Goiás quando íamos à busca de
esmeraldas; muito OBRIGADO),
OBRIGADO a todos os amigos e irmão em
CRISTO JESUS membros da IGREJA PRESBITERIANA FILADÉLFIA que em tantas circunstancias na minha vida de
iniciante de garimpeiro, me apoiaram e confiarão na minha pessoa.
Peço desculpas e agradeço a tantos outros colegas e amigos
profissionais de uma (CLASSE TÃO SOFRIDA), por não serem mencionado
nominalmente neste livro.
Os quais não mediram esforços e me
apoiaram durante a minha caminhada em busca do profissionalismo como GARIMPEIRO
e em busca dos minérios preciosos (ouro e pedras e preciosa Brasileira).
Mas lamentavelmente ainda existem
pessoas que duvidam de minha capacidade; como ouvi certo dia alguém dizer: ‘MAS VOCÊ NÃO PODE ESCREVE SOBRE GARIMPEIRO, POIS VOCÊ NÃO TEM MUITO TEMPO NESTA ÁREA’.
A única coisa que posso dizer a esta
pessoa é que tenho uma CARTEIRA DE BLASTER de número 064/81 com data de
19/01/expedida pela SECRETARIA SEGURANÇA INFORMAÇÕES do Estado de Santa
Catarina.assinada pelo DELEGADO TITULAR DO
DOPS/SSI/SC, a qual me deu o direito à
FUNÇÃO DE ENCARREGADO DO FOGO ( isto é compra, transporte e manuseio de
explosivos) em qualquer parte do território nacional (garimpos). Quando ainda era funcionário de certa Companhia.
Alem disto, tenho uma CARTEIRA DE
AQUISIÇÃO DE SUBSTANCIAS MINERAIS, expedida pelo MINISTÉRIO DA FAZENDA de
numero 03.394, e com data de 09/06/1987 em nome da firma LAPIDAÇÃO LANES &
LANES LTDA., da qual era Gerente/Proprietário. Que muitos não a têm.
esta carteira tem a Especificação das Substancias Minerais que
poderia extrais comprar e vender.
Esmeralda, Água Marinha, Turmalina,
Safira, Topázio, Cirino, Quartzo-Rosa, Morganita, Kunzita, Andaluzita-Dicroica,
Crisoberilo, Ametista, Ágata, Ônix, e Opala em bruto.
Mas, não estou fazendo isto para me
engrandecer, mas para dizer que apesar de pouco tempo e ter aprendido com
grandes (mestre) conhecedores de mineração.
Estou apenas mostrando como é bom ter um
presente com vários amigos e lembrança de dias gloriosos entre uma pedra e
outra. Celso Lanes
Parte I
O retorno a
Governador Valadares
A minha historia bem como da minha família (como garimpeiro) inicia-se no ano de 1981 quando ainda morávamos no Estado de Santa Catarina.
A nossa vida era de migrantes, pois eu
trabalhava em uma Empresa (construtora) no ramo de construção civil,
hidrelétricas, fabricas e estradas a onde por 11 (onze) anos trabalhei como
Técnico na construção civil exercendo a função de Assistente de Engenharia em
edificações e posteriormente como Chefe do Departamento Administrativo de Pessoal.
Eu e minha esposa estávamos cansados de mudanças, pois eu era transferido sempre
para obras que se fizesse necessário a minha presença.
Após
sermos transferido do Estado do Espírito Santo para o Estado de Santa Catarina,
passando a residir na cidade de Ibirama e posteriormente para o acampamento dos
encarregados dentro do canteiro da obra, na localidade denominada Barra Dólmã
distrito de Ibirama. (Ibirama -que significa na língua
indígena -TERRA DA FARTURA- cidade e município de Santa Catarina, superfície
1.156 Km2
; população total 18.082; densidade demográfica 15,64 habitantes/Km2; população urbana 2.356; população urbana na sede municipal 2.066. Colônia agrícola estabelecida no século XIX por alemães e eslavos. Até 1944, denominada HAMONIA. Localiza-se na zona da Bahia do Itajaí, a 48 Km a O.S.O de Blumenau.)
; população total 18.082; densidade demográfica 15,64 habitantes/Km2; população urbana 2.356; população urbana na sede municipal 2.066. Colônia agrícola estabelecida no século XIX por alemães e eslavos. Até 1944, denominada HAMONIA. Localiza-se na zona da Bahia do Itajaí, a 48 Km a O.S.O de Blumenau.)
( Barra Dólmã foi primeira reserva
indígena do Brasil (KAINGANG, YOKLENE E GUARANI), hoje com 16.716 HABITANTES
875 metros de altura do nível do mar, pertencente a Serra do Mar, banhada pelo
rio Itajaí norte, local muito frio, porem, com muita fartura).
Barra Dólmã era um tipo povoado as
margens do rio Itajaí o qual corria entre montanhas e florestas com muitas
arvores nativa, muitas plantas e folhagem exuberantes ao lado da reserva (já desapropriada)
vivia muitas famílias de origem Alemã, era pessoas trabalhadoras, exploravam
varias culturas e criavam muito vacas leiteiras em um espaço de 5 etiquetares;
mais ou menos 22 mil metros quadrado. galinha, porcos e ovelhas ou carneiros, e alguns plantavam fumo.
Quase todas as nossas necessidades eram
fornecidas por ele, como leite, manteiga, queijo, ovos, carne de ovelha,
pepinos em conserva e uvas.
Com tanta fartura à mão aprendi a fazer
o famoso pão alemão e o mosse doce feito de frutas como goiaba e pêra para passar no pão e degustá-lo.
Fazíamos conserva de quase todas
leguminosas, até de ovo nos aprendemos faze (mas é bom que se saiba e uma
delicia, mas quando destampava o vidro era um mau cheiro tremendo)tudo extraído da horta que nos tínhamos nos fundo da casa, poi sempre gostei de cultivar .
Eu como sempre apaixonado por pescaria
não abria à mão de esta sempre no rio pecando e secando os peixes para comê-los
depois como bacalhau (sem falsa modéstia o faço muito bem).
Morávamos dentro da área da uma reserva
indígena uma área desapropriada pelo Estado para se construir uma barragem a
fim de conter as enchentes do Rio Itajaí que inundava as cidades ribeirinhas
como Blumenau, cidade de 292.972 habitantes (censo do ano 2010).
Blumenau tem um clima subtropical úmido
com temperatura quente entre 16º a 21º-C e esta situada em uma altitude bem
acima do mar.
O acampamento ou vila residencial de Barra Dólmã
onde morávamos está dentro de um imenso pomar onde tínhamos à mão uma variedade
de fruta como mexerica pêra, maça, figo, goiaba, laranja de vários sabores e
caqui.
Tomamos somente sucos, quase não
tomávamos água, alimentávamos de muitas conservas, queijos, ovos caipira, doces
de todo os sabores sem contar os churrasco de carne bovina e ovelhas todos os
dias, impreterivelmente se fazia churrasco na
casa de um dos encarregados colegas de trabalho; e a participação era coletiva,
não havia falha nem um dia sequer.
O que eu sempre ouvia na janela do meu
escritório era:
-Celso, hoje o churrasco é na minha
casa.
Comia-se a fartar, carne temperada
somente com sal grosso e assada na brasa.Tudo regado a regada a chimarrão (o qual
era consumido o dia todo mesmo nas horas de serviço, todos tinha a sua cuia com
chimarrão e uma garrafa de água quente em seu local de trabalho e os famosos
pinhões de araucárias) e pepino em conserva.
As casas de madeira com aquecedor além
do fogão a lenha aquecia o interior, proporcionando um ambiente aconchegante;
ao dormir nos cobríamos com grossos
acolchoados cheio de algodão.
No período do inverno quase não se
enxergavam nada em pouca distancia devido à neblina; é que a região tem muitas
nascentes de água em todos os morros que cerca o vale.
As crianças quando iam para a escola
agasalhavam-se tanto que quase não podiam andar,a escola ficava a mais ou menos uns 50
metros de nossa residência ao lado do supermercado, quando chegava aos sábados
eu sai na porta de casa e gritava:
-Muller! Reserve para mim um contra file
e uma alcatra para o churrasco de amanhã.
Isto é o que consumíamos todo domingo lá
em casa; eu, minha esposa Dilma, minha mãe Déa (mais conhecida como Ritinha) e
maus três filhos Adriana Carla, Renata e Celso Junior, pois aos domingos cada um dos encarregados fazia seu churrasco
separado e não conjuntamente como durante a semana.
Minha Mãe, quando chegou lá, indo de
Governador Valadares-MG nós já morávamos lá já algum tempo em Barra Dólmã..
Quando ela viu nos fundos da casa alguns
engradados de madeira cheio de abobora que eu tinha colhido no mato disse:
-Meu filho, arranje pra mim um tacho
para eu fazer doce, e bastante açúcar.
Eu fui até a cantina (cozinha onde se
fazia as refeições dos funcionários da obra) e apanhei (2) dois
caldeirões, grande e leve para ela, e mandei dois funcionários da construtora com
um caminhão até a mata e trazer bastante lenha para ele.
Como eu já disse anteriormente, gritei
para o Muller para mandar trazer um saco de açúcar cristal para a minha casa.
Mamãe fez umas (10) dez latas grandes de
doce para nós ( latas de querosene); foram tanto doce que quando
viemos embora tivemos a oportunidade de trazer umas quatro latas
cheias, pois alem do doce abobora ela fez doce de figo, goiaba e pêra.
Mas, voltando ao churrasco, certa noite
bateram na porta de minha casa, e eu pensei que pudesse ser algum problema na
obra ( o que acontecia sempre e me chamava
tarde da noite), quando abri a porta(um frio de menos 2º-c), era um dos
encarregados que me disse:
-Celso, o Dr. Francisco esta convidando você
e sua esposa e sua mãe para irem até o pau do meio (nome do quiosque) comer um
cordeiro que esta assando para nos.
Isto
era mais ou menos de 1 a 2 horas da madrugada, e lá fomos nos saborear o
churrasco de ‘borrego’ nome que se da a um cabrito novo no Estado do Rio Grande
do Norte.
E isto era para nos um sacrifício muito grande
amanhecer o dia comendo churrasco e tomando chimarrão (ETA VIDA DIFÍCIL!).
Apesar
de termos tudo isto e muito mais não estávamos fazendo progresso (como ter uma
casa própria, se bem que já tinham em Valadares), mas as crianças não firmavam na
escola, pois quase sempre eu era transferido de uma obra (estado) para outra e
isto atrapalhava o aprendizado delas.
Então
no ano de 1981, oramos a Deus colocando em suas mãos a direção de nossas vidas,
pois iríamos tomar uma decisão que afetaria a minha carreira, pois estava
deixando uma coisa certa por uma incerta e retornamos a Governador Valadares no
Estado de Minas Gerais.
Governador Valadares e uma cidade
pertencente a Micro Região do Vale do Rio Doce, localizada a nordeste da
capital Belo Horizonte no Estado de Minas Gerais, a 320 quilômetros da mesma,
Com uma população de 263.594 de habitantes estatística de 2010 pelo IBGE.
A cidade ocupa uma área de 2348,1 Km² –
Ponto turístico e o Pico da Ibituruna com 1.123 metros de altura sendo um dos
pontos mais altos do leste mineiro é a sede do campeonato mundial de vôu livre e de pedras preciosas bem como de uma pecuária produtiva..
Já foi chamada Em 1734 Arraiais de Porto
de Dom Manoel
Em 1808 Porto das Canoas
Em 1888 Santo Antonio da Figueira
Em 1889 Distrito de Santo Antonio de
Bonsucesso
Em 1923 Figueira
Em l937 Figueira do Rio Doce
Em 30 de Janeiro de l938 definitivamente
passou a ser chamada de Governador Valadares em tributo ao Governador Benedito
Valadares.
Banhada pelas águas do Rio Doce, tem em
sua principal renda a Agropecuária e Pedras Preciosas e o turismo (voltado para
o vôu livre e trilhas do Rio Doce).
Após chegarmos a Valadares e nos
estabelecermos, tomamos a decisão de abrirmos um comercio, e a melhor opção no
momento foi uma lanchonete para podermos atender as pessoas residentes no
bairro onde morávamos (Bairro de Lourdes).
Esta lanchonete após ser montada com
todo o requinte da época proporcionaria aos fregueses saborear vários tipos de
vitaminas, e para isto compramos 8 liquidificadores.
Arranjei o ponto bem próximo a nossa
residência em um ambiente residencial.
Compramos mesas cadeiras, geladeira,
fogão, estufa para conservar alimentos quentes, congelador para os frios, em
fim todo o material necessário para lanchonete.
Realmente foi um sucesso, ia tudo muito
bem em um período de 1 ano e 6 meses, quando foi influenciado por pessoas a
vender bebidas alcoólicas, cigarros e mesa de sinuca e coisas do gênero de bar.
E este foi o meu maior erro, pois a
partir daí começaram a surgir os beberrões que promovia badernas e desordem
afastando as pessoas de bem que ali frequentavam para degustar os sabores das
vitaminas sucos e misto quente que fazíamos com muito zelo e higiene. Nós
preparávamos uns 3 quilos fígado de
galinha cozido no óleo por dia.
Tinha pasteis de massa cozidas
(especialidade de minha esposa), coxinhas, quibes etc.
Mas como eu já tinha dito após
iniciarmos a venda de (produtos viciosos) cigarro, cachaça e cerveja, Deus
retirou a sua boa mão de sobre nosso e
do estabelecimento.
Em pouco tempo começamos a definhar,
perdemos o freguês que nos traziam lucros, em detrimento aos tomadores de
cerveja ( que pedem uma garrafa de cerveja e permanecem por ate 3 horas batendo
papo nas mesas, muitas das vezes até altas horas – sem falar dos que já chega
alcoolizado para perturbar).
Não demorou muito para que começar a
falta de dinheiro e as dificuldades aparecesse, chegando ao fundo do poço.
Mas como dizem ‘HA MALES QUE SÃO PARA O
BEM’ e este foi um, pois a pesar de sermos temente a DEUS, ainda não havíamos
nos comprometido com ele.
Minha esposa e meus filhos começaram a
frequentar a IGREJA PRESBITERIANA FILADÉLFIA – a 2ª Igreja Presbiteriana do
Brasil em Governador Valadares, e eu continuava a dar cabeçadas em postes
permanecendo na direção de um barco furado (antiga lanchonete).
Mas DEUS, tinha um propósito para minha
vida antes mesmo de eu nascer já estava determinado por ele de ser o seu servo
humilde e fiel.
Certo dia apareceu uma pessoa disposta a
comprar o então bar que já não era lanchonete e eu vendi com muito gosto.
Como minha esposa e filhos já estavam
frequentando a igreja foi para lá e comecei a fazer parte da comunidade.
Permanecemos por um bom tempo como
membro da classe de catecúmenos (noviço ou iniciante na fé cristã), até que no
dia 04 de Março de l984 fomos batizados no nome DO PAI DO FILHO E DO ESPIRITO
SANTO, e professamos nossa fé.
E como membros maiores apresentaram os
nossos filhos para serem batizado no nome do PAI DO FILHO E DO ESPIRITO SANTO
pelo nosso querido amigo e irmão em CRISTO Pastor Onésimo Figueiredo.
Passando a partir daí integrar a FAMÍLIA
MAIOR DE JESUS CRISTO, tendo a BÍBLIA como Regra de Fé e Norma de Conduta de
Nossas vidas.
Mas, muitas pessoas poderiam dizer
‘agora esta tudo bem’, mas não foi bem assim, pois, as condições pioraram; pois
o inimigo enfurecido pela perca de 5 membros do seu séquito tentou de todas as
formas nos subjugar, mas nos vestimos a armadura da fé e Por obediência e amor
a CRISTO JESUS, resistimos e ele teve que fugir de nos.
Após alguns anos assumia uma A Classe de
adultos e passei lecionar sobre a palavra de Deus.
A nossa vida a partir do dia em
professamos a nossa fé no SENHOR JESUS
CRISTO, mudou, e nos passamos a fazer o culto domestico, cantando hinos e lendo
as ESCRITURAS SAGRADAS E ORANDO e ensinando os nossos filhos a viverem
diuturnamente uma vida de dependência exclusivamente em Deus.
Parte II
A Viagem para
Local Desconhecido
Passado algum tempo frequentando
assiduamente a Igreja agora como membro maior (comungaste) e conhecendo melhor
os irmãos.
Após algum tempo fiquei sabendo que o
Alvedir Passos Nunes, diácono da igreja trabalhava com pedras preciosas e resolvi
pedir-lhe ajuda no sentido de consegui-me algo para fazer (vender pedras – é
bom que se saiba que eu era totalmente leigo em tal área).
Ao procurá-lo, de pronto ele me disse:
-Vou arranjar algumas pedras para você
vender.
Em tão começamos um dialogo mais aprofundado sobre a minha situação financeira e ele me disse:
-Não! Não eu não vou arranjar as pedras
para você, mas, vou arranjar uma pessoa que irar lavar você para o garimpo que
é melhor; Vá até minha casa hoje ás 13 horas para eu te apresentar a ele; ele é
meu irmão.
No horário que O Alvedir marcou fomos a
sua casa eu e minha família; era domingo.
Ele nos recebeu juntamente com sua
esposa e me apresentou ao seu irmão, Arauto Passos Nunes, mais conhecido como FIFI
no meio dos garimpeiros.
-Celso, este é o
meu irmão que lhe falei e que ira te ajudar
Cumprimentamos uns aos outros, e
conversamos trivialmente sobre a vida em um breve tempo, então o Fifi me disse:
-O meu irmão me contou a sua situação e
eu resolvi ajudá-lo; estou indo para o garimpo amanhã de madrugada, você topa
ir comigo?
A minha resposta era obvia, pois eu
estava precisando de ajuda e não tinha nenhuma perspectiva no momento e
precisava cuidar de minha família, então eu disse:
-Topo.
Ele então disse:
-Mas você nem sabe para onde eu estou
indo e já aceitou?
E Fez um ar de riso.
Ao que eu afirmei com toda a convicção e
necessidade da ajuda.
-Sim! Eu aceitei porque o seu irmão me
disse que você poderia me ajudar, e quem esta precisando de ajuda não questiona
para onde ira já que irei com você.
Então ele me disse:
-Celso, olha! O lugar e longe e muito
difícil de ir e trabalhar e permanecer por lá.
Continuou ele.
-Nós iremos de carro até a cidade de
Marabá, depois alugaremos um avião mono motor até a fazenda de nome ALTO BONITO
que fica dentro da floresta Amazônica.
E prossegui com as explicações.
-Dormiremos ali na fazenda em redes e
levantaremos às 4h00m e teremos que caminhar mais ou menos uns 50 quilômetros a
pé por trilha no meio da mata.
Eu e minha esposa estávamos atentos a
explicação dele como também as pessoas na sala.
