Estudos e Reflexões

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

O Garimpeiro I


              


               QUERIDOS LEITORES! OS LIVROS QUE VOCES IRÃO LER TEM COMO TITULO “O GARIMPEIRO E FOI ESCRITO EM 3 VOLUMES. NÃO SE TRATA DE LIVROS EVANGÉLICOS CONFORME ESTE ESCRITO NA PRIMEIRA PAGINA DO MEU BLOG; POREM TRATA-SE DO MEU TRABALHO COM PEDRAS PRECIOSAS E SEMIPRECIOSAS BEM COMO CONFECÇÃO DE JOIAS E SEMIJOIAS COM PEDRAS NATURAIS DO NOSSO BRASIL.
              O MOTIVO DE LEVÁ-LOS A LER ESTRES TRÊS VOLUME É PORQUE OS MESMO APRESENTAM PARTE DE MINHA VIDA, A QUAL NÃO PODERÁ DE FORMA ALGUMA DESSACIA-LAS, SE CASO O FIZESSE SERIA UMA PESSOA DUALISTA, O QUE NÃO  SOU.
               DESEJO-LHES UMA BOA LEITURA.

                                                                                                           Celso Lanes 








O GARIMPEIRO



                                                                       Uma História Real


Volume I



                                        



                                                                             ÍNDICE


                                 Prefácio.................................................................Pag.
                                Agradecimento........................................................Pag.
                                Parte I   - Retorno a Governador Valadares.............Pag.
                                Parte II  - A viagem para local desconhecido...........Pag.
                                Parte III – Alto Bonito.............................................Pag.
                                Parte IV  - O Acampamento dos Garimpeiros..........Pag.
                                Parte V   - A pedra Ametista...................................Pag.
                                Parte VI  – A organização do Acampamento............Pag.
                                Parte VII - Garimpo da água quente........................Pag.
                                Parte VIII- A Onça pintada.....................................Pag.
                                Parte IX  - A viagem à beira do Rio Madeira...........Pag.
                                Parte X   - A volta do Fifi........................................Pag.
                                Parte XI  – O retorno para casa...............................Pag.
                                Parte XII – As compras em Araguaína - TO............Pag.
                               Parte XIII- A lapidação............................................Pag.






                    

                                                                  PREFÁCIO


                   A História que vocês vão ler é real e verdadeira, e não ficção, pois se trata da parte da minha vida na qualidade de minerador (garimpeiro) e comerciante de pedras preciosas, semipreciosa e ouro.
                  As pessoas que irão compor esta história são personagens verdadeiras e reais (ou foram reais), pois algumas podem já  ter falecido;  porem os seus nomes continua vivo em minha memória; seus nomes não foram  alterados já que  me autorizara  a colocar tanto nomes como    apelidos para compor este momento histórico, pois eu lhes devo muito pela confiança em depositada em mim.
                                                                                                                         
                                                                                                 O Autor

                                                                     