-A minha proposta é que você vá comigo e
mais 2 amigos; nós retornaremos, mas você permanecera por lá administrando os
garimpeiros e a produção das pedras, até eu retorna.
Continuou ele:
Você ficara como se fosse meu sócio, quanto
ao seu pagamento depois eu acerto com você.
Concordei com tudo que ele falou, depois
perguntei:
-Fifi! Será que você não poderia me dar algum dinheiro para
deixar com minha esposa? Pois pelo que vejo deverei ficar por mais de 30 dias
por lá.
Então ele me perguntou quanto eu
precisava.
E eu disse:
-Uns Cr$ 250.000,00 (duzentos e
cinqüenta mil cruzeiros) deve dar para ela conciliar as necessidades da casa até
minha volta.
E ele me disse:
-Amanhã antes de sairmos eu te darei o
dinheiro; Olhe! nos vamos sair bem cedo, fique preparado, certo?
Ao que eu respondi de proto.
- Certo.
À noite fomos à igreja para adorar o
nosso Deus, e agradecer-lhe pela bênção que estava nos proporcionando com esta
ajuda dos (2) dois irmãos.
No outro dia bem sedo eles chegaram, Fifi
me apresentou os dois companheiro de viagem.
-Celso! Este é o Lauro mais conhecido
pelo apelido de Coronel, o outro é
Alveir.
Nós os cumprimentamos e ficamos ali
conversando.
O Fifi me entregou o dinheiro e eu
retirei Cr$10.000,00 (dez mil cruzeiros) e coloquei na minha carteira e
entreguei para a minha esposa Cr$240.000,00 (duzentos e quarenta mil cruzeiros)
para as despesas até minha volta do garimpo.
Despedi de Minha esposa e meus filhos e
entramos no carro, um Chevette ano l980 e saímos em direção a Belo Horizonte.
Paramos para almoçar na Barragem de Três
Maria no Rio São Francisco (Distancia de Valadares a Belo Horizonte 320
quilômetros de Belo Horizonte até Três Maria 275 quilômetro perfazendo um total
de 595 quilômetros pela BR 040).
A USINA HIDRELÉTRICA DE TRÊS MARIA foi
inaugurada no Ano de l962, tem uma extensão de 2.700 metros de largura, altura
de 75 metros, sua capacidade de produção é de 376 MW (Mega Wots) de energia,
seu reservatório e de 21 milhões de metros cúbicos de água, foi construída a
2.221 quilômetros da foz do rio, a área alagada é de 1.040 quilômetros quadrado,
esta construída no Estado de Minas Gerais e pertence ao Governo do Estado, é
administrada pela CEMIG – Distribuidora S/A.
Após o almoço prosseguimos viagem
fazendo revezamento na direção do veiculo, enquanto uns dormia o outro dirigia, assim prosseguimos até a Cidade
de Araguaina.
Araguaina – Cidade e município do Estado
de Goiás; superfície 9.672 Km2; população total 10.826; densidade demográfica
1,12 habitante /Km2. População urbana na sede municipal 2.382. Localizam-se na
zona Norte Goiano (Hoje estado do Tocantins).
Permanecemos ali por dois dias, pois o
Fifi residia e tinha seu escritório e negociava com pedras na região.
Nestes dois dias aproveitamos para
comprar redes, coberta, mochila, lanterna e outras coisas que precisaria tanto
na viagem como na minha permanência no garimpo.
Passando este período arrumamos as
bagagens no carro e partimos em direção a Marabá no Estado do Para.
Foi uma viagem difícil, cansativa, pois
a estrada BR=230 não era pavimentada; a transamazônica quase toda arenosa e não
era fácil de controlar o veiculo, pois os pneus afundavam na areia dificultando
a manobra.
Vez ou outra encontra ônibus atolados na
areia precisando de uma ajuda para sair do atoleiro, parávamos e ajudava a
empurrar.
Já tínhamos percorrido uns 200
quilômetros quando um dos pneus furou e tivemos de trocá-lo, paramos o carro e
fizemos a troca, mas ai perdurou a duvida; e se furar outro pneu o que faremos?
Na distancia percorrida não vimos
nenhuma cidade, somente alguns casebres de madeira coberto por folhas de babaçu.
Babaçu– Planta brasileira da família da
palmácea de inúmeras utilidades; suas folhas e talos são aproveitados como
cobertura e revestimento de casebre, o palmito e utilizado como alimentação.
Quando verde o coco levado ao fogo,
produz abundante fumaça que é utilizado na coagulação do leite de seringueira.
Alem de fornecer 65% de óleo comestível de
valor industrial como combustível e lubrificante da massa de seu
interior, a
casca que é muito dura serve como carvão para aquecer água ou fazer comida.
Ficamos preocupados, mas tínhamos que
seguir viagem, e assim o fizemos.
Quando já tínhamos a certeza de não
encontrarmos uma cidade, pois o que se via ao longo da estrada já percorrida
era somente floresta fechada, mas, eis que aparece um pneu escrito rusticamente
(borracharia, e logo a frente um casebre como outros que já tínhamos
encontrado.
Paramos o carro e antes mesmo de
chamarmos apareceu um homem moreno típico dos moradores da região, (moreno
queimado de sol) um (índio), vestido somente com calção, pois o calor na região
é muito forte, e foi logo perguntando.
-O que querem?
O Fifi tomando a dianteira e disse:
-O pneu furou e precisa ser consertado.
Apanhamos o pneu e entregamos ao borracheiro
que entro novamente no casebre e o desmontou; retirando a câmara de ar furada.
O conserto foi rápido, lixou o local,
passou cola, cortou um pedaço de uma borracha apropriada para o remendo colou, e
em seguida colocou dentro do pneu e encheu de ar.
Então eu perguntei:
-Não vai testar para ver se existe outro
furo, ou se não esta vazando?
A resposta foi rápida, rústica e bem
grosseira:
-Não! Aqui não testamos nada.
Então eu insisti
-Mas se estiver vazando e precisarmos
trocar por outro?
Nem bem eu tinha acabado de falar,
surgiram mais três outros homens com enorme facão na mão, dando a entender que
o serviço estava feito e que era preciso somente pagar.
Entendemos o recado e o Fifi que já
tinha conhecimento da região perguntou:
-Quanto é?
-Cr$ 10.000,00 (dez mil cruzeiros).
Foi a resposta.
Olhamos um para o outro estupefato, pois
o preço dado era o preço de um pneu novo, e ele somente remendou uma câmera de
ar!
Mas como protestar? Em um local ermo com
três homens armado e com expressão de violentos, achamos melhor pagar o seguir
viagem.
Existe certo momento que o melhor a fazer
é pagar o preço sem discutir; naquela hora o melhor era agir com bom censo e
prudência apesar de sermos quatro contras (3) três (visíveis!) e ainda existiam
os facões e ele estava no seu habitar em plena floresta amazônica.
O Fifi retirou o dinheiro da carteira
pagou e entramos no carro e fomos embora.
O comentário dentro do carro e que fomos
roubados. e nada podemos fazer; e rimo a
valer.
Após ele incidente, viajamos mais ou menos uns 100 Quilômetros até encontramos
um posto de gasolina (o único em todo o trajeto).
Paramos para abastecemos o carro e
verificamos os pneus e depois nos dirigimos à lanchonete para comermos, pois já
fazia mais de 8 horas sem comer nada.
Na lanchonete perguntamos a umas pessoas
que estava comendo (achamos que fosse o dono do caminhão estacionado na frente
da lanchonete, e era), se Marabá estava muito longe.
-Não! Não esta muito longe, mas vocês
vão gastar mais ou menos umas (5) cinco horas até lá. São somente 120
quilômetros, mas, de uma péssima estrada
de areia.
Agradecemos pagamos a despesa e fomos
embora seguindo viagem, e lá pelas oito horas da noite chegamos a Marabá.
Marabá – cidade e município do Estado do
Amazonas, Brasil; superior a 24.977 Km2; população total 7.206; densidade
demográfica 0,29 habitantes /Km2; População urbana total 717; população urbana
na sede municipal 717. Localiza-se na zona do Solimões - Tefe.
A cidade estava em festa, pois era
carnaval, e a folia era muito grande, o barulho era muito alto com as
batucadas.
Fomos até um hotel, mas, o recepcionista
disse que estava lotado, então nos dirigimos a outro, mas, estava lotado
também.
Como o Fifi não sabia de outro
resolvemos perguntar a um dos foliões onde tinha outro hotel, e a resposta foi:
-Hotel? Olha moço! Vocês não vão
conseguir vaga em nenhum hotel da cidade, pois estão todos cheios; porque você
não procura um Motel; lá tem vaga!
E continuou
-Saiam da cidade. Na entrada da mesma
tem um excelente, muito limpo e o dono é uma pessoa muito boa, vai arranjar
vaga para você.
Ficamos assustados com a sugestão, mas,
ponderando que realmente seria a solução, saímos em busca do mesmo.
O cansaço e o sono estavam falando mais
alto do que o pudor ou a preocupação com o lugar.
Apesar de que motel no exterior é o
hotel ou pousada nossa à beira das rodovias (nos os brasileiros e que
arbitramos contra este lugar como local de prostituição, e o que realmente é).
Então nos dirigimos para lá; o que
realmente nos surpreendeu foi o olhar de surpresa da pessoa que nos atendeu
através de uma abertura na parede (uma espécie de janelinha de venda de
bilheteria).
Os seus olhos arregalaram ao ver quatro
homens procurar um motel. Não é difícil entender a surpresa, pois neste lugar sempre
aparece dois; mas quatro! Era demais!
Ao notarmos a surpresa da pessoa,
descemos do carro e eu falei:
-Não se trata do que você esta pensando,
somos quatro homens, mas é que os hotéis estão superlotados e uma pessoa nos
aconselhou procurarmos um motel, e nos indicou este, será que você não tem uns
dois quartos vagos para passarmos a noite?
A resposta foi imediata:
-Sim, temos sim!
Então abrindo a porta nos franqueou a
entrada para um pátio de onde visualizamos varias entradas fechadas, dando a
entender que se colocava o carro em cada uma e fechava-se a porta para a
privacidade de cada um.
O Fifi eu ficamos em um quarto (suíte) e
o Coronel o Alveir em outro quarto ( suíte).
Entramos na suíte e o proprietário do
motel ( no outro dia e que ficamos sabendo) percebendo a situação nos
conseguiu, dois colchões de solteiro, pois em motel só tem uma cama de casal.
Tudo estava extremamente limpo, roupas
de camas limpas toalhas limpas (por sinal duas talhas, dois sabonetes fechados)
o banheiro limpo e cheirando.
Tomamos banho para relaxar os músculos e
fomos dormir; o Fifi dormiu no colchão de solteiro no chão e eu na cama de
casal.
Quando amanheceu nós arrumamos a bagagem
s saímos para uma sala interna, pois o proprietário tinha nos convidado a tomar
café com ele.
A mesa já estava posta com muitas
coisas, frutas iogurte, leite café pão, bolo e outras coisas da região.
Ele nos disse que quando chegamo-lo ele
se assustou, pois realmente só apareciam casais ou duplas, mas quatro, era
demais.
Rimos de sua simplicidade e espanto, e
conversamos por um longo período enquanto tomávamos o delicioso café.
No meio da conversa ele nos perguntou:
-Vocês estão indos para onde? E estão
vindos de qual a região?
O Fifi que conhecia tudo por lá
respondeu:
-Estamos vindos de Minas Gerais, de Governador
Valadares, e estamos indo para a fazenda do Alto Bonito de propriedade o do Zé
Firmino.
-Estou perguntando por que ontem a noite
não deu para ver a placa do carro, e fiquei com receio de ser um assalto.
Conversamos mais um pouco, e Fifi pediu
a conta, pagou, e nos despedimos e fomos para o aeroporto.
Parte
III
Alto Bonito
Agora eu poderia
disser que iniciava a minha vida de garimpeiro, pois iria para o meio da floresta
amazônica sem saber o que iria acontecer e o que eu iria encontra pela frente,
mas como a minha confiança esta em Deus fui em frente.
Embarcamos em um avião monomotor um
teco-teco de quatro lugares, mas que estavam levando (5) cinco o piloto mais quatro
passageiros.
Estes pilotos estavam acostumados a
levar passageiro para a serra pelada (garimpo de ouro), e fazia esta viagem
despreocupada.
A viagem durou (1) uma hora e cinqüenta
e cinco minutos sobre a floresta, rios e montanhas, acredito eu que percorremos
aproximadamente uns quatrocentos quilômetros em linha reta.
Foi uma viagem longa percorrida em pouco
tempo, então o piloto fez uma manobra e posicionou o avião para pousar.
A pista nada mais erra do que uma faixa
de terreno (pasto) cercada de arvores dos dois lados e por uma cerca de arame
farpado para impedir que o gado invadir a pista.
A pista realmente erra uma nesga de
terra.
Nesga - pequeno pedaço de terra entre
terrenos extensos, pequena poção de qualquer espaço de terra sem arvores vista
de cima.
O piloto como vimos era experiente, pois
manobrou o avião e pouso com segurança apesar dos solavancos e dos buracos na
pista.
Pista - via caminho reservado a
automóveis, bicicletas, cavalos, terreno onde pousa ou decola aviões, parando o
avião bem próximo a casa da sede.
Desembarcamos, e eu fiquei admirando a
propriedade, casa muito boa, curral de arame liso muito bem feito, pastagens
muito bem cuidada, o gado nelore.
Nelore – diz-se de uma raça de gado
bovino originária da província de Nelore (índia), todo branco sem uma mancha ou
pinta.
A mata circundava toda pastagem até onde
podia avistar, a casa da sede fica a poucos passos do rio em um barranco alto
para evitar as enchentes que eram freqüentes na região no inverno.
Inverno - para nos Mineiros, Paulista e
outros do Brasil Central e a época de frio; mas nesta região é a época das
grandes chuvas que caem dia e noite alagando toda a região de baixios, foi o que pude comprovar no período em que
estive por lá.
Cumprimentamos as pessoas que estavam na
fazenda, eram os empregados e o administrador que ali moravam.
O Fifi já os conhecia e perguntou pelo
Zé Firmino e a resposta foi:
-Seu Fifi, ele deve estar em Marabá ou
na outra fazenda, pois já faz alguns dias que não aparece aqui.
O Fifi agradeceu pela resposta e então nos dirigimos a um rancho.
Rancho
– abrigo à beira da estrada, habitação pobre feita de pau a pique e rejuntada
de barro, que ficava a poucos metros da casa principal, onde se hospedavam as
pessoas que vinha para o garimpo.
Imediatamente armamos nossas redes nos
paus fincados no chão para armar as redes.
(Rede
– peça feita de tecido de malha de algodão usada para dormir).
Depois de armarmos as redes e arrumar as
mochilas no chão fomos até o rio tomar um banho para depois ir almoçar.
Almoçamos na sede da fazenda, depois
voltamos ao rancho e tiramos uma soneca.
Eu aproveitei este momento para olhar em
volta a propriedade, pois é a coisa que mais gosto e o interior (mata, rio,
floresta), e eu estava admirando e vendo porque o nome ALTO BONITO.
Então alguém me advertindo com as
seguintes palavras:
-O senhor não se afaste muito da sede
indo para o lado da mata, pois aqui tem muita onça rondando a pastagem em busca
de um bezerro para comer.
Agradeci o aviso e não fui muito longe
fiquei mais próximo da sede observando o rio de águas claras que dava para ver
os vários peixes nadando.
Eram uma variedade de peixes, piranhas,
tabarana, tambaqui, aru-anã, piaus, matrinxã, pirapitinga, pacu, pintado, cachara
e vários outros peixes que não reconheci; e com isto o dia foi passando logo
começou a escurecer.
Quando começou a escurecer iniciaram os
barulhos dos vários pássaros que existem nas grandes florestas, pio de corujas,
dos jacus, dos jaós, da jaçanã, saracuras sete potes e o barulho inconfundível
dos bugios ( nomes de um dos macacos do gênero ALAUATTA, Guariba, Carajá,
animal de grande porte que faz um
barulho enorme parecendo um engenho de moer cana), grilos, sapos etc.
Voltamos até a sede da fazenda jantamos
e fomos dormir com um céu estrelado lindo ao som dos animais noturnos, além dos
berros das vacas mugindo a procura de seus bezerros.
Apesar de não esta acostumado a dormir
em redes, a noite foi ótima, pois os sons noturnos nos embalavam (para mim foi
uma ótima noite).
Levantamos às quatro horas da manhã,
ainda estava escuro, fizemos o café, tomamos e arranjamos as mochilas no burro
junto com alguns mantimentos, e saímos em direção ao garimpo.
De (4) quatro horas e trinta minutos até
as(6) seis horas quando o sol começou a sair andamos na pastagem, e logo após
embrenhamos na floresta.
Caminhamos por trilhas abertas pelos
garimpeiros até as treze horas, onde paramos em uma clareira para fazer o
almoço e descansar um pouco em um rancho improvisados por garimpeiros que
transitavam por ali.
Este local era o ponto de parada dos que
iam para o garimpo denominado água quente (este nome foi dado ao garimpo devido
existir uma nascente de água sulfurosa em uma temperatura de uns 60º-C saindo
de dentro de umas pedras um verdadeiro paraíso para se
tomar banho). Era também para quem fosse para a beira do Rio Madeira que ficava
a mais ou menos uns 10 a 15 quilômetros dali.
Depois de almoçarmos reiniciamos a nossa
jornada, e quando já era mais ou menos (19) dezenove horas chegamos ao pé de um
morro (montanha) a qual tínhamos que subir e descer para chegar ao acampamento.
A noite muito escura nos obrigava a
seguir com as lanternas ligadas, e isto foi muito bom, pois estávamos mais ou
menos no meio da subida quando apareceram três garimpeiros do Fifi que estavam
casando.
Paramos e nos cumprimentamos, e o Fifi nos
apresentou, e logo reiniciamos a subida.
Eu fiquei para traz devido ser o mais
idoso da turma, eu estava mais cansado, os outros mais jovens seguiram em
frente.
Então para a minha surpresa e felicidade
um dos garimpeiros parou e me esperou dizendo:
-Vou ficar com o senhor porque aqui tem
muita onça e é perigoso andar sozinho à noite e ainda mais desarmado.
As providencias de DEUS para com os seus
servos e tão maravilhosa que nos constrange:
“Andarão dois juntos, se não houver entre eles
acordo?” (Amos 3:3).
“Porque, onde estiverem dois ou três reunidos
em meu Nome, ali estou no meio deles” (Mateus 18: 20)
“Chamou Jesus os doze e passou a enviá-los de
dois a dois, dando-lhes autoridade sobre os espíritos imundos” (Marcos 6:7)
E isto acorreu naquele exato momento,
pois o garimpeiro que ficou para trás era um servo do SENHOR JESUS CRISTO.
Começamos a nossa conversa mais ou menos
assim:
-Esta muito longe o acampamento?
Perguntei ao Zacarias (este era o seu
nome), e a sua resposta foi esta:
-Não Senhor! É só acabar de subir e
descer este morro e estarem no acampamento.
Então eu falei:
-Graça a DEUS, que providenciou para que
vocês estivessem aqui, e que você ficasse comigo, pois estou muito cansado, já estamos
andando desde as (4) quatro horas da manhã.
Então ele me perguntou:
-O senhor é Evangélico?
E eu disse:
-Sim! Eu sou um cristão servo do SENHOR
JESUS CRISTO e pertenço a Igreja Presbiteriana Filadélfia - a (2) Igreja
Presbiteriana do Brasil em Governador Valadares – Minas Gerais
Então ele me disse:
-Eu também sou. Sou da Igreja Assembléia
de Deus em Araguaina- Goiás.
E isto foi para mim (e acredito que
também para ele) foi motivo de grande alegria.
Nos nós confraternizamos ali mesmo (E durante toda a
minha estada no garimpo líamos Bíblia e orávamos sempre junto).
Ele tinha um irmão que também era
evangélico, e isto foi um refrigério na minha alma, porque não haveria solidão
ali no garimpo.
Parte IV
O acampamento
dos Garimpeiros
Acabamos de subir e viramos para o outro
lado em plena escuridão guiado pelo Zacarias que conhecia bem a trilha e chegamos
ao acampamento que seria meu lar por um
bom tempo.
Ao chegar fui apresentado a todos pelo Fifi
que já estava ali juntamente com o Coronel e o Alveir.
Logo prepararam algo para comermos,
enquanto, isto ficamos conversando sobre o local, não dava para ver nada devido
a escuridão.
Comemos o que prepararam para nos,
cuscuz (Massa de farinha de milho, ou de arroz, ou de tapioca, e coco ralado,
assado na grelha) e café.
Logo após jantarmos nos preparamos para dormir.
Armei a minha rede ao lado do Fifi, e
quando ia me deitar chegou o Coronel tentando armando a sua rede no meio das nossas.
Então eu protestei, pois ficou muito
junto.
-O que é isto Coronel? Com tanto espaço
na barraca você vem colocar sua rede bem junto a nossa!
Então ele rindo muito como é o seu
costume disse:
-O pessoal disse que as onças chegam até
o acampamento, e se ela vir vai comer você ou o Fifi primeiro, eu não vou tirar
minha rede daqui.
Isto provocou uma risada geral dentro
das barracas, pois elas ficavam interligadas bem próxima umas das outras e
todos ouviram sua declaração.
Amigo leitor, dormir em rede não é fácil,
principalmente para quem nunca tinha experimentado este ( conforto) digo isto
porque me acostumei e realmente é muito gostoso dormir com o seu balanço; hoje
tiro de letra, pois com minhas andanças pelos garimpos neste Brasil sempre
dormir em redes e é realmente confortável.
Não lia bíblia pois era muito difícil
com a luz lamparina, mas orei ao SENHOR agradeci pela viagem e pedi para ele
continuar a proteger minha família em Governador Valadares.
Levantei no outro dia com o corpo todo
dolorido, pois era a segunda noite (dormindo??) na rede, além da viagem a pé,
longa e difícil para quem não estava acostumado.
Levantei peguei a escova e a toalha e
fui lavar o rosto na bica que ficava a alguns metros das barracas, onde já
estavam vários homens fazendo a sua higiene matinal, cumprimentei a todos com
um bom dia e esperei minha vez.
Após fazer isto apanhei minha Bíblia fiz
o culto matinal e fui tomar café com o cuscuz que o cozinheiro tinha preparado,
(do cozinheiro falarei depois; aguardem-me.)
Após o café o Fifi reunião os garimpeiro
e me apresentou como seu outro sócio, e que eu iria ficar responsável pelo
acampamento e pelo serviço de extração das pedras, e era para que todos me procurar em qualquer duvida.
Depois disto fui apresentado aos outros
donos de garimpos que tinha suas turmas trabalhando no garimpo, foram muito
simpáticos comigo e atamos uma amizade que perdurou até depois que eu tinha
vinda embora para Governador Valadares.
Termina as apresentações subimos o morro
e fomos ver as frentes de serviços, as catas (escavação para mineração) de onde
retiravam as pedras.
Olhamos uma por uma, era umas doze ou
mais onde os garimpeiros trabalham em dupla devido o perigo de um ataque de
onça, e ficava sempre alerta com a espingarda bem ao alcance da mão.
Fiquei sabendo da localização de cada
uma, pois a partir daí eu seria o responsável tanto pela extração com vigiar os
homens contra o perigo que poderia ocorre.
Além de onças, tinha também o porco do
mato (nome de duas espécies nativas de porco selvagem; o mesmo que caititu e
queixada) que são mais perigosos que a
onça.
A pintada mesmo não enfrenta a manada
que geralmente são de trinta até cem porcos comandados por uma fêmea e tinha
também as cobras.
Após esta inspeção voltamos ao
acampamento deixando os homens trabalhar na extração da ametista.
Parte V
A pedra AMETISTA
Ametista (pedra semipreciosa, de cor
violeta, variedade de quartzo) e uma pedra fascinante devido sua cor e brilho
(sou apaixonado por esta pedra),
O Fifi examinou as pedras, já retirada
que se encontrava com o seu sócio de apelido ‘Baiano’ (in memória).
Alguns meses após eu sair do garimpo, o
baiano fretou um avião no Alto Bonito e colocou muitos sacos de pedras no interior
do mesmo, assim procederam aos outras dois que estava com ele.
Quando o avião tentou levantar vou e
subir não agüentou e precipitou-se no rio, e com isto o baiano ficou preso
dentro do mesmo morrendo afogado.
Voltando as pedras o Fifi colocou algumas fora
da barraca e começou a martelar (bater com o martelo apropriado na parte que
não servia, até fica uma gema apurada).
Passamos o dia nesta atividade, Fifi,
Coronel e Alveir martelando e eu e o Baiano observando, muito mais eu, pois
queria aprender e estava curioso com o processo da apuração da gema.
Após ser martelada a pedra mostra toda a
sua beleza, pronta para ser serrada e dar a forma desejada em rebolo de Esmeril
(rocha natural que contem cristais de alumínio de grande dureza e cujo pó e
utilizado como abrasivo – pedra de desbastar ou polir.
Estava pronta e ser levada para mesa de corte das facetas e
a lapidação (polimento).
À tarde estavam todas martelas; uns
quarenta quilos de gemas puras prontas para embarcar para a cidade,
possivelmente Governador Valadares, pois era o pólo de vendas de tais produtos.
Ás 16 horas e 40 minutos os garimpeiros
começaram a chegar ao acampamento trazendo as pedras extraídas no dia, cada um
colocava junto a sua rede o resultado do trabalho árduo durante o dia.
A partir daí iniciava-se a luta para se
tomar banho.
A bica era somente uma e a água pouca e
fria.
Formavam-se filas, uns molhavam o corpo
e ia se ensaboando enquanto outros que já o fizera retiravam o sabão, O
Pessoal que utilizavam a referida bica
era aproximadamente uns 180 homens.
Havia uma harmonia muito grande entre o pessoal do Fifi e das outras 3 turmas.
Após o banho os garimpeiros do Fifi se
reunião nos barracos aguardando a chamada do cozinho para jantar.
Mas voltando a Pedro Ametista, esta era
uma pedra de cor violeta como já tinha dito; e se encontra fixada nos paredões
de rocha cristalina (quartzo de cristal).
Exige-se
muita força e destreza para retira sem quebrar, pois elas dão em cachos (fixas
umas as outras) ou pontas em forma de pirâmides na terra solta.
Tem até mesmo bolas fechadas de quartzo
muito dura que precisa ser quebrada ou serrada com serra especial, diamantada
para se ver o interior.
A produção variava conforme a cata que
se abria se na rocha era menos produtiva, se na terra solta era uma produção
muito maior em torno de 3 a 5 toneladas mês ou até mais dependendo do
garimpeiro.
Não era preciso utilização de explosivos
como em outros garimpos somente picareta e pás e força de vontade.
Parte VI
A organização do
Acampamento
Muito se fala de
acampamento; e, de acampamento férias, acampamento a beira praia, acampamento
de verão todos com certo conforto.
O acampamento de garimpeiro consiste de
uma cobertura de lona ou de folhas de buriti embaixo geralmente de uma arvore
para amenizar o calor do sol.
Para que se faça uma barraca e
necessário ficar os quatro ou mais Paulo para colocar os travessões onde se
estende uma lona a fim de evitar uma chuva, mas no caso de garimpo é necessário
fincar mais paus para se colocar as redes (amarrar) pois esta é a cama do
garimpeiro, uma rede estreita e com um comprimento de 2 metros fora as cordas
de sustentação.
Esta barraca não tem paredes, mas, em
certo lugar é necessário fazer uma cerca de pau roliço afim de não entrar algum
animal ou até mesmo a pintada (onça).
No acampamento tem um código de honra
(acredito eu que ainda haja), todos respeitam a privacidade do companheiro e os
seus pertences; e eu mesmo pude comprovar isto, pois levava dinheiro em espécie
(dinheiro vivo) para os garimpos e deixava em minha mochila e nunca desapareceu
um centavo, e ele sabia que tinha dinheiro nas mochilas pois eu comprava e
pagava na hora retirando o dinheiro da mesma.
Pessoa alguma sentava em sua rede, cada
um utilizava a sua ou assentava em pedaço de madeira pedra ou banco que era
feito com troncos de arvores.
O fogão é rudimentar, feito de pedra e
barro sobre uma plataforma de madeira e sobre ele colocava uma trempe de ferro com os buracos para as panelas.
Às panelas (pretas) era enorme devido o
numero de pessoas que alimenta (dependendo da produção e necessidade de mão de
obra especializada ou não) tinha no garimpo do Fifi (48) garimpeiros sem contar
o cozinheiro, e neste caso eu.
Ante de faze uma acampamento abria-se uma clareira (cortava as arvores menores e
rasteira deixando uma área limpa) no meio da floresta ou mata (que é a mesma
coisa), e este acampamento era em plena floresta amazônica.
É necessária a escolha do local com
muita cautela.
Longe de locais que podem ser inundado
na época de chuvas intensas; (que é o caso do local que estávamos), fora de
lugar muito acidentado, a beira de um rio ou córrego, ou uma nascente que é o
nosso caso.
A floresta oferece abrigo em tempo de
forte ventos sol intenso e combustível para os fogões, alem de frutas
silvestres que é abundante, mel de abelha, açaí (Açaí –palmeira da Amazônia,de
cujo fruto se faz refresco) o que é nativo na região e muito utiliza (para se
estrais a polpa de açaí, me foi ensinado por um nativo de nome Ederaldo que
fazia parte da nossa turma, do qual tornei-me muito amigo já que tenho dos dois
lados paterno sangue de índio (bugre) da etnia CRENAQUE E MACHACALIS).
O Fifi, Coronel e Alveir ficaram mais ou
menos uns (2) dois dias no acampamento
apurando as pedras para poder pagar os garimpeiros (que ganhava porcentagem
sobre o que produzia).
Antes de parti o Baiano sócio do Fifi,
me entregou uma espingarda de calibre 12 e vários cartuchos e um facão e me
disse:
-Quando você sai do acampamento para
fiscalizar as bocas (catas), não deixe a espingarda nem o facão, pois as onças
ficam sempre de tocais nas trilhas que os garimpeiros passam.
Após a partida deles o acampamento ficou
sob minha responsabilidade e eu deveria agir como dono (sócio) do Fifi e cuidar
de tudo.
Comecei então a observar as condições do
acampamento, e a disposição das coisas, como por, exemplo os alimentos, os
sacos estava no chão, farinha, feijão, arroz, açúcar, milharina (fubá de milho
pré-cozido) para o cuscuz, olho e o querosene bem junto a tudo.
Olhando isto, achei um absurdo, e quando
os garimpeiros chegaram à tarde eu determinei que aos sábados só trabalhassem
até o meio dia, para organizar aquela bagunça.
Fizemos um fogão, pois o cozinheiro
estava cozinhando sobre umas pedras no chão.
Fizemos um local fechado de pau a pique
com um estaleiro (uma espécie de mesa) e colocamos os sacos dos alimentos sobre
ele.
Aproveitamos e fizemos outro local
fechado para guardas as pedras retidas, cada saco pertencente a seu dono ficava
ali guardado.
Limpamos em volta das barracas, e
determinei que as necessidades fisiológicas só pudessem ser feitas a 100 metros
abaixo da nascente de água, o que não estava sendo observado, e assim colocando
ordem em todo o acampamento (toda a arrumação teve a aquiescência dos outros
dois donos dos garimpos).
Aproveitando que os outros donos do
garimpo que tinham barracas ali me darão carta branca para agir em seu nome; determinei
que não pudesse ter jogo de baralho, bebidas de espécie nenhuma, pois isto gera
sempre confusão (inclusive mulher no acampamento).
No período que eu estive no controle de
tudo não houve nenhuma desavença (após a minha saída menos de 1 mês tinha
bebida mulher e jogo, e não tardou para mataram um garimpeiro em uma discussão de
jogo).
O acampamento ficou uma beleza depois de
limpo e organizado.
Mais
higiênico e pratico aproveitando isto foi a vez de resolvermos a situação do
cozinheiro (você se lembra que falaria dele depois, agora chegado a hora).
Ele se chama Manoel, e era sábado e
todos estavam reunidos após a limpeza do acampamento, então chamei o Manoel:
-Manoel venha aqui um pouco.
Falei bem alto para todos ouviram, e ele
veio, então eu lhe perguntei;
-Manoel quanto tempo você esta aqui
cozinhando para o pessoal.
- Senhor Celso, eu acho que já faz uns 6
meses que estou aqui cozinhando para a turma do Fifi.
Então lhe perguntei:
- Quantos banhos você tomou neste
período?
A risada foi geral no acampamento, pois
já tinha me dito que ele não tomava banho desde o dia que chegou.
-Nenhum! Pois a água e muito fria e faz
a gente passar mal.
A risada foi ainda maior, pois neste
momento estava todo o pessoal reunido ouvido nossa conversa.
-Manoel! Hoje você vai tomar banho nem
que seja preciso a gente pegar você a
força.
- Há não! Eu não vou tomar banho de
jeito nenhum! Prefiro que o senhor me mande embora, mas banho eu não tomo.
Então eu que estava assentado ao pé da
castanheira, apanhei a espingarda e voltei à arma para o lado dele e disse( se
bem que ela estava vazia, mas ele não sabia):
-Tire a roupa agora.
Ele olhou os dois canos negros apontados
em sua direção e começou a retirar a roupa, primeiro à camisa mostrando as
marca da sujeira, depois as calça e parou.
-Tire também o calção.
Disse eu.
E ele retirou, e eu apanhei uma meia
barra de sabão e lhe disse:
-Você só vai sair da bica quando este
sabão acabar.
Em seguida gritei para a turma:
-Queime a roupa dele.
Eles rindo jogaram fogo sobre a roupa, e
estas incendiou como se tivesse jogado gasolina nelas, pois estava ensebado de tanto
o uso em volta do fogão e ficar no copo durante 180 dias ou mais.
E lá foi ele para a bica, ficando ali
mais ou menos 1 hora ensaboando e lavando, ensaboando e lavando enquanto a
turma caia na gargalhada, quando estava quase limpo dei lhe um sabonete para
completar a limpeza.
Quando ele sai da água estava branco
como leite, entregue a ele uma toalha e ele enxugou e foi para o barraco vestir
uma roupa.
A partir deste dia eu ficava vendo se
ele tomava banho toda a tarde.
Certo dia o Ederaldo me chamou para ir
pescar em um rio que passava a uns 10 quilômetros do acampamento:
-Senhor Celso, vamos pescar em um rio
que passa a uns 10 quilômetros daqui, lá tem muito peixe.
Como sou um pescado veterano e
apaixonado por pescaria aceitei de imediato e disse:
-Vamos sim Ederaldo, domingo nos iremos.
No domingo ainda com escuro saímos do
acampamento para ir pescar, ele levava um (remanchín- nome dado por eles a uma
espécie de cesta trançada com cipó onde eles colocam seu utensílio).
Ele colocou dentro desta cesta uma lata
grande além de sal, farinha puba (a mandioca posta na água até amolecer e
fermentar, depois é triturada e colocada para secar no sol) açúcar,
fósforo e um facão à cintura.
Eu levei a espingarda, cartuchos extras
e um facão na cintura e disposição para andar 20 quilômetros, o que realmente
fizemos foi quase corre em todo o percurso de ida e na volta.
Agora é que entra a historia do açaí,
quando nós fomos eu matei um enorme jacu com um tiro e nos o levamos e comemos
na beirada do rio assado na brasa.
Na volta encontramos vários pés de açaí
com os frutos pretinho; sinal que estavam maduros, e o Ederaldo me disseram:
-Vamos comer um pouco de açaí e depois levar
para o acampamento.
Eu na minha pouca experiência (ou quase
nenhuma em matas como aquela) fiquei
imaginando como colher o cacho do açaí, já que o mesmo estava a uma altura de
mais de (6) seis metros do chão.
Ai entra a experiência do nativo ou
pessoas que vivem na roca, matas ou floresta (no interior).
Ederaldo, simplesmente foi até um pé de
açaí pequeno, cortou uma folha trançou uma espécie de corda fazendo um elo,
colocou os pés dentro e foi subindo aos pulinhos até chegar ao cacho maduro.
Cortou um, penduro na cintura, passou
para o outro pé sem descer, apenas puxando pela folha encostou-o ao outro e
mudou de coqueiro, cortou mais dois cachos e desceu.
Então me disse:
-Agora enquanto o senhor faz uma
fogueira vou buscar um pouco de água em uma nascente que vi logo ali.
Em poucos minutos volto com a lata quase
cheia de água e colocou sobre a fogueira até a água ferver.
Quando a água ferveu, ele colocou os
coquinhos do açaí que ele mesmo já tinha despencado e colocado em uma espécie
de balaio que tinha trançado com uma rapidez impressionante de folha de açaí.
Retirou a lata do fogo, deixou esfriar
um pouco, introduziu as mãos dentro da lata e esfregando os coquinhos extraiu
sua polpa e misturado a água.
Apanhou uma cuia (que eu não tinha visto
colocar no remanchinho e uma colher) derramou um pouco do mingau na cuia
colocou açúcar e farinha puba e me deu perguntando:
- O senhor já comeu açaí?
E eu respondi;
-Não! Nunca tinha nem visto nem o fruto
quanto mais comer!
Então ele me disse:
-Este é um alimento muito forte e
nutritivo. Uma cuia desta alimenta uma pessoa por um dia; é muito usado por
todos os mateiros (diz-se de pessoa que moram e vivem nas matas, seringueiros,
catadores de babaçu, exploradores de terra) e os índios da floresta em suas
andanças pela floresta.