                                                                       Agradecimento
    

                    Em primeiro lugar quero agradecer ao Meu DEUS e a seu filho unigênito JESUS CRISTO  por conceder-me a vida,  pois estávamos  mortos em delitos e pecados; Ele nós salvo, morrendo  a nossa morte para que fossemos reconciliado novamente  com o PAI; e, ao ESPIRITO SANTO que me iluminou para poder escrever estes livros.  
                   Em segundo lugar agradecer a minha esposa Dilma (in memore) meus filhos Adriana Carla, Renata e Celso Junior, genros noras e netos querido e amada que sempre me deram alegria continuam a dar; e hoje como eu, aguardando a volta de JESUS CRISTO para  nos levar a viver com ele na mansão Celestial.
                  Em terceiro lugar aos meus amigos, não menos prestigiados, pois são sempre lembrados em nossos comentários pelo bem que a nós proporcionou.
                  Pelos quais eu peço a DEUS QUE EM SUA INFINITA GRAÇA E AMOR continue a abençoá-los em sua vida, bem como em seu labore cotidiana.
                 OBRIGADO Alvedir Passos Nunes, OBRIGADO Arauto Passos Nunes (Mais conhecido como Fifi), OBRIGADO Lauro (mais conhecido por coronel), OBRIGADO Haroldo Rescoviks (in memore) amigo inquestionável, OBRIGADO Piter Rogeres (in memória), OBRIGADO Geraldo Badaia, OBRIGADO Antonio Bento dos Santos, OBRIGADO Abner Ramos(in memória), OBRIGADO  Moises José de Lima, OBRIGADO Paulo Orlando de Mattos (mais conhecido como Paulo Maloca),  OBRIGADO José Alberto Rodrigues dos Santos (mais conhecido como Zezinho), OBRIGADO Glacir Joaquim Mendes (mais conhecido como Kral), OBRIGADO Washington (mais conhecido como baiano), OBRIGADO Chico do Breno, OBRIGADO Nego da Hora, OBRIGADO  Daniel, OBRIGADO Dom Jaime, Dom Tino (e outros amigos bolivianos), um agradecimento muito especial a Dona IRACI e suas cinco filhinhas que sempre nos hospedou com muito carinho em Santa Terezinha de Goiás quando íamos à busca de esmeraldas; muito OBRIGADO),
                 OBRIGADO a todos os amigos e irmão em CRISTO JESUS membros da IGREJA PRESBITERIANA FILADÉLFIA que  em tantas circunstancias na minha vida de iniciante de garimpeiro, me apoiaram e confiarão na minha pessoa.
                   Peço desculpas  e agradeço a tantos outros colegas e amigos profissionais de uma (CLASSE TÃO SOFRIDA), por não serem mencionado nominalmente neste livro.
Os quais não mediram esforços e me apoiaram durante a minha caminhada em busca do profissionalismo como GARIMPEIRO e em busca dos minérios preciosos (ouro e pedras  e preciosa Brasileira).
Mas lamentavelmente ainda existem pessoas que duvidam de minha capacidade; como ouvi certo dia alguém dizer: ‘MAS VOCÊ NÃO PODE ESCREVE SOBRE GARIMPEIRO, POIS VOCÊ NÃO TEM MUITO TEMPO NESTA ÁREA’.
                   A única coisa que posso dizer a esta pessoa é que tenho uma CARTEIRA DE BLASTER de número 064/81 com data de 19/01/expedida pela SECRETARIA SEGURANÇA INFORMAÇÕES do Estado de Santa Catarina.assinada pelo DELEGADO TITULAR DO DOPS/SSI/SC, a qual me deu o   direito à FUNÇÃO DE ENCARREGADO DO FOGO ( isto é compra, transporte e manuseio de explosivos) em qualquer parte do território nacional (garimpos). Quando ainda  era funcionário de certa Companhia.
                  Alem disto, tenho uma CARTEIRA DE AQUISIÇÃO DE SUBSTANCIAS MINERAIS, expedida pelo MINISTÉRIO DA FAZENDA de numero 03.394, e com data de 09/06/1987 em nome da firma LAPIDAÇÃO LANES & LANES LTDA., da qual era Gerente/Proprietário. Que muitos não a têm.
esta carteira tem  a Especificação das Substancias Minerais que poderia extrais comprar e vender.
Esmeralda, Água Marinha, Turmalina, Safira, Topázio, Cirino, Quartzo-Rosa, Morganita, Kunzita, Andaluzita-Dicroica, Crisoberilo, Ametista, Ágata, Ônix, e Opala em bruto.
                 Mas, não estou fazendo isto para me engrandecer, mas para dizer que apesar de pouco tempo e ter aprendido com grandes (mestre) conhecedores de mineração.
Estou apenas mostrando como é bom ter um presente com vários amigos e lembrança de dias gloriosos entre uma pedra e outra.  Celso Lanes