Eu sempre admirei (e vou continuar a
admirar) as pessoas que vivem e sobrevivem com a menor condição de se alimentar.
em que nenhuma pessoa que tem todo o conforto da cidade, duraria mais que um ou
dois dias sem ajuda dos nativos da terra.
Acabamos de comer, e ele colocou o
restante dos frutos retirado dentro da lata, e reiniciamos a nossa volta ao
acampamento.
Parte
VII
Garimpo da água
quente
Todos os garimpos que passei
administrando ou comprando pedra tinha um nome que destaca de outros.
E este não era diferente, o seu nome
ficou conhecido como o garimpo da água quente.
Como eu já tinha determinado que não se trabalhasse
aos sábado após o meio dia, tinha que arranjar algo para a turma fazer, e foi
ai que alguém me disse:
-Senhor Celso, Tem um lugar a uns 1000
Metros daqui que tem uma água muito quente, porque não vamos lá tomar banho e
lavar as roupas.
Aceitei a sugestão e a parti daí
passamos ir todos os sábados para lá, e ficávamos o resto do dia tomando banho
e lavando a roupa, era uma maravilha, a água saia de dentro de uma rocha em uma
temperatura de mais de 60º-C, precisava tomar cuidado para não queimar.
Como a outras turmas ia com a gente,
fizemos uma piscina de pedra com areia e ali nos ficávamos de molho por horas a
fio.
Toma banho bebia a água que parecia
sulfurosa limpando os órgãos internos deixando limpo por fora e por dentro,
fazia a barba etc.
Depois que eu saio do garimpo dissera-me
que escavaram na proximidade da água quente e tiraram as melhores pedras já
encontradas na região.
Parte VIII
Vestígio da Onça
Pintada
Certo dia sai como de costume para
vistorias as catas, e ver como estava indo o trabalho dos garimpeiros, e um
deles me chamando e me mostrou algo que me deixou de cabelo em pé.
-Senhor Celso, veja onde a onça afiou as
unhas neste troco.
Cheguei perto e vi as marca das unhas, e
colocando-me junto ao troco tentei colocar a mão no local que tinha ela
iniciado as ranhuras na arvore, mas não dei altura, apesar dos meu 1.75 metros
mais o braço estica ainda assim não deu.
Fiquei imaginando enfrentar cara a cara
um animal deste porte mais de (2) dois metros de comprimento pesando uns 80 a
100 quilos e mais a ferocidade do animal, seria impossível dominar tal ferra.
Certo dia apareceu no acampamento um
homem querendo falar com o responsável ou dono do garimpo, e ele me chamaram.
-Boa tarde, é o senhor o responsável
pelo garimpo? Meu nome e Lucio
- Boa tarde! Sim! Sou eu, em que posso
ser util.
Então ele me disse que morava
aproximadamente uns 2 a 3 quilometro dentro da mata e que criava porcos; e que
tinha duas onças rondando pela região, e ele tinha matado uma terceira e que as
outras tinha escapado levando um dos porcos que ele criava.
-Avise para o seu pessoal nunca sai
sozinho e nem desarmado, pois as bichas estão caçando nesta região e são
grandes e muitos ferros, e atacam mesmo não respeita nada.
Agradeci o aviso e ele despedindo foi
embora.
Passado alguns dias pude comprovar esta
verdade, não que tivesse sido atacado, não! Não e isto.
O garimpeiro e um homem que trabalha
duro na extração de minérios; no caso a ametista.
E por isto precisa alimentar-se muito
bem, e a base de uma alimentação neste caso e a carne, muita proteína, e tinha
acabado o estoque no acampamento, pois as caça estava se afastando e ficava
difícil conseguir carne.
Eu tinha separado dois homens para ficar
somente por conta de caçar, mas estava muito difícil encontrar animal grande
como o veado, anta, paca e outros de maior porte, afinal eram 48 garimpeiros
mais eu e o cozinheiro perfazendo um total de 50 bocas para alimentar.
Então resolvi procurar o Zé Firmino,
pois ele tinha do outro lado do morro o seu acampamento porque extraia as
pedras em sua propriedade memo.
Apanhei a espingarda coloquei o facão na
cintura coloquei no bolso alguns cartuchos de reserva e lá fui eu para o outro
lado.
Chegando lá encontrei o Zé Firmino na
rede descansando de ficar sem fazer nada (você já viu quem possui duas fazendas
enormes cheia de bois, tem garimpo rico como o da ametista e ainda cobra
porcentagem das pedras que sai do garimpo, tem avião particular para visitar as
fazendas, precisar trabalhar? O negocio é ficar na rede).
- Olá Zé, tudo bem.
Eu já o conhecia, pois um dia ele
apareceu no nosso acampamento procurando pelo Fifi e um dos garimpeiros me
apresentou a ele.
- Oi Celso! Entre e sente, venha tomar
um café.
O Zé Firmino era destas pessoas
tranqüilas, muito calmas, um homem muito alto (com aparência do Sergio Reis).
Levantou da rede me cumprimentou e
mandou que nos servisse um café.
O cozinheiro apanhou dois copos e nos
serviu um café forte e doce, muito gostoso.
Tomamos o café e batemos um papo sobre
coisas trivial e sobre o garimpo, como ia a produção, então eu aproveitando
disse-lhe:
-Zé! Estou precisando de carne para meus
garimpeiros; como você sabe são 48 bocas
para alimentar mais eu e o cozinheiro e não tem carne que da, e, a caça esta ficando
cada dia mais difícil, será que você não me vende uma vaca lá da fazenda para
eu alimentar esta turma até o Fifi chegar?
Então disse:
-É verdade! Eu também estou com este problema
apesar de que a minha turma e menos da metade da sua.
E me disse:
-Você pode ir a fazenda e procurar meu
administrador, o Moreira, e falar com ele para reunir o gado solteiro,
(solteiro vacas sem bezerro ou novilhas)
e você escolhe o que quiser, você manda na fazenda, fique a vontade, inclusive o
mande ele destrancar o meu quarto para você dormir.
Agradeci, e lhe disse:
- Zé, eu não tenho dinheiro, mas quando
o Fifi chegar ele acerta com você, ele deve vir daqui uns 20 dias.
-Celso, como eu já te disse, você manda,
não tem problema nenhum.
Eu despedi dele e retornei ao nosso
acampamento do outro lado do morro.
Eu agradeço a DEUS, pois pelo pouco
tempo que eu estava no comando do acampamento todos me respeitavam.
Eu tratava a todos com educação, respeito
e era organizado em todas as áreas do garimpo, e com isto os outros donos de
garimpo haviam me colocado como o capataz de todos, nada entrava ou saia sem
minha permissão ou mesmo fazer alguma coisa.
Sendo um acampamento só de homens, havia
necessidade de certos divertimentos nas horas de ociosidade (sábado após o meio
dia e domingo),
Mas eu proibi definitivamente o jogo de
baralho que só traz aborrecimento bebidas em hipótese nenhuma, quando alguém
chegava de fora tinha que ser revistado, sua bagagem passava pelo nosso crivo,
Quando era encontrados bebida ou baralho
chamava o seu patrão e este derramava a bebida no chão, e se fosse baralho era
queimado. Mulher? Nem se fala não podia nem mencionar o trazer para o garimpo.
Enquanto eu estive no comando não houve
nenhuma discussão, briga, ou qualquer bate boca, mas após a minha saída não
passou 30 dias e já tinha mulher, bebida, jogo e até matar um garimpeiro tinha
acontecido.
Houve um fato até inédito, pois eu agia
como se fosse um XERIFE do velho oeste americano, todos me procuravam para saber
o que fazer oi minha opinião.
Certo
dia pareceu um homem que procurava serviço (um furão, como era conhecido
pessoas que vivia a procura de minério e não se estabelece).
Ao ser revistado encontrarão 2 litros de
pinga (cachaça).
Quando perguntado de onde ele tinha
trazido, ele respondeu que tinha vindo da beirada do rio e que tinha um caminhão vindo de Marabá cheio de cachaça.
Marabá estava a mais de 400 quilômetros do
acampamento e não tinha estrada era preciso fazer picada para passar o
caminhão.
-Eu comprei na beira do rio madeira.
E continuou:
-O comerciante que esta com uma carga de
bebidas, tem varias mulheres para vir para este garimpo.
Ouvindo isto, chamei os donos dos
garimpos e fomos procuramos o Zé Firmino
para saber se ele tinha dado autorização para tal homem.
-Não Celso, eu desconheço isto, e tenho
aversão a bebida e prostituta.
Então decidimos mandar 2 homens mais
velhos e responsáveis para destruir a carga e expulsar as mulheres de volta à
Marabá (tinha que ser pessoa idosa e responsável, pois garimpeiro gosta mui de
‘me’, gíria em torno da cachaça).
Mandar gente nova era arriscar eles se
envolverem com a bebida e mulher e não agir conforme nossas ordens que era
quebrar tudo por fogo e expulsar as mulheres e o homem da região do rio
madeira.
Você que estará lendo este livro pode
pensar que estava agindo arbitrariamente; mas em uma região de mata fechada sem
lei.
A lei era do mais forte (ou como se
dizia, se alguém estiver muito doente da um tiro nele e o enterre) era a coisa
mais simples que achava na região.
O rio madeira fica a aproximadamente 385
ou 390 quilômetros de Marabá dentro da floresta.
Não havia estrada, somente picadas
(trilhas aberta com facão) e o único transporte era através do rio, uns 5 a 6
dias de viagem, enfrentando as cachoeiras ou de avião uns 00h50m ou 00h60m ( só
que na região não tem campo de pouso nem igual ao da fazenda do alto bonito).
Enviamos os 2 homens e ficamos
aguardando seu retorno com as noticias.
Após 6 dias e 3 noites eles apareceram
no acampamento, com as noticias.
-O caboclo tinha feito uma picada com
moto serra e trousse a bebida e as mulheres em uma caminhonete, ele disse que
demoraram mais de 60 dias para chegar até o rio madeira, que iria contratar uma
tropa de mula para trazer a bebida e as mulheres para este acampamento.
Então nos perguntamos o que ele fizerem.
-Nos cumprimos a ordem que o senhor nos
deu, quebramos tudo e colocamos fogo e expulsamos o caboclo e as mulheres.
-E ele não reagiu.
Perguntou o Honório um dos donos do
garimpo.
-Ele tentou apanhar sua espingarda, mas
nos não deixamos, e ele disse que ira até Marabá denunciar que este garimpo esta
matando gente e enterrando; e que nos batemos nele e quebramos todo o seu
estoque de mercadoria e roubando o seu dinheiro.
De fato o homem fez isto, pois certo dia
(o dia que fui a fazenda buscar a vaca, ainda vou contar esta parte) apareceu 2
helicóptero sobrevoando o acampamento e dele desceu uns 20 soldados do exércitos
e cercaram o acampamento, enquanto um tenente mandou revistar os barracos e
apanhar as armas de fogo.
O tenente então perguntou que era o
responsável pelo garimpo, a resposta é que eu estava para a fazenda do alto
bonito, mas tinha ficado o Mariano em meu lugar e que era um dos donos e líder
também no acampamento.
Chamaram o Mariano, e o tenente lhe
perguntou;
-Quantas pessoas já foram mortas no garimpo, pois recebemos a denunciado
que aqui se matava por qualquer coisa, por uma discussão de jogo ou mulher ou
cachaça.
O Mariano então argumentou que no
acampamento era proibido: mulheres, bebida e jogos, e, que não havia briga e que
nunca ninguém tinha sido morto no acampamento.
Disse mais, que as armas que tinha era
somente espingarda para a proteção dos garimpeiros e para caçar.
Eu fiquei sabendo que o Mariano
argumentou com o tenente da seguinte forma:
-Senhor tenente, se a denuncia e
verdadeira como nos mandamos os homens destruir a bebida e expulsar as mulheres
novamente para Marabá?
Diante de tal argumento, e vendo que não
existia, bebida, baralho e nem mulher após a revista dos barracos, o tenente
mandou deixar as armas e foram embora, Ito foi o que me falaram quando voltei.
Mas voltemos ao assunto da carne de vaca
que eu iria buscar na fazenda.
Então eu me despedi do Zé Firmino e voltei
ao nosso acampamento, fale com o Honório que eu eia a fazenda buscar uma vaca
para o meu pessoal, e ele me disse:
-Celso, eu tenho umas pedras para mandar
para Araguaina pelo avião, vou aproveita e ir com você.
Acertamos que sairíamos no outro dia ás
4 horas da manhã, eu, ele dois dos seus garimpeiros com as pedras e dois dos
meus para traze a carne.
No outro dia saímos no horário
combinado, à noite estava escura e o Céu estrelado, junto conosco foi uma
cachorrinha de um dos garimpeiros.
Quando saímos da clareira e entramos na
floresta fechada ficou mais escuro ainda, já tinham caminhado mais ou menos
umas 2 horas quando a cachorrinha começou a chorar e entrar entre nossas pernas
dificultando o caminhar.
Então o Honório disse;
-Celso! As onças estão por perto, vamos
modificar o andar, vamos a fila indiana.
Mudei então, Eu como estava com a
espingarda ia à frente, os (4) quatro garimpeiros entremeado, (1) um com os
sacos de pedras na cabeça e outro com a
espingarda, em seguida outro com o saco de pedras na cabeça e o outro com a
espingarda e fechando a fila o Honório que estava com os seu dois inseparáveis
revolveres.
Todos com as lanternas acesa clareando o
mato em volta e à frente.
A cachorrinha estava desesperada, só
parou de ganir quando alcançamos a clareira onde paramos para descansar,após umas 3 horas de caminhada.
O dia já estava claro quando paramos
para tomar um café, para depois retornarmos a marcha.
Daí para à frente era mais cômodo a
picada era mais larga e durante o dia não havia muito perigo.
Chegamos à fazenda mais ou menos umas 5
horas da tarde.
Conversei com o administrador
transmitindo as ordens do Zé Firmino, e ele me disse que no outro dia iria
juntar o gado para eu escolher o que eu queria.
Pedimos então que a mulher que estava na
casa fizesse uma galinha para nos comermos com arroz; então ela disse que iria fazer
mar que iria custar Cr$ 10.000,00 ( Dez mil cruzeiros) o pedaço.
Estranhamos tal atitude, mas, não
discutimos jantamos pagamos cada um os dez mil cruzeiros o pedaço que comemos,
fomos dormir.
Eu dormi no quarto do Zé Firmino, e os
outros foram dormir no rancho nas redes.
Levantamos cedo, o Honório retornou ao
garimpo com um de seus garimpeiros e eu fui tomar café com leite e
cuscuz de milho, quando estava quase terminando o administrador chegou e
disse que o gado já estava no curral.
Apanhei um laço de couro fino e bom de
bolear e entrei no meio do gado para escolher uma que me servisse, pois teria
que ser uma rés gorda e bem grande.
Escolhi uma vaca de mais ou menos 20 a 22
arrobas (arroba- peso de 15 quilos) 300 a 330 quilos; lacei a mesma e passei o
laço em um mourão (pau finca do meio do curra para amarrar rés, E os vaqueiros
foram tocando o gado e ela foi aproximando do mourão até encostar a cabeça.
Não foi uma tarefa fácil, pois a vaca
além do peso era muito brava e exigia muita força então amarrei a corda na
cerca e eles soltaram o resto do gado para o pasto.
Matei a vaca, terei o coro e levamos a
carcaça para um galpão e dependurando-a por parte para descarna (retirar a
carne dos ossos).
Já estava bem adiantado o serviço quando
apareceu o Lucio apareceu na entrada do galpão e nos cumprimentou.
-Bom dia para todos.
-Bom dia.
Respondemos todos nos.
-Senhor Celso, você tiveram algum
problema com a onça?
-Não Lucio! Somente que a cachorrinha de
um dos garimpeiros do Honório ganiu muito e deduzimos que deveria ser a onça
pelo que o Honório disse, e nos prevenimos, mas nada aconteceu.
Ai ele falou novamente:
-Quando você voltarem veja o estrago que
fizeram ao longo da trilha, quebraram Paulo, arranharem arvores defecar e
urinou para todos os lados, demonstrando uma fúria incontida, elas queria comer
a cachorra ou alguém de você, só não atacou porque viram vários focos de luz
das lanternas, senão teria atacado.
Conversamos mais um pouco sobre as
onças, e eu agradeci o aviso e ele sai do galpão.
Terminamos de desossar a vaca, salgamos
a carne deixando escorre um pouco a salmoura para depois embalar.
No outro dia bem cedo enfardamos a carne
colocando á nos balaios de jaca (balaios feitos de taquara para transporte de
mercadorias), colocamos a cangalhas (artefato feita de couro e madeira própria
para animais de carga) em (2) dois burros dependuramos os balaios com a carne
salgada e partimos para o garimpo.
Quando ultrapassamos a clareira após
almoçarmos e começamos entrar na trilha mais estreita, vimos os estragos que as
onças tinham feito atrás de nos quando estávamos indo para a fazenda.
Na volta veio conosco o outro garimpeiro
do Honório, e nos ficamos alerta, pois agora tinha alem de nós os burro e o
cheiro de sangue da vaca.
Após a nossa saída do acampamento para
vir à fazenda houve um acidente com um dos garimpeiros que tinha perfurado o pé
com uma picareta, dois colegas o estava trazendo para apanhar o avião e ir para
Marabá.
Eles disseram que o colega estava muito
mal com o pé fura e ainda tinha caído do burro.
-Estávamos parados na clareira à beira
do riacho tomando água quando a onça (esturro) miou e o D-8 (nome do burro)
assustou e derrubou Orlando.
No meio da trilha após a clareira tinha
um riacho que deveria ser cruzado por todo, e era um ponto de parada para tomar
água.
Deitado no chão embaixo de uma arvore
estava o Orlando gemendo de dor.
Eles me contaram que colega foi cortar o
barranco e a picareta resvalou em uma pedra e atingindo o seu pé, perfurando de
um lado para o outro, mas o mais grave foi o tombo quando caiu no chão, ele estava
reclamando muitas dores dos lados.
Foi até ele e deu uma olhada, e com a
minha experiência em primeiros socorros deu para perceber que tinha fraturado
algumas costelas e além do pé agora, mais este sofrimento (pois nos garimpos
não existe remédios para tais acidentes, somente para dores de cabeça dor da
barriga e outros sintomas mais leve)..
Mas graças a DEUS ele conseguiu apanhar
o avião, que o pessoal da fazenda tinha solicitado pelo radio, e após alguns
dias um dos que o acompanhava voltou ao garimpo e nos deu a noticia que ele
estava bem apesar de ter fraturado 4 costelas com a queda do D-8.
Despedimo-nos e eles continuaram para a fazenda
e nos para o garimpo.
Na entrada da área do garimpo ficava o
acampamento do Zé Firmino, aproveitei para conversar com ele sobre a vaca
falando como tudo foi bem, mas ao mesmo tempo reclamei com ele sobre a cobrança
dos CR$ 10.000,00 (dez mil cruzeiros) por pedaço de galinha, ele ouviu
calado, depois que eu parei ele deu um grito:
-João, Jeremias, venha aqui.
Os dois homens chegaram rápido, e deu
para notar que não eram garimpeiros, mas homens de confiança do patrão.
-Apanhe suas armas e vão até a fazenda,
e expulse aquela gente que esta lá, eu não autorizei ninguém morar lá, muito
menos cobrar alimento de pessoas que passam por lá.
Os dois homens apanharam as armas os
seus remanchinhos e voltaram à presença dele, e ele disse mais:
-Fale com aquele moço (administrado) que
logo que eu poder irei até lá acertar as contas com ele; outra coisa, de uns
tapas na mulher e mande ela sumir de lá, irem embora, fique por lá us dois ou
três dias para certificar que realmente foram embora depois voltem para Ca.
Mais uma vez agradeci ao Zé Firmino Por
sua atenção, e ele me respondeu:
-Celso! Eu não autorizei e nem autorizo
ninguém cobrar qualquer coisa na fazenda de pessoas que ficam hospedadas por
lá, eu não sabia deste pessoal, pois já tem mais de 30 dias que estou aqui na
mata; eu é que te agradeço por me falar desta gente.
Despedi, e continuei o retorno ao
acampamento do outro lado do morro.
Chegamos ao acampamento sem nenhuma
novidade a respeito da onça; penduramos a carne no sol para secar e entregamos
ao cozinhei os miúdos para fazer para nos.
Nós só deixamos para trás o couro, a
cabeça e os ossos, as tripas bucho e miúdos nos torcemos e comemos tudo.
Parte IX
A viagem à Beira do Rio
Madeira
Já tinha passado mais de 40 dias e o
Fifi não aparecia, o arroz tinha acabado
e a carne da vaca já estava no fim, precisava conseguir alguma coisa para
suprir a despensa, pois alimentar 50 pessoas não é fácil, em cada refeição era
utilizado 4 quilos de arroz, 3 quilos de feijão 4 quilos de farinha e 8 quilos
de carne.
Então tinha que recorrer ao Zé Firmino
que alem de tirar pedra ainda explorava os garimpeiros, pois tinha um mine
armazém no seu acampamento, e vendia (trocava) por um prato de farinha 2 quilos
ametista.
Comprei o necessário para uma semana,
mas o tempo foi passando e nada do Fifi aparecer, nos já estávamos comendo
somente cuscuz.
Então reforcei com os caçadores o valor
de 1 quilo de pedra para cada animal abatido, pois ele ganhava o mesmo que os
outros trabalhadores, e graças a DEUS no outro dia ele conseguiram trazer para
o acampamento (1) um veado, (1) Uma
cotia, (1) um porco do mato e (1) um macaco.
Trouxeram tudo e entregaram ao
cozinheiro para limpar e preparara almoço.
O cozinheiro, o Manoel, limpou tudo e
perguntou como iria fazer; pois alguns não comiam paca, outro não come macaco e
era difícil preparar a comida.
Então eu disse para o Manoel:
-Manoel! Cozinhe tudo junto, não há
jeito de separar nada, primeiro que é pouca caça e não temos panela para
cozinhar separado.
Ele argumentou comigo:
-Senhor Celso! Esse pessoal não vai
comer não! Eles vão reclamar e ficar com
fome.
Então eu disse:
-Manoel! Deixe comigo, quando ele
chegarem me chame que eu mesmo resolvo.
Na hora do almoço desceram todos, vendo
a panela de carne e sabendo que não tinha mais carne de vaca perguntaram.
-Manoel, carne de que é isto?
O Manoel olho com uns olhos arregalado para
mim pedindo ajuda, então eu disse:
-Pode falar o que é Manoel.
Então ele disse:
-O senhor Celso mandou cozinha tudo
junto, macaco, cotia, paca, porco do mato e o veado. Não é culpa minha, pois
sei que alguns não comem carne de paca, outro de macaco!
Então começou o protesto:
-Eu mesmo não como veado.
-Eu não como macaco.
-Paca é indigesta, eu não como.
Vendo a atitude de alguns eu disse:
-Pessoal! Vocês sabem muito bem que o Fifi
ainda não chegou o arroz já não tem mais, a carne que busque na fazenda acabou,
estamos comendo somente cuscuz; eu já fiz uma compra na Zé Firmino e já acabou
o jeito é encarar esta panela de carne ou ficarem comendo cuscuz todos os dias.
E para dar exemplo apanhei um prato
coloquei um pedaço de macaco e um de paca, coloquei farinha e fui assentar
embaixo da castanheira
Quando voltei para servi novamente não
tinha mais nada na panela, somente um pouco de caldo da carne, (nem o osso tinha mais).
Ai eu falei em tom de brincadeira:
-Amanhã vamos comer carne de cobra, e eu
que ver que vai ficar sem comer.
Foi uma risada geral de todos além de
comentários jocosos um com os outros.
Uns disseram:
Foi pouco, eu comeria mais até o macaco
sozinho.
Ai foi nova risada.
Eu então fale:
-Olha! Bucho vazio pede comida e não cardápio,
ninguém fica com fome, porque quer ou não comida é comida não importa sua
natureza, (cozido até sopa de pedra e bom).
Quando foi a noite sai na redondeza
próxima e consegui (2) duas enormes rãs pimenta, elas pesavam mais de 1 quilo
cada uma, matei-as tirei o coro e fritei para comer com palmito que tinha
tirado de um pé de açaí pequeno.
Todos queriam provar um pedaço, pois
nunca tinha comido, eu quase fiquei sem nada, mas isto serviu para mostra a
eles que na mata existe recursos maior que se pode imaginar, e todos ficaram
satisfeito com minhas explicações.
Então eu brinquei:
-Uai! Vocês não gostam de paca
nem veado, mas querem comer rã?
Ai um deles comentou em voz alta:
-Senhor Celso! Com o senhor no
acampamento não podemos duvidar de nada, se o senhor come é porque é bom e gostoso;
agora rã nenhuma escapa na minha frente.
Isto foi motivo de uma risada geral no
acampamento novamente,
Todos estavam ouvindo, e curiosos para saber o que eu estava
fritando àquela hora da noite.
Fiquei satisfeito com o comentário e ver
que eles confiavam em minhas decisões, então eu disse:
-Pessoal, nos podemos comer melhor até o
Fifi chegar, é só tirarem palmitos para o Manoel cozinhar com sal, tem também
inhame rosa na parte baixa do acampamento, que depois de cozido podemos comer
com açúcar.
Eles concordaram e com isto pudemos
aumentar mais o cardápio além do cuscuz.
Já tinha se passado mais de 40 dias e o
Fifi não tinha chegado, em certo dia apareceu um garimpeiro trazendo alguns
mantimentos para nos e me disse que era para eu ir até o rio madeira apanhar um
saco de arroz que o Fifi tinha mandado.
No outro dia Eu, o moço que trouxe a noticia
do arroz e um dos nossos garimpeiros, e, mais dois da outra turma que estavam indo embora saiu bem cedo do acampamento
só parando na clareira para almoçar.
Almoçamos e descansamos um pouco, depois
nos dividimos os dois da outra turma seguiram para a fazenda para apanhar o
avião e nos ter fomos em direção ao rio madeira.
Foi uma viagem difícil, pois eu fiquei
todo sapecado entre as pernas e não conseguia andar naturalmente e com isto
atrasando nossa viagem, tivemos que pernoitar à beira de um rio que passava ao
lado da picada.
O rio ou riacho era estreito, mas não
podemos tomar banho devido às arraias e o poraquê (peixe elétrico), pois tinha
até um morto à beira do rio.
Lavamos o corpo jogando água com um
canecão e ensaboando, depois enxaguando do corpo, assim pudemos ficar um pouco
mais descansado e prepara uma janta com alguns mantimentos que trouxemos nos
remanchinho.
Após o jantar armamos as redes e
conversamos até que o sono chegasse.
Levantamos às 6h00m horas, fizemos café
e o cuscuz, tomamos a arrumamos as redes na cangalha sobre o burro e iniciamos
a viagem para o garimpo.
Os garimpeiros queriam que montasse na
garupa do burro, mas eu não achei justo, pois eu iria montado em quanto eles
continuariam a pé.
-Não! Eu vou a pé igual a vocês, já não
falta muito. não é verade?
A resposta do moço que levou a noticia
foi:
-Uns 15 quilômetros, devem chegar lá
pelas 2 horas se não pararmos para almoçar.
Então ficou combinado que comeria
farinha com carne de sol e tomaria água em quanto caminhava, para adiantar a
viagem.
Ali pelas 12 horas chegamos a um sitio
(uma área de mais ou menos 30 a 40 mil metros quadrado ‘quase um alqueire de
terra nas de Minas Gerais que e de 48 mil e 400 metros quadrado). A área estava
todo roçado e limpo com algumas plantações, uma casa simples e uma tuia (nome
dado a certa cobertura fechada para guardar milho, arroz ou café em grãos), um
curral de pau roliço e um chiqueiro para porcos.
Paramos, cumprimentamos o proprietário,
o garimpeiro que ia comigo sugeriu que eu permanecesse ali até que ele
retornasse no outro dia com o arroz.
Então eu perguntei ao proprietário do
sitio qual a distancia até a beirada do rio madeira:
-Qual a distancia daqui até o rio?
A resposta foi rápida:
-Olha moço! Daqui de casa até a beira do
rio é aproximadamente 1 légua e meia.
(1 légua corresponde a 7 mil metros ou a
7 quilômetros, portanto a distancia é de 10 Quilômetros e meio – 10.500 dez mil
e quinhentos metros).
Eu realmente estava bem cansado devido às
assaduras entre as pernas, e aceitei a proposta, e perguntando ao proprietário
do sitio se poderia permanecer ali até o retorno do meu garimpeiro no outro dia.
A resposta foi:
-O senhor fique a vontade, pode armar
sua rede na tuia ou embaixo das arvores.
Agradeci, e fui verificar onde seria
melhor para passar a noite até ao outro dia.
Olha amigo leito! Eu não dormi quase
nada, pois cai na bobagem de armar a rede uns 30 metros de distancia da casa
principal e da tuia, em uma cobertura que existia fora do terreiro: armei a
rede fiz um fogo (pois este é o costume de que acampa ao ar livre) e logo
escureceu.
Um cachorro vendo o fogo aceso correu
logo e se enroscou próximo a ele.
Era mais ou menos 8 a 9 horas da noite
quando a sinfonia das onças começou; era esturro que abalava o chão, ora de um
lado ora de outro lado.
Apanhei o facão e finquei no chão bem
próximo a minha cabeça e coloquei a espingarda ao alcance da mão.
A minha maior vantagem era o cachorro
que por providência DIVINA veio dormir ali perto (pois se a onça se aproximasse ele latiria ou sairia correndo)
“E EU JUNTO COM ELE” HÁ! HÁ! HÁ!
O barulho continuou até mais ou menos 2
horas da manhã, e foi o período que passei por uma madorna, pois então a
sinfonia parou (a onça quando sai para caçar ela esturra e mia, quando para e o
momento do perigo, pois esta espreitando a preza.
A noite escura não oferecia nenhuma
chance para mim, mas mesmo assim apanhei a espingarda e fique observando a
reação do cachorro até o dia raia, pois o que nos separava da mata era uma
cerca de paus fincado e por sobre eles dois fios de arame farpado.
Quando amanheceu o dono do sitio (depois
perguntei o seu nome) ele se chamava Modesto, me convidou para tomar café e
disse:
-O senhor tem muita coragem, pois dormir
fora da área do sitio e muito perigoso, a onça de vês em quando entra no
terreiro em busca de um porco ou galinha, mas os cachorros a afugenta com seus latidos.
Então eu sem falsa modéstia disse-lhe:
-Seu Modesto! Se eu soubesse disso teria
armado minha rede na tuia, pois eu passei por uma madorna até as 2 horas depois
disto fique só observando a reação do seu cachorro, e se ele corresse eu também
correria sem um pingo de vergonha, pois como enfrentar o que não se pode ver?
Ainda mais um animal de tal porte e ferocidade?
Rimos muito com a minha confissão do
medo da pintada, e fomos tomar o café com cuscuz (o que é de praxe em todas as
regiões do Pará).
Quando foi lá pelas 9 horas o garimpeiro
chegou com o burro e sobre ele o saco de arroz (que por sinal estava encharcado
de querosene), mas diz um ditado popular (quem não tem cão caça com gato), quem
não tem arroz sem querosene, come o que tem, e com gosto!
Parte X
A volta do Fifi
Passando 3 dias após a minha ida até a
beirada do rio madeira, o Fifi chegou trazendo mantimento; dois burros com os
balaios de jaca abarrotados, e juntamente com ele vieram mais dois colegas de
Governador Valadares Nego da hora, Zezinho e o seu sócio o Baiano.
Cumprimentamos uns aos outros, e ele me
deu noticias de minha família dizendo que estavam todos bem e que ele deixara
mais algum dinheiro com minha esposa.
Após este bate babo ele me perguntou
como estava a produção das pedras, então eu o levei até o deposito que tinha
feito para colocar os mantimentos e as pedras retidas pelos garimpeiros, vendo
ele a quantidade de sacos cheios de pedras ficou muito eufórico e saio
gritando:
-Estou rico! Estou rico!
Não era pra menos, pois deveria ter no
deposito uns 400 sacos de aproximadamente 80 quilos cada, cheios de pedras já
selecionadas.
Mais tarde chegaram os garimpeiros, e
foi uma farra, uma festa, pois eles gostavam muito do Fifi, e sabiam que ele
tinha trazido dinheiro para pagar a comissão de cada um.
Todos queriam mostras a sua produção
individualmente a fim de receber sua comissão.
Naquela noite fomos dormir bem tarde,
pois além do jantar caprichada que o Manoel preparou com os alimentos que
chegaram tinha ainda as noticias para se comentar e rir como o caso do Manoel
tomar banho, que foi um caso inédito.
Mas como tudo não são festas, no outro
dia estávamos assentados conversando quando o Baiano disse para mim:
-Porque você não pega uma vassoura e vai
varrer o barraco em vez de ficar batendo papo assentado ai.
Estranhei sua atitude e disse:
-Olha! Eu não trabalho para você,
portanto não tenho nenhuma satisfação em lhe dar, a única pessoa que poderia
pedir-me para fazer algo é o Fifi, e ele mesmo esta aqui conversando comigo.
Então ele levantou a voz e disse:
-Você tem que me dar satisfação e fazer
o que eu estou mandando, este garimpo e meu também.
Discutimos, e o Fifi entrou no meio
tentando apaziguar a discussão, então eu resolvi ir embora do garimpo, apesar
de que o Honório me disse:
-Celso! O meu barraco é seu mude para lá
e fique trabalhando comigo, você e bem quisto no meio de nos e não precisa se
sujeitar a isto.
Agradeci muito a ele, porem eu estava
com saudades de minha família e achei melhor ir embora.
Apesar de que o Honório e outros donos
de garimpo tivessem me oferecido para fica em seus barracos, preferi juntar as
minhas coisas e pedir abrigo ao Zé Firmino do outro lado do morro, pois poderia
ser que o Baiano ainda me importunaria e isto poderia ficar pior.
Desfiz minha rede e chamei o Fifi e
mostrei o que eu estava levando na mochila, minhas roupas, a rede e duas
pedras, uma que eu tinha ganhado de um dos irmãos e a outra que tinha comprado
de Fernando, dono de um dos barracos.
Atravessei o morro e pedi pousada ao Zé
Firmino, explicando para ele o motivo que eu estava saindo do garimpo do Fifi.
Então
ele me disse:
-Celso! Fique o tempo que quiser como eu
tinha de dito você esta em casa e manda aqui na fazenda e em toda a área do
garimpo ( as matas pertenciam a ele, este foi o motivo de dizer aqui na
fazenda).
Naquela noite dormi no barraco de Zé
Firmino, no outro dia voltei ao acampamento do Fifi e lhe disse que estava indo
embora e que eu o esperaria em Araguaina.
Como eu não tinha dinheiro para pagar a
passagem de avião e nem o ônibus até Araguaina, fui até ao o barraco do Chico
do Breno (que era de Governador Valadares).
Perguntei se poderiam me emprestar
Cr$200.000,00 (duzentos mil cruzeiros) e que era para receber do Fifi ou eu
o pagaria em Valadares quando ele
voltasse.
Ele imediatamente apanhou sua mochila
retirou o dinheiro e disso:
-Só isto da Celso?
Então eu respondi:
-Da Fernando, o avião é Cr$100.000,00
(cem mil cruzeiros), o ônibus deve ser uns Cr$20.000,00 (vinte mil cruzeiros)
ainda sobra uns Cr$80.000,00 (oitenta mil cruzeiros) para as refeições e o
hotel até o Fifi chegar a Araguaina.
Então sai novamente para o barraco do Zé
Firmino, aguardando alguém que fosse para o lado da fazenda, pois andar sozinho
era muito perigoso, pelo menos até a clareira onde a gente parava para fazer as
refeições, pois daí para frente a picada era mais larga e menos perigosa,
apesar de que a onça rondava por toda parte.
Passando um dia vieram dois garimpeiros
dizendo que iria para o rio madeira, e eu aproveitei e fui junto com ele até a
clareira, ali paramos almoçamos e eles foram em direção ao rio e eu segui
sozinho para a fazenda.
Olha! Para dizer a verdade foi um ato
temerário, pois apesar da picada ser mais larga eu só tinha na cintura um
canivete, mas por outro lado tinha e tenho confiança que DEUS esta presente em
minha vida e me livraria de qualquer perigo, como me levou a salvo até a
fazenda.
No trajeto da clareira até a fazenda era
uns 25 a 30 quilômetros ou menos, mas
para mi foi como estivesse percorrendo uns 100 quilômetros, pois mais que eu
andasse nunca chegava aos pastos da fazenda.
Apreensivo e sempre orando a DEUS, por
livramento.
A certa altura ouvi um barulho enorme
que me fez arrepiar todo, e pense comigo mesmo estou comido, mas graça a o bom
DEUS era apenas uma anta (Mamífero nativo do Brasil tropical e das Américas, que possui uma tromba
curta; TAPIR, ordem dos ungulados, subordem dos perissodátilos, Comprimento 2 metros e peso aproximadamente de
200 quilos ou mais.
Esta espécie pode ser encontrada na
Asiática e na Malásia, esta em via de extinção, devido muitos apreciar sua
carne, e a gordura para remédio.
Passado o susto acreditei que era uma
anta, devido ter saio quebrando mato fazendo um barulho muito forte, e somente
este animal tem esta força.
Já era bem tarde quando cheguei a
fazenda, quase escurecendo, e como o Zé Firmino tinha mandado expulsar todos,
só encontrei o administrador e sua mulher.