                                                                          Parte I


O retorno a Governador Valadares


                   A minha historia bem como da minha família (como garimpeiro) inicia-se no ano de 1981 quando ainda morávamos no Estado de Santa Catarina.
                  A nossa vida era de migrantes, pois eu trabalhava em uma Empresa (construtora) no ramo de construção civil, hidrelétricas, fabricas e estradas a onde por 11 (onze) anos trabalhei como Técnico na construção civil exercendo a função de Assistente de Engenharia em edificações  e posteriormente como  Chefe do Departamento Administrativo de  Pessoal.
                  Eu e minha esposa estávamos cansados de mudanças, pois eu era transferido sempre para obras que se fizesse necessário a minha presença.
                 Após sermos transferido do Estado do Espírito Santo para o Estado de Santa Catarina, passando a residir na cidade de Ibirama e posteriormente para o acampamento dos encarregados dentro do canteiro da obra, na localidade denominada Barra Dólmã distrito de Ibirama. (Ibirama -que significa na língua indígena -TERRA DA FARTURA- cidade e município de Santa Catarina, superfície 1.156 Km2
 ; população total 18.082; densidade demográfica 15,64 habitantes/Km2; população urbana 2.356; população urbana na sede municipal 2.066. Colônia agrícola estabelecida no século XIX por alemães e eslavos. Até 1944, denominada HAMONIA. Localiza-se na zona da Bahia do Itajaí, a 48 Km a O.S.O de Blumenau.)                                                         
                  ( Barra Dólmã foi primeira reserva indígena do Brasil (KAINGANG, YOKLENE E GUARANI), hoje com 16.716 HABITANTES 875 metros de altura do nível do mar, pertencente a Serra do Mar, banhada pelo rio Itajaí norte, local muito frio, porem, com muita fartura).
                  Barra Dólmã era um tipo povoado as margens do rio Itajaí o qual corria entre montanhas e florestas com muitas arvores nativa, muitas plantas e folhagem exuberantes ao lado da reserva (já desapropriada) vivia muitas famílias de origem Alemã, era pessoas trabalhadoras, exploravam varias culturas e criavam muito vacas leiteiras em um espaço de 5 etiquetares; mais ou menos 22 mil metros quadrado. galinha, porcos e ovelhas ou carneiros, e alguns plantavam fumo.
                  Quase todas as nossas necessidades eram fornecidas por ele, como leite, manteiga, queijo, ovos, carne de ovelha, pepinos em conserva e uvas.
Com tanta fartura à mão aprendi a fazer o famoso pão alemão e o mosse doce   feito de frutas como goiaba e pêra para passar no pão e degustá-lo.
                  Fazíamos conserva de quase todas leguminosas, até de ovo nos aprendemos faze (mas é bom que se saiba e uma delicia, mas quando destampava o vidro era um mau cheiro tremendo)tudo extraído da horta que nos tínhamos nos fundo da casa, poi sempre gostei de cultivar .
                  Eu como sempre apaixonado por pescaria não abria à mão de esta sempre no rio pecando e secando os peixes para comê-los depois como bacalhau (sem falsa modéstia o faço muito bem).                                     
                 Morávamos dentro da área da uma reserva indígena uma área desapropriada pelo Estado para se construir uma barragem a fim de conter as enchentes do Rio Itajaí que inundava as cidades ribeirinhas como Blumenau, cidade de 292.972 habitantes (censo do ano 2010).
                 Blumenau tem um clima subtropical úmido com temperatura quente entre 16º a 21º-C e esta situada em uma altitude bem acima do mar.
                O acampamento ou vila  residencial de Barra Dólmã onde morávamos está dentro de um imenso pomar onde tínhamos à mão uma variedade de fruta como mexerica pêra, maça, figo, goiaba, laranja de vários sabores e caqui.
               Tomamos somente sucos, quase não tomávamos água, alimentávamos de muitas conservas, queijos, ovos caipira, doces de todo os sabores sem contar os churrasco de carne bovina e ovelhas todos os dias, impreterivelmente se fazia churrasco na casa de um dos encarregados colegas de trabalho; e a participação era coletiva, não havia falha nem um dia sequer.
              O que eu sempre ouvia na janela do meu escritório era:
-Celso, hoje o churrasco é na minha casa.
              Comia-se a fartar, carne temperada somente com sal grosso e assada na brasa.Tudo regado a regada a chimarrão (o qual era consumido o dia todo mesmo nas horas de serviço, todos tinha a sua cuia com chimarrão e uma garrafa de água quente em seu local de trabalho e os famosos pinhões de araucárias) e pepino em conserva.
              As casas de madeira com aquecedor além do fogão a lenha aquecia o interior, proporcionando um ambiente aconchegante; ao dormir nos cobríamos com grossos  acolchoados cheio de algodão.