Chegue à sede da fazenda e retirei minha
mochila das costa e quase cai, pois parecia que eu estava flutuando devido ter retirado o peso.
Jantei com ele s e depois fui dormir no
quarto do Zé, que o administrador tinha aberto para mim, permanecendo na
fazendo por uns (3) três dias ate que o
avião chegasse.
Neste meio tempo aproveitei para lavar
as roupas, a rede e tomar um bom banho de rio; também andei pescando, peguei
duas aru-anã peixe de escama branco e enorme.
À noite sai com alguns vaqueiros e matei
um jacaré ( nome comum a várias espécies de crocodilianos, que vivem em rios, açudes
e lagoas) com um revolver calibre 22 de cano alongado (ótimo para pontaria),
atirei no olho do bruto e um dos vaqueiros o pegou pela cauda.
No outro dia nadei no meio dos botos que
por lá é muito comum alem das piranhas enormes, pacus e outros peixes.
À tarde apreciei as manadas de capivara
(roedor da América do sul, que vive perto dos rios – MAIOR ROEDOR, 1 METRO DE
COMPRIMENTO) animal mamífero, vegetariano, natural do Brasil, pastando próximo ao curral.
O avião chegou pela manhã, após 3 dias
de espera fui embora do Alto Bonito, cheguem à Marabá fui para a rodoviária
comprei passagem e embarquei para Araguaina.
O tempo era de chuva, e a estrada estava
muito lamacenta, no primeiro ponto de parada, após tomar um bom café com queijo
e embarcarmos novamente no ônibus ouvimos o motorista dizer:
-É pessoal! Não vamos poder prosseguir
viagem, pois o ônibus esta sem farol, eles queimaram e com o escuro vamos ficar
na estrada.
Ficamos indignados, pois estávamos em um
ponto de parada e começava a escurecer, porque não conserta logo os faróis.
A resposta foi que não havia no local
eletricista de auto e nem uma oficina, somente lanchonete, posto de combustível
e borracharia.
Devido a este protesto o motorista
disse:
-Olha! Eu conheço muito bem a estrada,
pois viajo aqui a mais de 5 anos, se alguém tiver uma boa lanterna podemos ir
guiado pelo seu clarão. Isto é se você confiarem em mim.
Eu tinha uma lanterna Ray-o-Vac, com
bateria e tinha outro rapaz que tinha outra, então perguntamos os passageiros
se queriam ir assim mesmo.
A resposta foi unânime, então o
motorista colocou o ônibus em funcionamento e seguimos viagem, após umas 2
horas começou a escurecer então acendemos as lanternas e fomos focalizando a
estrada, um de um lado do ônibus.
Realmente o motorista conheça a estrada,
felizmente, pois ele sempre diminuía a velocidade próxima qualquer buraco sem
que nos o percebêssemos.
A viagem demorou umas 2 horas a mais,
chegamos a Araguaina lá pelo meio dia, sendo que chegaríamos com os faróis as 10
horas, mas, tudo correu bem, graças a DEUS, e o desempenho do motorista que
passou inclusive por uma pinguela de duas toras guiado pelas lanternas, após
pedir aos passageiros que descesse do ônibus , ficando somente ele e nos o
guiando com os focos das lanternas.
Chegando à Araguaina me hospedei no Araguaina
Hotel, tomei um bom banho deixando o ar ligado, pois o calor era muito forte
apesar da chuva.
Dormi por umas (3) Três horas, levantei
tomei outro banho, e almocei na lanchonete e fui até o escritório do Fifi levar
noticias à sua esposa Arlene hoje já
falecida.
Três dias depois o Fifi chegou de avião
em Araguaina, e me disse que tinha vendido toda a mercadoria para dois amigos no garimpo no dia que eu vim
embora.
Então eu lhe perguntei se havia feito um
bom negocio, e ele me disse que sim, e que iria receber daí uns dois meses, e
isto me irritou muito, ao ponto de esbravejar com ele, pois após tanto
sacrifício para retira as pedras, vender fiado sendo que em Governador
Valadares, qualquer pessoa tira comprado no dinheiro
Bem! Mas como eu não erro o dono do
garimpo, nada poderia fazer, e ele me pagou os dias que fiquei tomando conta.
Deu-me CR 6.000,00 (seis milhos de
cruzeiros) e mais 6 quilos e meio de pedras já martelada somente as gemas,
Achei muito, mas ele me disse que não
era nada em comparação ao que eu fiz para ele.
Agradeci muito a ele (e continuarei a
agradecer sempre que puder, pois ele foi o responsável para eu conhecer um
pouco de garimpo e iniciar a minha vida no mercado de pedras preciosas e
semipreciosas).
Parte XI
O retorno para
casa
Cheguei a casa o mais rápido possível,
pois estava com muita saudade de minha família; fiquei descansando por uns 2
dias, depois sai para vender as pedras, e as vendi bem graças a DEUS.
A pessoa que me comprou as pedras foi o
Americano Piter Rogeres, eu lhe ofereci e ele perguntou o preço e eu disse que
era U$$ 6.000,00 (Seis mil dólares), o equivalente a Cr$ 24.000,00 (vinte e
quatro milhões de cruzeiros), pois o dólar no paralelo valia (4) quatro vezes
mais que o cruzeiro.
No outro dia saímos para saldar os
compromissos que tínhamos feito e estava atrasado, pagamos todos alem de fazer
uma boa compra para casa; já havia tirado o dizimo e só falta entregar, o que
fizemos no primeiro domingo seguinte.
Ao final do dia retornamos a nossa casa
sem dinheiro, mas feliz por ter saldado todo o compromisso atrasado e os que
viriam posteriormente, não ficando devendo nada a ninguém.
Então o meu irmão me perguntou quanto
tinha sobrado para eu continuar, e eu respondi que não sobrado nada, então ele
me disse:
-Celso! Você devia ter deixado um pouco
para continuar o negocio das pedras, como você vai fazer agora?
Mas a palavra de DEUS nos ensina que
devemos descansa no SENHOR, pois ele e um DEUS providente que não desampara os
seus filhos “Mas os que esperam no SENHOR renovam as suas forças, sobem com
asas como águia, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam” (Isaías
40:31).
-É mesmo!
Ai então eu me lembrei das duas pedras
que estava na minha mochila, apanhei-as e mostrei para ele, e ele entendeu que
erra providencia divina eu não telas vendidas.
Fui então para a esquina dos pedrístas
em busca de um comprador, lá chegando fiquei sabendo que tinha um comprador no
escritório do meu cunhado e fui para lá.
Cheguei ao escritório e cumprimentei a
eles:
-Bom dia.
-Bom dia.
Responderam os dois, então o meu cunhado
me convidou a entrar.
-Entre para cá Celso.
Agradeci e entrei, o comprador estava
examinando umas pedras ( eram ametistas já lapidadas, pois era a pedra do
momento), o seu nome é Milton.
O meu cunhado me perguntou em que
poderia servir-me, então lhe falei que estive no garimpo do Ato Bonito com o Fifi
e que tinha duas pedras grandes para vender.
-Deixe eu as ver.
Imediatamente retirei do bolso e
entregue a ele, que as examinou na lâmpada e as pesou, mas me disse que não
estava comprando no momento, só vendendo, mas quem sabe o Milton quisesse comprar, e as passou a ele.
Então o Milton olhou as pedras e
perguntou;
-Quanto você quer por estas pedras?
A minha resposta foi:
-Cr$700.000,00 (setecentos mil
cruzeiros).
Ele então apanhou uma bolsa, retirou o
dinheiro e me deu e ai o meu cunhado chiou (expressão de descontentamento).
-Você esta reclamando do meu preço em
pedras já lapidadas e compra estas duas pedras sem pedir menos? Não estou
entendendo!
Realmente não era para entender, pois eu
sou um servo do SENHOR e ele não desampara os seus filhos, somente a gente que
“Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais ele fará” (Salmos 37:5)
e isto é o que aconteceu.
Eu não disse nada, somente perguntei
quanto eu tinha que pagar de comissão por ter vendido as pedras em seu
escritório (pois isto é de praxe), então ele disse que não precisava pagar.
Agradeci e despedi e sai muito satisfeito,
pois já tinha dinheiro para continuar o negocio das pedras. Agora erra comprar
(bom comprado) para poder ganhar.
Eu permaneci em Valadares por uns 20
dias, sondando e aprendendo como comprava e vendia neste (novo mercado) para
mim.
Perguntava observava até mesmo arriscava
uma ou outra oferta, mas sempre em valores baixo.
Quando senti que estava (meio) pronto,
falei com minha esposa que iria até o garimpo de Alto Bonito comprar algumas
pedras.
Arrumei a minha bagagem e fui até
Araguaina, onde encontre o Fifi que me disse para esperar mais (2) dois dias e eu iria com ele ao garimpo do alto
bonito.
Agora eu ia não como empregado, mas como
(possível) comprador, mesmo com pouco dinheiro tinha que ariscar.
Fomos para Marabá e de lá voamos para o
Alto Bonito, dormimos na fazenda e no dia seguinte seguimos para o garimpo.
Foi uma alegria para eu rever as pessoas
com quem eu fizera amizade, apesar de que nem todo estava ainda ali.
Senti-me em casa, todos queriam que eu
ficasse em suas barracas, mas acabei ficando na do Euclides e não na barraca do
Fifi.
Conversamos muito, pois todos queriam
saber o que tinha feito durante estes dias que fiquei fora.
Contei que o Fifi me deu as pedras e me
deu uma grande importância em dinheiro, mas, sobretudo agradeci a DEUS pelas duas pedras que tinha levado separado
em minha mochila.
E era o dinheiro delas que me trouxe até
aqui, e o que eu tinha para comprar outras.
O garimpo tinha mudado, já não tinha
tanta harmonia, pois no lugar dos amigos que partiram vieram outros garimpeiros
que eu não conhecia.
Já havia passado 2 dias e eu ainda não
tinha comprado nada.
Certo dia estava eu assentado junto com
o Euclides, enquanto ele martelava algumas pedras, e nos conversávamos a
respeito da minha viagem.
De repente apareceu um garimpeiro novo
(um Baiano) que me perguntou se eu estava querendo comprar algumas pedras, eu
disse que sim.
Então ele me disse que tinha um lote de
mais ou menos uns 10 quilos para vender, eu então pedi para velas.
Olhei as pedras, eram de um bom tamanho
e com boa limpeza (limpeza sem muitas partes que não sevem para lapidar) então
perguntei o preço do lote.
-Quanto você que pelo lote.
-Olha moço! Eu quero nestas pedras (dez
mião) expressão usada por ele.
Olhei novamente as pedras, calculei o
custo e o valor que poderia vender, achei que daria lucro, mas eu não tinha
tanto dinheiro ara investir.
Então lhe disse:
-Eu não tenho este valor.
Ele então me perguntou quanto tinha.
-Quanto o senhor tem?
Não entendi a pergunta, pois ele queria
Cr$10.000.000,00 (dez milhões de cruzeiro) nas pedras, será que ele queria me
testa ou foi enviado por alguém, pois estava ali o Fifi, Baiana e mais uma
turma esperando o desfecho do negocio.
-Eu só tenho Cr$700.000,00 (setecentos
mil cruzeiros).
Disse eu; mas a minha surpresa maior foi
ouvir a resposta dele que nem pensou duas vezes.
-Esta certa! Eu vendo para o senhor por
este valor.
O Fifi cai do banco onde estava
assentado de tanto rir, e a risada foi geral entre todos que esta assistindo a
negociação.
Eu simplesmente poderia dizer que não queria,
não me interessava as pedras, mas como eu tinha certeza que DEUS não me
desampararia como já tinha feito com as duas pedras( as que vendi para o Milton
pelo dinheiro que tinha no bolso).
Ali estavam 10 quilos; será que eu estava
errado? Não! Eu continuei de acreditar na graça e bondade de DEUS em CRISTO
JESUS, e sabia que o ESPIRITO SANTO não me iria deixa fazer um negocio para
perder, já que tinha permitido eu voltar ao garimpo para fazer uma compra.
-Esta bem! Vou apanhar o dinheiro na
minha mochila.
Apanhei o dinheiro, pague a ele e levei
as pedras para dentro da barraca, depois voltei para o meio da turma que ainda
ria; e eu aproveite e perguntei ao Fifi:
-Você pode martelar estas pedras para
mim? Pois eu ainda não sei como fazer.
E a resposta dele foi a todo de graça:
-Claro! Eu vou martelar para você,
somente para ficar com o martelo nas mãos, pois você foi muito ingênuo em
comprar este lixo deste baiano, esta turma é muito esperta; ele pediu o preço e
vendeu por cem vezes mais barato. Era para você desconfiar e não comprar.
Então eu apanhei o saco com as pedras e
entreguei para ele martelar, e fui andar pelo acampamento.
Depois de umas 2 horas, o Baiano sócio
do Fifi veio até mim que estava conversando com outros garimpeiros e me disse:
-O Fifi me disse que esta com muito dó
de você, pois as pedras não são boas, mas ele mandou perguntar se você quer
Cr$2.000.000,00 (dois milhões) nelas para você não perder e poder comprar
outras.
Então eu disse com toda a simplicidade,
sem colocar maldade ou pensamento obscuro na pergunta.
-Não! Eu não quero que ele tome prejuízo
por minha causa, eu vou levar para Valadares.
Passado mais alguns minutos, nova
propostas, agora era de Cr$4.000.000,00 (quatro milhões) que tornei a recusar.
Quando foi mais tarde ele me entregou as
pedras (6 quilos) de gemas apuradas, agradeci a ele pelas ofertas e por ter
martelado as pedras para mim, ele não disse nada, somente sorriu para mim.
No outro dia retornamos a fazenda para
esperar o avião que chegou no dia posterior e iríamos para Marabá e de lá para Araguaina.
Pernoitei em Araguaina, e neste meio
tempo o Fifi me apresentou um amigo seu, disse que era uma pessoa muito
conceituada em Araguaina e muito rica era um dos fazendeiros da região.
Conversamos um pouco, depois me despedi
e fui dormir, pois no outro dia viria para Belo Horizonte depois para
Governador Valadares.
Cheguei a Valadares numa quita-feira, e
no outro dia fui a praça e vendi a mercadoria por Cr$6.000.000,00 (seis milhões
de cruzeiros), graça a DEUS não tomei prejuízo, mas lucrando Cr$5.300.000,00
(cinco milhões e trezentos mil cruzeiros).
Retirei o dizimo dos seis milhos e no
domingo entregamos na igreja, colocando no gazofilácio em obediência a palavra
do SENHOR (Malaquias 3: 10).
Passando uns 10 dias voltei novamente a
Araguaina e hospedei no Araguaina Hotel, e descansei bastante, pois a
temperatura de lá e muito quente, precisava tomar até 3 banhos por dia.
Depois de descansar da viagem, fui até o
escritório do Fifi, mas ele não estava tinha ido para o garimpo, então
conversei com sua esposa a Arlene e fiquei sabendo que o Honório estava em sua
casa então fui até lá.
Bati palmas e veio uma mocinha me
atender.
Perguntei pelo José Honório e ela foi o chamar, quando ele me viu
foi uma alegria imensa de ambas as parte, nos abraçamos e ele me convidou a
entrar em sua casa me apresentando sua família disse:
-Este é o amigo que lhe falei lá do
garimpo.
Falou dirigindo á sua esposa; e ali
ficamos conversando por varias horas sobre o garimpo e suas dificuldades após a
minha partida.
-Celso, o garimpo já não é como você
deixou, agora tem jogatina, bebida e até mulheres da vida por lá, já mataram
até um homem por causa de jogo.
-Então esta muito perigosa por lá?
-Esta! Aquilo virou uma coisa horrível,
já não temos a liberdade de deixar dinheiro nas mochilas, e preciso guarda bem guardado. Precisei mandar fazer
uma caixa de ferro com cadeado para não ser roubado.
Conversamos mais um pouco e ele me levou
para a copa para tomar um café, e me perguntou o que eu estava fazendo em
Araguaina.
-Olha Honório! Depois da compra que fiz
lá no garimpo daquele baiano, tomei gosto pelas compras e venda, e é por isto
que estou aqui à procura de uma mercadoria para compra, você não têm algumas
para me vender?
-Celso, a mercadoria que tenho e miúda,
mas limpa e de boa cor se você quiser ver vou te mostrar.
Saímos para os fundos da casa, e em um
tambor ele me mostrou a mercadoria.
Realmente eram pedras de um tamanho
médio entre 25 a 30 gramas cada um, mas limpas e coradas, gostei da mercadoria
e perguntei quanto tinha.
-Gostei da mercadoria, quantos quilos
tem aqui?
Ele me respondeu:
-Aqui tem dezesseis quilos de pedras.
-Quanto você esta pedindo por elas?
Ele me disse que as venderia.
- Eu te vendo tudo por Cr$l.500.000.00 (hum
milhão e quintos mil cruzeiros) sai a menos de CR$100.000,00 (cem mil
cruzeiros) o quilo, eu acho que não é caro.
Apanhei um punhado delas e examinei
novamente e achei que realmente não estava caro, em vista das que eu tinha
comprado e vendido.
-Esta bem eu vou ficar com elas, só
preciso que você as embrulhe para mim, pois estou de ônibus e bem embrulhas
fica mais fácil carregar.
Embrulhamos bem embrulhada após colocarmos
em um saco plástico, depois amarramos de uma forma que ficava fácil em pegar.
Apanhei o cheque e perguntei:
-Posso te pagar com cheque da Caixa
Econômica Federal?
-Pode Celso! Não tem problema nenhum.
Então fiz o cheque no valor
correspondente e lhe entreguei, conversamos mais um pouco e eu me despedi e fui
embora para o hotel tomar outro banho, ETA calorzinho bravo!
Eu sempre comprei a menos do valor que
tinha a disposição, nunca excedia o meu limite, pois sempre comprei a vista (no
dinheiro – pagava na hora que comprava, pois sempre vendi a vista).
Chegando a Valadares, preparei a
mercadoria lavando e passando nela uma vaselina liquida para que o freguês a
visse melhor.
Fiquei sabendo que o Nilo estava
comprando, então fui até seu escritório para mostrar as pedras.
-Bom dia Nilo.
-Bom dia Celso! Tudo bem?
-Tudo bem graças ao nosso bom DEUS.
É interessante, em pouco tempo muitas
pessoas já sabia o meu nome.
Então o Nilo me perguntou o que queria,
e eu lhe disse que tinha umas pedras ametista para lhe mostrar.
-É pedra grande Celso?
-Não! São pedras entre 20 a 30 gramas,
mas com boa cor e limpeza.
Então ele apanhou o saco onde estava às
pedras e o colocou sobre sua mesa e apanhando um punhado delas examinou se
realmente era limpa (sem defeitos por dentro).
-Quantos quilos você tem ai neste saco?
- Olha Nilo! Ai tem 16 quilos de pedras.