              No período do inverno quase não se enxergavam nada em pouca distancia devido à neblina; é que a região tem muitas nascentes de água em todos os morros que cerca o vale.
              As crianças quando iam para a escola agasalhavam-se tanto que quase não podiam andar,a escola ficava a mais ou menos uns 50 metros de nossa residência ao lado do supermercado, quando chegava aos sábados eu sai na porta de casa e gritava:
-Muller! Reserve para mim um contra file e uma alcatra para o churrasco de amanhã.
              Isto é o que consumíamos todo domingo lá em casa; eu, minha esposa Dilma, minha mãe Déa (mais conhecida como Ritinha) e maus três filhos Adriana Carla, Renata e Celso Junior,  pois aos domingos cada um dos encarregados  fazia seu churrasco separado e não conjuntamente como durante a semana.
             Minha Mãe, quando chegou lá, indo de Governador Valadares-MG nós já morávamos lá já algum tempo em Barra Dólmã..
              Quando ela viu nos fundos da casa alguns engradados de madeira cheio de abobora que eu tinha colhido no mato disse:
-Meu filho, arranje pra mim um tacho para eu fazer doce, e bastante açúcar.
              Eu fui até a cantina (cozinha onde se fazia as refeições dos funcionários da obra) e apanhei (2)  dois  caldeirões,  grande e leve para ela, e mandei dois funcionários da construtora com um caminhão até a mata e trazer bastante lenha para ele.
             Como eu já disse anteriormente, gritei para o Muller para mandar trazer um saco de açúcar cristal para a minha casa.
             Mamãe fez umas (10) dez latas grandes de doce para nós ( latas de querosene); foram tanto doce que quando viemos embora tivemos  a oportunidade de trazer umas quatro latas cheias, pois alem do doce abobora ela fez doce de figo, goiaba e pêra.
              Mas, voltando ao churrasco, certa noite bateram na porta de minha casa, e eu pensei que pudesse ser algum problema na obra ( o que acontecia sempre e me chamava  tarde da noite), quando abri a porta(um frio de menos 2º-c), era um dos encarregados que me disse:
-Celso, o Dr. Francisco esta convidando você e sua esposa e sua mãe para irem até o pau do meio (nome do quiosque) comer um cordeiro que esta assando para nos.
               Isto era mais ou menos de 1 a 2 horas da madrugada, e lá fomos nos saborear o churrasco de ‘borrego’ nome que se da a um cabrito novo no Estado do Rio Grande do Norte.
               E isto era para nos um sacrifício muito grande amanhecer o dia comendo churrasco e tomando chimarrão (ETA VIDA DIFÍCIL!).
               Apesar de termos tudo isto e muito mais não estávamos fazendo progresso (como ter uma casa própria, se bem que já tinham em Valadares), mas as crianças não firmavam na escola, pois quase sempre eu era transferido de uma obra (estado) para outra e isto atrapalhava o aprendizado delas.
               Então no ano de 1981, oramos a Deus colocando em suas mãos a direção de nossas vidas, pois iríamos tomar uma decisão que afetaria a minha carreira, pois estava deixando uma coisa certa por uma incerta e retornamos a Governador Valadares no Estado de Minas Gerais.                                        
               Governador Valadares e uma cidade pertencente a Micro Região do Vale do Rio Doce, localizada a nordeste da capital Belo Horizonte no Estado de Minas Gerais, a 320 quilômetros da mesma, Com uma população de 263.594 de habitantes estatística de 2010 pelo IBGE.
                A cidade ocupa uma área de 2348,1 Km² – Ponto turístico e o Pico da Ibituruna com 1.123 metros de altura sendo um dos pontos mais altos do leste mineiro é a  sede do campeonato mundial de vôu livre e de pedras preciosas bem como de uma pecuária produtiva..                                                                                 
Já foi chamada Em 1734 Arraiais de Porto de Dom Manoel
Em 1808 Porto das Canoas
Em 1888 Santo Antonio da Figueira
Em 1889 Distrito de Santo Antonio de Bonsucesso
Em 1923 Figueira
Em l937 Figueira do Rio Doce
Em 30 de Janeiro de l938 definitivamente passou a ser chamada de Governador Valadares em tributo ao Governador Benedito Valadares.
                 Banhada pelas águas do Rio Doce, tem em sua principal renda a Agropecuária e Pedras Preciosas e o turismo (voltado para o vôu livre e trilhas do Rio Doce).
Após chegarmos a Valadares e nos estabelecermos, tomamos a decisão de abrirmos um comercio, e a melhor opção no momento foi uma lanchonete para podermos atender as pessoas residentes no bairro onde morávamos (Bairro de Lourdes).