Apanhou outro punhado colocou sobre a
mesa em cima de um papel branco e analisou a cor, pesou 1, 2 a 3 pedras
individualmente para calcular o peso em quilates (1 quilate de pedras
corresponde a 1/5 de 1 grama) e perguntou quanto eu queria pelos 16 quilos.
-Quanto você quer pelo lote?
Esta é expressão que utilizamos para
falar de certa quantidade de pedras, mesmo que seja em gramas ou quilo, nos
falamos o lote de pedras.
-Eu quero CR$20.000.000,00 (vinte
milhões de cruzeiros) pelo lote.
-Não é muito caro Celso? Olha! Eu pago
no lote CR$16.000.000,00 (dezesseis milhões de cruzeiros), mas com as seguintes
condições, quando você trouxer pedras maiores você me mostre. Combinado?
Pensei um pouco para não demonstrar que
estava ganhando muito e então eu disse:
-Esta bem! Quando eu voltar do garimpo e
trouxer outras pedras eu te mostrarei.
Então ele sorrindo apanhou o dinheiro e
me pagou.
-x-x-x-x-x-x-x-x-
EIS AQUI ALGUM ESCLARECIMENTO SOBRE OS
VALORES DE NOSSO DINHEIRO
O Dinheiro Brasileiro sofreu varias
mudanças ao logos dos anos de 1942 até
1994.
Até Outubro l942 dinheiros era Mil
Reis-($000)
Do ano de 1942 dinheiros era
cruzeiro-(Cr$)
Do ano de 1965 dinheiros era cruzeiro
novo-( NCr$)
Do ano de l970 dinheiros era cruzeiro-(Cr$)
Ex.: Cr$10.000,00 (Dez mil cruzeiros)
Do ano de 1986 dinheiros era
cruzado-(CZ$)
Do ano de 1989 dinheiros era cruzado
novo–(NCZ$)
Do ano de 1990 dinheiros era
cruzeiro-(Cr$)
Do ano de 1993 dinheiros era cruzeiro
real-(CR$) Ex.: CR$ 10.000. (Dez mil cruzeiros reais
Do ano de l994 dinheiro é Real-(R$)
Parte
XII
As compras em Araguaina-To
Embora a distancie entre Governador
Valadares-MG e Araguaina-To, ser longa, e talvez desanimadora para alguns para
mim não o era devido estar dando certo os negócios e o lucro ser compensador,
eu não poderia fazer-me de rogado e sim dar continuidade a oportunidade que
DEUS estava me dando, por isto após passar mais dois dias eu retornei à aquela
cidade no sentido de comprar mais algumas pedras.
Fui a busca do Honório, mas ele estava
para o garimpo do Alto Bonito e sua esposa me informou que ele deveria demorar
por lá.
Voltei ao escritório do Fifi, pois era o
local mais indicado para saber que tinha pedras, pois ele é que sempre comprava
dos garimpeiros naquela região.
-A Arlene esposa do Fifi foi que me
disse que o Messias tinha chegado do garimpo e tinha muitas pedras para vendar.
0 Messias era um dos donos do garimpo do
alto bonito, embora eu não o tenha mencionado anteriormente ele era um dos
amigos que tinha feito no período que lá estive.
Perguntei-lhe o endereço do Messias e
ela me forneceu e eu fui até sua residência onde ele tinha um deposito de
pedras.
O reencontro foi muito alegra como na
casa do Honório, ele me abraçou e me convidou a entrar em sua casa,
apresentou-me sua família e ficamos conversando por um longo temp.
-Celso! O Honório tinha me dito que você
voltou antes até aqui e comprou dele algumas pedras. Agora você virou
comprador?
-Olha Messias! Como você ficou sabendo
da minha ida para o garimpo do Alto Bonito, foi uma oportunidade que DEUS estava me dando, e sendo o meu primeiro contato
com o referido mineral tendo tido um bom
lucro na compra que fiz.
Então ele me interrompeu e disse:
-Então você voltou para comprar mais?
Eu respondi que pretendia, e se consegui
algumas pedras em bom preço e que eu pudesse pagar eu estaria disposto a
negociar.
-Olha Celso! O que você fez por nos lá
no garimpo foi o suficiente para que nossa amizade perdure, e eu tenho a
mercadoria que você procura, tenho quantidade e preço.
Então eu falei que queria comprar um
lote bom, mas que eu não tinha o dinheiro todo, mas podia dar um cheque para uns 2 a 3 dias que eu
venderia as pedras e colocaria o dinheiro na conta para ser sacado.
-Dinheiro não é problema, mas solução,
não se preocupe com isto, você esta na casa de um amigo, venha comigo.
Saímos da sua casa e fomos ao deposito a
uns 20 metros de distância, onde ele abril uma porta e nos entremos:
Olha! Eu ainda não tinha visto tanta
pedra junto, apesar de pouco tempo no ramo já tinha visto muitas pedras, mas
não tantas juntas.
-Messias, quanto de pedra você tem aqui
no deposito? Parece que você retirou todas do Alto Bonito, gracejei!
Então ele rido me disse que estava
estocando já à uns 6 meses, e que ele encontrou um filão (seqüência
ininterrupta de uma mesma matéria =no caso aqui a pedra ametista= contida entre
camadas de natureza diferente).
-Celso, você se lembras onde o Zé
Firmino estava com seu acampamento?
-Sim eu me lembro, era no pé do morro.
-Pois é! Eu subi este morro e fui para a
esquerda de onde vinha para o nosso acampamento, e encontrei um afloramento
(Geologia – Ponto onde rocha aparece à flor da terra imediatamente abaixo da
terra), e resolvi mandar cavar ali. Olha! As pedras estva soltas na terra roxa
avermelhada e esta sendo fácil retiram-las em um túnel que fizemos.
Então apanhando um saco o abril e mostrou-me
as pedras grandes e coradas, de uma limpeza sem igual e me disse:
-Escolha o quanto você quiser que eu
mesmo martelar para você.
Escolhi uns 7 a 8 quilos, e ele me
disse:
-Mas só isto? Escolha pelo menos uns 200
quilos.
-Não meu amigo, eu não tenho dinheiro
suficiente para pagar a você.
-Eu já te falei que dinheiro não e o
problema, leve as pedras depois você acerta comigo.
Agradeci a confiança, mas não aceitei
sua oferta.
Então ele apanhou o martelo próprio para
martelar (martelo pequeno com ponta de aço - vidia) e martelou em poucos
minutos.
Pesamos a mercadoria que fiou em 5
quilos de gemas preciosas de mais ou menos 200 a 300 gramas cada pedra,
excelente tamanho e pureza.
-Quanto é Messias?
-Celso! Eu gostaria de te vender era umas
3 a 4 toneladas meu amigo, mas já que você não quer, o preço é Cr$3.000.000,00
(três milhões de cruzeiros) os 5 quilos.
Então eu argumentei que não podia levar
tudo, pois o meu dinheiro não dava para pagar, a menos que eu desse um cheque
para alguns dias, como já havia dito.
Ele imediatamente aceitou, e eu lhe
passei um cheque no valor de Cr$1.500.000,00 (hum milhão e quinhentos mil cruzeiros) e lhe dei em (espécie)
dinheiro o outro valor igual.
Então ele sorrindo muito me falou:
-Celso, todas as vezes que vier em
Araguaina, não deixe de vir nos visitar, eu e o Honório gostamos muito de você.
Agradeci as palavras com um aperto de
mão e um sorriso nos lábios em saber que era bem quisto por eles, mesmo sabendo
que eu não voltaria trabalhar no garimpo do alto bonito.
Então voltamos para sua casa tomamos um
bom café e eu retornei ao hotel para tomar banho (como eu já mencionei antes, o
calor era muito alto e eu tomava até 3 banhos por dias e ficava com o ar
condicionado ligado o dia todo).
Eu estava satisfeito, alem de rever
outro amigo fiz uma boa compra, pois tinha pagado pó 16 quilos de pedras miúdas
Cr$1.500.000,00 (hum milhão e quintos mil cruzeiros), agora paguei
Cr$3.000.000,00(três milhões de cruzeiros) por 5 quilos de pedras grandes e
extras, era só agradecer a DEUS por tanta oportunidade.
No outro dia comprei passagem para Belo
Horizonte, pois não tem passagem direta de Araguaina a Governador Valadares.
Olhe amigos, se tem algo belo em pedras à
ametista é uma deles; pois supera as expectativas de muitas outras em sua
coloração de um lilás aveludado puxado para o roxo.
E uma pedra fascinante, eu sou
apaixonado pela tal pedra apesar de conhecer varias outras ao logo dos meus
anos de garimpagem e compra e vendas de pedras preciosas.
Olhando as pedras fiquei deslumbrado
pela pedra e pela retirada das impurezas no martelo pelo Messias, o qual
deixava à mostra uma gema bem apurada fácil de formar e lapidar dando ainda
mais valor a preciosidade da gema.
Chegando a Governador Valadares,
descansei um dia, pois a viagem é muito longa, são l802 Km divididos por 80
km/hora em media da um percurso de 22 horas 50 minutos em tempo corrido, porem existe
as paradas em rodoviária ao longo do percurso, café, jantar etc., creio eu que
somando daria umas 36 horas:
Ex.: saída 6 horas da manhã até as 18
horas da noite = 1 dia
De 18 horas da noite às 6 horas da
manhã = 1 noite
De 6 horas da manhã à 18 horas da
noite = 1 dia.
Viram o motivo de eu descansa um pouco
antes de voltar ao batente?
Após este merecido descanso preparei-me
para voltar ao batente no outro dia.
Quando fui a esquina dos pedristas (nome
que perdura a muitos anos em Governador Valadares).
Local: Esquina da Rua Afonso Pena com
Esquina da Rua Peçanha onde se encontra (encontrava) de tudo em matéria de
minerais hoje, no entanto somente gente a procura de algo para fazer.
Chegando à esquina fiquei sabendo que o
Piter Rogeres estava comprando ametista extra, e para lá mi dirigi no intuito
de conseguir uma venda melhor para o meu produto (ou seja as pedras).
Realmente foi a direção de DEUS para a
minha vida; na compra e venda de pedras, pois o Piter era um americano (digo
era porque eu não tive mais contacto com ele após a sua mudança para Porto
Seguro e soube que estava doente) erradicado no Brasil e que tinha um
escritório na Rua Afonso Pena.
Fui ao seu escritório e fui muito bem
recebido pelos seus dois funcionários (que até hoje somos amigos).
Foi o José e o Cirilo, que já me conheciam que me
apresentaram a ele, foi uma amizade instantânea, pois ele era uma pessoal
simpática e sorridente e falava muito bem o português apesar de me chamar de
CELSON.
O Piter era destas pessoas que dava
valor às pessoas e valorizava o seu produto que a gente levava à ele.
Estudioso de geologia (ciência que trata
da terra e sua origem, constituição geologia da terra), portanto conhecedor em
profundidade de vários minerais e principalmente das pedras preciosas
brasileiras,
Comprava por preços muitas das vezes
imbatíveis no âmbito comercial de Governador Valadares, pois as levava para seu
escritório nos Estados Unidos da America do Norte.
Após conversar por um bom tempo ele me
perguntou:
-Celson! Você que coca-cola?
Esta foi a sua marca registrada comigo,
pois aos longos dos anos em que fomos amigos e parceiros na compra e venda de
pedras.
Sempre que eu chegava em seu escritório
(não importava quem estive lá, ele mandava eu entrar na frente de quem
estivesse esperando e me perguntava: (Celson, que coca-cola?)
A minha resposta foi:
E a minha resposta era sempre a mesma.
-Quero.
Então ele chamou o Cirilo é dizia:
-Busque duas coca-cola para mim.
Tomamos a coca-cola e ele então me
perguntou:
-Celson, você tem ametista?
Imediatamente eu respondi:
-Sim Piter! Tenho um lote muito bom,
pedras grandes e extras como você gosta..
- Me deixaeu ver?
Apanhei minha bolsa e retirei as pedras,
colocando-as sobre sua mesa para ele as ver.
Ele apanhou umas 3 pedras examinou,
depois apanhou mais e viu que todas elas eram realmente muito boas (extras),
perguntou o peso e preço do lote.
-Olha Peter! Ai tem uns 5 quilos e estou
querendo neste lote U$$6.000,00 (seis
mil dólares).
O valor em cruzeiros era de
aproximadamente Cr$24.000.000,00 (vinte e quatro milhões de cruzeiros),pois
U$$1,00 (um dólar) custava o equivalente a Cr$3.800,00(três mil e oitocentos
cruzeiros) a Cr$4.000,00(quatro mil
cruzeiros).
-Não! Eu não pago este valor, dou U$$
4.000,00 (quatro mil dólares) pelo lote.
Então eu disse que o valor que ele
oferecia ficava muito abaixo do que eu estava querendo.
-Não Piter, por este preço eu não vendo,
pois fica muito abaixo do que eu estou querendo no lote, pois é uma mercadoria
extra tanto em tamanho como na cor e limpeza.
Agradeci a coca-cola, apanhei a
mercadoria e saio do seu escritório.
No dia seguinte encontrando outro
corretor o Cate que me disse que em Teófilo Otoni eu poderia vender a
mercadoria por um bom preço.
Então seguimos para lá a fim de vender
as pedras ao comprador do Cate.
Chegamos lá e fomos direto para o
escritório do tal comprador, um japonês que tinha escritório em uma rua próxima
a praça.
Entramos e o Cate disse que eu tinha
umas ametistas para vender, mas ele disse que não estava comprando pedras
brutas (sem ser lapidadas), então saímos para procura outro comprador, quando
encontrei o José funcionário do Piter me procurando.
-Celso, o Piter me mandou vir atrás de
você, pois ele quer as pedras, ele me disse que estava brincando com você e que
iria pagar os U$$6.000.00 (seis mil dólares) que você quer; mas você sai muito
rápido do escritório, e, ele não sabia que você não iria gostar da brincadeira.
Diante de tal argumento falei com o Cate
que já estava em negociata com o Peter e se ele não se importava de eu voltar
com o José.
-Não Celso! Eu apenas queria te ajudar,
eu não sou correto, mas comprador e vendedor como você.
Agradeci muito a ele e disse quem sabem
em outra oportunidade ele pudesse me ajudar novamente já que eu ainda estava
iniciando o conhecimento dos compradores de Valadares e agora de Teófilo Otoni.
Então nos despedimos e eu voltei com José
para Valadares.
O José estacionou o carro em frente ao
escritório, e eu entrei; ao verme o Piter rindo me disse:
-Cellson, quer coca-cola?
Fiquei sem jeito, pois não esperava ver
a atitude nem o sorriso no rosto do Piter, que antes mesmo de eu responder
gritou para o Cirilo buscar 2 coca-cola para nos (a coca-cola vinha de uma
lanchonete próxima ao escritório, e era dele, você ainda vau saber mais sobre
ela, mais a frente).
Em seguida me perguntou:
-Cellson, onde estão as pedras?
Sem dizer nada coloquei a sacola com as
pedras sobre a sua mesa, e ele apanhando-a colocou no cofre e disse sem se
virar para mim:
-U$$4.000.000.00 (quatro mil dólares)!
-Não! U$$6.000.000,00 (seis mil dólares)
ou devolva minhas pedras.
Ele porem, não respondeu, voltou-se com
um pacote de dólares e contou o valor correspondente e me entregou sorrindo e
disse:
-Cellson! Qualquer pedra que você
trouxer eu gostar pagará o preço que
você pedir, pode ser ametista ou não, pois já tinha conhecimento a seu respeito
agora eu os confirmei você e uma pessoa de confiança.
Confesso que fiquei um pouco perturbado
com tal declaração.
Eu estava já pronto para apanhar as
pedras antes d’ele me pagar e não vender mais para ele.
No entanto por ele me surpreende pagando
o valor pedido e ainda dizer que compraria toda mercadoria que eu trouxesse a
ele, e se gostasse pagaria o preço pedido (e isto se confirmou vocês vão ler
mais à frente).
Imediatamente orei ao SENHOR DEUS
agradecendo-o por mais esta rica oportunidade que me dava, não só de conhecer
uma pessoa como o Piter, mas também a
partir daí passamos a ser amigo. LEIA NEEMIAS l:11 E VEJA COMO DESU RESPONDE AS
NOSSA ORAÇÕES.
Certo dia estava eu na esquina
conversando com o pessoal quando o Cirilo me chamou e disse.
-Celso! O Piter pediu para você ir ao
escritório dele.
Então eu fui atender ao seu chamado, e quando
lá cheguei, ele me pediu um favor.
-Cellson! Serra que você poderia ir até
o comercio do Chang na rodoviária trocar uns dólares para mim?
Eu respondi que sim. Então ele apanhou
uma sacola de papel e me entregou com os dólares sem dizer quanto tinha.
Eu também não perguntei o valor que
estava levando, e para lá me dirigi.
A minha surpresa foi quando eu falei com
a Rosa esposa do Chang que o Piter tinha pedido para trocar uns dólares para
ele, e ela apanhou a sacola e contou o dinheiro e disse.
-Celso! Você vai ter que esperar o Chang
ir ao banco buscar o dinheiro, pois eu não tenho aqui no caixa Cr$ 400.000,00
(quatrocentos milhões de cruzeiros) para te dar.
Eu quase caio para traz ao saber o valor
que ele tinha pedido para eu trocar.
Esperei o Chang ir ao banco e quando ele
retornou a Rosa me deu um pacote enorme enrolado em jornal e eu fui embora.
Quando eu cheguei disse ao Piter.
-Piter, você e maluco? Não me disse qual
o valor que eu tinha nas mãos, e mais trazer todo este dinheiro para você
enrolado em jornal?
A sua reação foi cai na gargalhada e
dizer com a maior simplicidade.
-Cellson! Você e pessoa de confiança,
não era preciso dizer nada a você! Muito obrigado.
E a nossa amizade perdurou por longos
anos até ele mudar para Porto Seguro (os motivos não entrarão em detalhes, pois
é coisa pessoal dele e eu as respeito).
Certo dia ele me confidenciou que tinha
em seu escritório nos EUA 250 mil quilates de ametistas lapidadas, todas
compradas em minhas mãos:
-Cellson, eu tenho guardado em meu
escritório na America 250 mil quilates de ametista lapidadas em uma variação de
uma pelas outras de 250 quilates por pedras, e todas compradas de você.
Toda ametista grande eu as trazia para
ele, era pedras especiais tanto no tamanho como na cor (Uma pedra para pesar 250
quilates ela teria que ter no mínimo de 80 a 100 gramas, pois na serra ela
perde bastante depois vem a forma que perde também e por fim ao polimento).
Isto para mim foi motivo de orgulho em
saber que eu estava ajudando uma pessoa que me ajudou e muito comprando as
pedras que eu trazia dos garimpos.
Como eu já relatei o comercio estava
favorável para mim, pois DEUS estava sempre me proporcionando oportunidade
excepcional; então, após dois dias voltei a Araguaina em busca de mais
ametistas.
Cheguei à noite às 20 horas e 35 minutos
de uma terça-feira, hospedei no mesmo hotel de sempre e no outro dia fui
diretamente a casa do Messias.
Como sempre fui muito bem recebido por
ele que me abraçou e perguntando como foi à viagem.
-Celso! Como foi a viagem?
Eu respondi.
-Olha Messias! Foi muito bom porem muito
cansativa, mas da para agüentar.
Continuando a falar disse:
Messias! Estou de volta para comprar
mais daquela sua mercadoria, pois a venda da mesma foi ótima.
-Celso! Você pode não acreditar, mas
vendi toda a mercadoria para um comprador do Sul, logo depois que você foi
embora ele apareceu e comprou todo o meu estoque e carregou uma carreta e levou
tudo embora.
E para comprovar a sua palavra, levou-me
até o deposito o qual realmente estava vazio.
-Olha Celso! Eu estou retornando ao
garimpo a semana que vem para buscar mais, se você estiver aqui eu lhe venderei
o quanto quiser com o maior prazer.
Agradeci, enfiei a mão no bolso e
retirei o dinheiro que lhe devia e lhe paguei o continuo ele me devolveu o cheque
que lhe havia dado anteriormente.
Agora eu precisava encontrar alguém que
tivesse algumas pedras para não voltar de mãos vazia a Valadares.
Despedimo-nos e eu retornei ao hotel
para refresca do calor de mais de 35 C (trinta e cinco graus centigrados).
Ao chegar ao hotel encontrei o
fazendeiro que o Fifi tinha me apresentado, como rico e muito honesto.
-Como vai senhor Celso?
-Tudo bem garças a DEUS, e com você tudo
bem?
A resposta foi positiva, então
conversamos um pouco e ele me disse que tinhas umas pedras para vender,
enfiando a mão ao bolso retirou 2 pedras de tamanho médio entre 30 a 40 gramas,
de boa cor e limpeza.
Examinei as pedras e perguntei quantas
tinha e o preço do lote.
-Para você que amigo do Fifi, vou fazer
um bom preço pelos 10 quilos, eu quero Cr$1.500.000,00 (hum milhão e quinhentos
mil cruzeiros).
Pensei um pouco e resolvi comprar a sua
mercadoria já que não tinha comprado nada até o momento, e eu fique sabendo que
o Fifi iria de avião para Belo Horizonte para participar da feira de pedras e
seria uma oportunidade e vende-las.
-Esta
bem vai ficar com elas, pode ir busca para eu dar uma olhada.
Ele se despediu e foi embora, e eu fui
tomar o meu banho, depois troque de roupa, sai para comprar a passagem para o
dia seguinte, voltando, fique na entrada do Hotel aguardando seu retorno, mas
ele não voltou.
No outro dia como já tinha comprado a
passagem de avião eu não poderia perder e quando eu estava saindo do hotel para
ir para o escritório do Fifi ele
apareceu com um embrulho e me disse:
-Não deu para eu voltar ontem! E como
você vai embora agora embrulhei as pedras bem embrulhadas para você levar.
Achei a sua atitude um tanto incorreta,
mas como o Fifi me disse que ele era
honesto, resolvi aceitar a mercadoria embrulhada acreditando que era as mesmas
pedra da amostra.
Dei-lhe um cheque à vista de
Cr$750.000,00 (setecentos e cinqüenta mil cruzeiros) e outro do mesmo
valor para 15 dias conforme tinham sido
combinado anteriormente.
Apanhei o Embrulho despedi e segui para
o escritório do Fifi que já estava me esperando para irmos para o aeroporto.
Voamos para Belo Horizonte, chegando às
18 horas e 29 minutos e fomos direto para o hotel onde nos hospedamos.
-Celso você comprou pedra?
Eu respondi:
-Sim, comprei do seu amigo o fazendeiro
que você tinha me apresentado.
Então o Fifi me disse:
-Me deixeeu ver, pois a feira começa amanhã
e talvez precise martela as mesmas para vender melhor.
Entregue a ele o pacote de pedras e ele
o colocou em cima da cama e o abril e disse:
-Mas isto é lixo, aqui não tem pedra.
Olhei assustado, e realmente só tinha
pedras inferiores um cascalho sem cor e entupido.
-Celso, você não examinou as pedras como
eu te ensinei?
Então contei a ele o que havia ocorrido
e como recebi o pacote nos últimos minutos para ir para o aeroporto, e
confiando na pessoa que ele tinha me apresentado como fazendeiro, rico e muito
honesto, e o tempo não dava para examinar.
-Vou ligar para ele.
Apanhou uma caderneta verificou o
numero, apanhou o telefone e pediu a telefonista do hotel para completar a
ligação.
A ligação foi completada e ele falou com
a pessoa do outro lado, argumentou que não tinha pedra, mas cascalho, e após certo
tempo destilou o telefone indignado, então eu lhe perguntei o que ele falou.
O Fifi me olhou e disse:
-Celso, ele me disse que você é um
otário; e que é para você arranje os
outros Cr$750.000,00 (setecentos e cinqüenta mil cruzeiros), e depositar na
conta que ele vai depositar cheque daqui a 5 dias. E se você voltar Araguaina
na tentativa de receber o dinheiro que você já deu para ele, ele manda te
matar.
Pronto! Pensei acabou minha oportunidade
de negociar em Araguaina e talvez em qualquer outra parte, pois o dinheiro
tinha se esvaído.
Perder um valor deste era um duro golpe
em que estas praticamente iniciando o comerciam de compras e vendas de pedras.
Alem de perder o capital ainda fiquei
devendo, e o cheque iria entrar e retornar sujando assim o meu credito junto ao
banco.
Esta triste realidade ficou comigo por 6
meses guardados em minha casa, até que certo dia apareceu uma pessoa que queria
conversar comigo a respeito de um cheque meu.
Recebi-o em minha casa, então ele me
disse que era comerciante na praça, e que tinha recebido este cheque enviado de
Araguaina de um cunhado dele para receber de mim.
-Senhor Celso! O meu cunhado me disse
para receber o valor do cheque ou levar a mercadoria de volta, o que o Senhor
pode me dizer?
A minha reação foi de indignação e ódio,
e eu disse a pessoa:
-Olha! Eu até devolvo a mercadoria se
ele me devolver o valor que já lhe pague; mas, como ele disse que se eu
voltasse em Araguaina para receber o valor já pago ele mandaria me matar, e,
como você é o parente e portador dele leve
o seguinte recado para ele:
-PRIMEIRO, eu não sou defunto sem choro,
SEGUNDO eu não tenho medo de homem principalmente de ladrão e bandido da laia
dele
-TERCEIRO ele é muito valente junto aos
capangas dele que vi com ele todos armados na cidade.
-QUARTO fale com ele para vir receber o
cheque aqui em Governador Valadares cidade onde moro e ele vai ver que tem muita gente que odeiam bandido e ladrão no
nosso meio.
Ele me ouviu calado, depois disse para
mim que iria transmitir o recado para ele, e, que lhe daria um bom sermão; pois
isto que ele fez não é próprio de homem, e, que ele só tinha vindo a minha casa
por não saber a verdade.
Em seguida se despedi o foi embora.
Passado mais uma semana e eu ainda não
tinha conseguido outro local para iniciar uma compra, estava corretando as
pedras dos outro ganhando porcentagem 5% por mercadoria vendida.
Em uma quarta-feira após o almoço
tocaram a campanhinha da minha casa e eu atendi, era o homem do cheque, convidei
para entre ele entro e eu disse para se assentar.
Ele iniciou a conversa.
-Senhor Celso, eu conversei muito com
ele, e disse que isto não é atitude de uma pessoa honesta fazer, então ele me
disse que o dinheiro era impossível, pois já o tinha gastado, mas se o senhor
quiser o cheque em troca da mercadoria eu poderia negociar com o senhor.
Ponderei um pouco na proposta, o cheque
eu poderia ir ao banco e dizer que o tinha resgatado e isto limparia minha
ficha, quanto ao lixo para mim não servia nem para jogar fora, assim sendo
aceitei e devolução do cheque e lhe entregue o pacote de lixo.
Como eu sei e tenho certeza que DEUS é
justo e mostra a sua justiça aos que o teme, certo dia estava eu em um
escritório na Rua Marechal Floriano, recebendo uma comissão de umas pedras que
tinha vendido para dois irmãos.
A secretaria abril a porta e disse que
tinha um senhor querendo vender umas pedras ametista.
Então um do irmão que estava em outra
mesa à minha costa disse que pedisse que ele entrasse.
Quando ele entrou o reconheci através do
espelho atrás das costa da pessoa que estava me pagando.
Eu não presencie o que ocorria às minhas
costas, somente ouvi o outro irmão dizer.
-Não! Isto não nos serve, só compramos
pedras para lapidar e nesta aqui não tem nenhuma que serve.
Aproveitei esta deixa e já que tinha
recebi a minha comissão levantei-me e aproximei da mesa para que ele me visse e
disse:
-Viu o que te falei que o seu cunhado
tinha me passado somente lixo;
Despedi-me dos meninos e sai do
escritório deixando-o lá dentro e fui embora.
Dias depois resolvi voltar a Araguaina e
comprei mais pedras e nunca mais vi o tal (fazendeiro muito honesto) por lá,
graças a DEUS.
Parte
XIII
A lapidação
A lapidação nada mais é do que um
conjunto de maquinas.
1º- Uma maquina de serrar com uma um disco
diamantado para cortar a pedra,
2º- uma maquina de formar com um rebolo
de carburou (carburum) ou diamantado para dar a forma desejada à pedra
(redonda, oval, retangular, quadrada, em forma de gota ou triangular).
3º- uma bancada com 3 discos um
diamantado que serve para corta, ou seja, par formar as facetas.
4º- Uma banca para polir as facetas.
5º-um forno elétrico apropriado para
queima (mudar a coloração da pedra, abrir sua cor de escura para mais clara).
6º-varias canetas ( madeira em forma de
caneta onde se encontra na ponta o lacre
para colar a pedra).
7º-calibradores de metal para medir os
diâmetros das pedras.
Basicamente esta é uma lapidação
tradicional, isto não que dizer que existem outras mais sofisticadas com
calibradores elétricos para forma e lapidar varias pedras do mesmo tamanho
(calibre).
Eu como todas as pessoas que tem o
interesse de melhorar ainda mais a qualidade de sua mercadoria tem uma
lapidação ou paga para outros executarem o trabalho em suas oficinas
(lapidação) são os lapidários profissionais do ramo.
O motivo de eu montar uma lapidação era
a facilidade de aquisição do material bruto, que após ser polido (lapidado)
renderia mais, pois o preço é equivalente a qualidade da pedra e sua
finalização, pronta para ser cravada no ouro ou prata por ourives.
Ajustei um irmão em Cristo, marceneiro
de primeira qualidade que eu já conhecia à confeccionar as banca de corte e
polimento, e ele me disse:
-Celso compre os pranchões de roxinho
para eu fazer uma banca forte resistente e que não vibrem com a aceleração dos
motores.
Seguindo sua orientação compre os
pranchões bem como madeira para os pés.
Os pranchões mediam 2 metros e 60
centímetros de comprimento por 0,80 centímetros de largura com 0,12 centímetros
de espessura.
Ficaram excelente e bonita, e eu as
trouxe para os fundos de minha casa onde eu tinha preparado para funcionar a
lapidação.
Mandei fazer os eixos com graxeiras e os
mancais sobre os quais iriam rodas os eixos. Também mandei fundiu as rodas, 1
de estanho que é para cortar a pedra e 2 outras para o polimento.
Tudo pronto montei a lapidação e contratei 6 lapidários sendo 1
para Colar as pedras, 1 para cortar (abrir facetas nas pedras) e 4 para polir.
Para serra e dar a forma desejada eu mesmo o fazia.
A maquina de formar foi feita por um
amigo muito querido que eu não vejo as mais de 25 anos, ele utilizou um
moto-esmeril e fez uma banca de serrar e formar, muito pratica pois podia ser
carregada para qualquer parte, e não quis cobrar nada nem pelo moto-esmeril e
nem pela confecção da banca(ele me disse que era um prazer imenso poder fazer
para mim esta banca).
A outra maquina de formar bem, tenho um
amigo que trabalhava em uma super lapidação de sua propriedade.
Ele lapidava pedras de toda qualidade,
preciosas e semipreciosas, e vendia por quilo.
O seu lucro era tão grande que comprou
duas fazendas com gado, o seu nome é
Geraldo mais conhecido como Badaia (ou Geraldo Badaia), ele tinha estoque de
pedras para mais de 20 anos de serviço, é uma pessoa formidável alem de um
ótimo amigo.
Certo dia eu conversando com ele, disse
que queria comprar uma banca de formar: mas que teria que ser para rebolo de carburou
(ou carburum), pois as pedras que eu estava querendo lapidar eram grandes,
então ele me disse:
-Celso! Porque você não manda fazer uma
de aço inoxidável e melhor e durará para sempre.
-Mas Geraldo! A chapa de inox e cara, e
onde vou comprar isto?
-Venha comigo que vamos resolver agora.
Entramos em seu carro e fomos até um
depósito de ferro velho procuramos e encontramos uma chapa grande, pesamos a
mesma e ele pagou e nos à levamos até um serralheiro amigo dele para
confeccionar a caixa.
-O fulano eu quero que você faça para
mim duas caixas para rebolo de carburum, quero que fique bem feita, pois a
chapa e grossa e muito boa.
Passando alguns dias ele levou para mim
a caixa de aço inoxidável (acredito-me, que ainda existe até hoje).
Chegou e mandou que eu retirasse da
porta mala do seu carro, e a retirei coloquei no chão e lhe perguntei:
-Geraldo quanto eu te devo?
-Você não me deve nada é um presente.
Agradeci e ele foi embora, chamei um dos
lapidários e mandei levar para a lapidação, depois mandei fazer uma banca bem
resistente coloquei o motor e ficou pronta para o serviço (e como foi útil para
mim tal banca, obrigado amigão).
A lapidação dava muito lucro, pois eu
comprava o bruto e vendia já lapidada, era melhor que ser atravessador além de
dar emprego para 6 pessoas.
Depois de uns dois meses comprei um
carro um Passat 1975, o carro servia para eu ir e voltar aos garimpos além de
ser útil para passear com minha família.
Certo dia apareceu na minha casa um cunhado
de meu cunhado querendo comprar umas pedras; fiz uma sociedade.
Começamos com o valor de Cr$ 7.000.000,00
(sete milhões de cruzeiros) metade minha e metade dele, sendo que esta
sociedade só eu trabalhava, pois não sabia nada de pedra.
Ele faria todas as despesas uma vez que
ele não conhecia nada de pedras, mas de ouro, eu tinha que comprar beneficiar e
vender e rachava o lucro.
Fizemos a primeira compra lá em Araguaina,
uns 20 quilos de ametista.
Voltamos a Valadares e vendemos, e
novamente voltamos para comprar mais.
Na segunda viagem, na hora de comprar a
mercadoria ele olhava e dava palpites totalmente contrario, pois não conhecia
nada de pedra e não sabia calcular o percentual de aproveitamento final da
pedra.
Isto me trouxe um pouco de preocupação e
no final prejuízo, pois até comprar sem eu saber ele comprou.
Aproveitando uma brecha em nossa
conversa eu lhe disse:
-Manoel! (nome fictício, pois deste não
me interessa nada, nem mencionar o nome) assim não dá você esta comprando sem
saber e isto já nos causou um prejuízo e se continuar iremos perder mais.
Ele olhou para mim e disse:
-Estou comprando com o meu dinheiro! E
eu seu muito bem comprar pedras.
Desfiz a sociedade na ora entreguei lhe o
capital e o pouco lucro que deu na viagem e nos separamos.
Ele foi embora e eu votei a lapidação
que não podia parar (como não estava parada).
Passado uns 30 dias ele me ligou pedindo
para eu ir até o Hotel Príncipe na Rua São Paulo no centro de Valadares.
Fui até lá e encontrei com ele, e ele me
disse:
-Celso! Eu acho que errei na compra
desta ametista, pois já mostre para todos os compradores de Governador
Valadares, e eles não querem comprar, será que você pode me ajudar a vender?
Examinei a mercadoria e vi que realmente
não tinha bom aproveitamento e o preço que ele comprou não iria recuperar
nunca, então eu lhe disse:
-Olha Manoel, infelizmente eu não posso
te ajudar, a sua mercadoria não serve para lapidar e o pessoal daqui só compra
pedras lapidáveis, ou lapidadas, quem sabe você consegue vender em Teófilo
Otoni ou até mesmo onde você comprou.
Ele me olhou com um olhar de desdém e
disse:
-Você acha que a pedras não presta? Ou
você acha que é o único que entende pedras! Eu comprei com uma pessoa que sabe
o que é pedra, e eu tenho conhecimento também, tenho Norah.
Não respondi nada, somente me despedi e
sai do quarto e foi embora. Passado alguns dias fique sabendo que ele tinha
vendido no valor de pagar o quarto do hotel que ele estava já a mais de 15
dias.Certo dia eu conversando com o meu cunhado que era o cunhado de também, e
me disse:
-O Manoel me disse que tinha terminado a
sociedade com você porque você estava ficando rico às suas custas.
Ai eu retruquei ironicamente.
-É mesmo! Será que ele não disse que
estava aprendendo com ele a compra e vender pedras?
E continuei.
-Esse camarada é um prepotente, ele me
disse que comprava pedra com o seu dinheiro
e não com o nosso, e com isto tomei foi prejuízo com ele.
Ai ele me disse.
-Aquilo não presta, já largou de minha
irmã dando a ela um prejuízo na divisão dos bens deles.
Neste instante deixamos de lado o ‘TAL’
e começamos a falar de outras coisas interessantes.
Passado mais ou menos (1) um ano e meio
o Fifi me encontro na esquina e me disse que o seu sócio o Baiano tinha morrido
em um acidente de avião.
-Celso, o baiano colocou no avião 400
quilos de pedras e mais 2 pessoas alem dele e o piloto, e quando o avião tentou
decolar indo para o rio como você o sabe ele não conseguiu arremeter e foi de
encontro ao rio; o piloto quebrou o braço, mas consegui tirar os 2 garimpeiros
pela porta de traz do avião, mas o Baiano ficou com os pés presos sacos de
pedras que tinha colocado junto aos seus pés.
A partir deste relato deu-se o fim das
aventuras e das ametistas e iniciou-se a historia do conhecimento e aprendizado
de outras pedras, comprar, venda e minerais a partir da esmeralda que foi muito
bom negocio com toda a certeza,
Aguarde o 2º-Volume intitulado O INICIO
NAS ESMERALDAS.
Espero que você amigo leitor tenha
gostado, e aguardarei com ansiedade o momento em que você iniciara a leitura
das novas aventuras de minha vida como garimpeira.
Fim
Este livro conte
25.091 palavras
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