Esta lanchonete após ser montada com todo o requinte da época proporcionaria aos fregueses saborear vários tipos de vitaminas, e para isto compramos 8 liquidificadores.
Arranjei o ponto bem próximo a nossa residência em um ambiente residencial.             
Compramos mesas cadeiras, geladeira, fogão, estufa para conservar alimentos quentes, congelador para os frios, em fim todo o material necessário para lanchonete.
Realmente foi um sucesso, ia tudo muito bem em um período de 1 ano e 6 meses, quando foi influenciado por pessoas a vender bebidas alcoólicas, cigarros e mesa de sinuca e coisas do gênero de bar.
E este foi o meu maior erro, pois a partir daí começaram a surgir os beberrões que promovia badernas e desordem afastando as pessoas de bem que ali frequentavam para degustar os sabores das vitaminas sucos e misto quente que fazíamos com muito zelo e higiene. Nós preparávamos uns 3 quilos  fígado de galinha cozido no óleo por dia.  
Tinha pasteis de massa cozidas (especialidade de minha esposa), coxinhas, quibes etc.
Mas como eu já tinha dito após iniciarmos a venda de (produtos viciosos) cigarro, cachaça e cerveja, Deus retirou a sua boa mão de sobre  nosso e do estabelecimento. 
Em pouco tempo começamos a definhar, perdemos o freguês que nos traziam lucros, em detrimento aos tomadores de cerveja ( que pedem uma garrafa de cerveja e permanecem por ate 3 horas batendo papo nas mesas, muitas das vezes até altas horas – sem falar dos que já chega alcoolizado para perturbar).
Não demorou muito para que começar a falta de dinheiro e as dificuldades aparecesse, chegando ao fundo do poço.
Mas como dizem ‘HA MALES QUE SÃO PARA O BEM’ e este foi um, pois a pesar de sermos temente a DEUS, ainda não havíamos nos comprometido com ele.
Minha esposa e meus filhos começaram a frequentar a IGREJA PRESBITERIANA FILADÉLFIA – a 2ª Igreja Presbiteriana do Brasil em Governador Valadares, e eu continuava a dar cabeçadas em postes permanecendo na direção de um barco furado (antiga lanchonete).         
Mas DEUS, tinha um propósito para minha vida antes mesmo de eu nascer já estava determinado por ele de ser o seu servo humilde e fiel.
Certo dia apareceu uma pessoa disposta a comprar o então bar que já não era lanchonete e eu vendi com muito gosto.
Como minha esposa e filhos já estavam frequentando a igreja foi para lá e comecei a fazer parte da comunidade.
Permanecemos por um bom tempo como membro da classe de catecúmenos (noviço ou iniciante na fé cristã), até que no dia 04 de Março de l984 fomos batizados no nome DO PAI DO FILHO E DO ESPIRITO SANTO, e professamos nossa fé. 
E como membros maiores apresentaram os nossos filhos para serem batizado no nome do PAI DO FILHO E DO ESPIRITO SANTO pelo nosso querido amigo e irmão em CRISTO Pastor Onésimo Figueiredo.
Passando a partir daí integrar a FAMÍLIA MAIOR DE JESUS CRISTO, tendo a BÍBLIA como Regra de Fé e Norma de Conduta de Nossas vidas.    
Mas, muitas pessoas poderiam dizer ‘agora esta tudo bem’, mas não foi bem assim, pois, as condições pioraram; pois o inimigo enfurecido pela perca de 5 membros do seu séquito tentou de todas as formas nos subjugar, mas nos vestimos a armadura da fé e Por obediência e amor a CRISTO JESUS, resistimos e ele teve que fugir de nos.
Após alguns anos assumia uma A Classe de adultos e passei lecionar sobre a palavra de Deus.
A nossa vida a partir do dia em professamos a nossa fé no SENHOR  JESUS CRISTO, mudou, e nos passamos a fazer o culto domestico, cantando hinos e lendo as ESCRITURAS SAGRADAS E ORANDO e ensinando os nossos filhos a viverem diuturnamente uma vida de dependência exclusivamente em Deus.   




                         Parte II



A Viagem para Local Desconhecido


Passado algum tempo frequentando assiduamente a Igreja agora como membro maior (comungaste) e conhecendo melhor os irmãos.  
Após algum tempo fiquei sabendo que o Alvedir Passos Nunes, diácono da igreja  trabalhava com pedras preciosas e resolvi pedir-lhe ajuda no sentido de consegui-me algo para fazer (vender pedras – é bom que se saiba que eu era totalmente leigo em tal área).
Ao procurá-lo, de pronto ele me disse:
-Vou arranjar algumas pedras para você vender.
Em tão  começamos um dialogo mais aprofundado sobre a  minha situação financeira e ele me disse:
-Não! Não eu não vou arranjar as pedras para você, mas, vou arranjar uma pessoa que irar lavar você para o garimpo que é melhor; Vá até minha casa hoje ás 13 horas para eu te apresentar a ele; ele é meu irmão.
No horário que O Alvedir marcou fomos a sua casa eu e minha família; era domingo.
Ele nos recebeu juntamente com sua esposa e me apresentou ao seu irmão, Arauto Passos Nunes, mais conhecido como FIFI no meio dos garimpeiros.

-Celso, este é o meu irmão que lhe falei e que ira te ajudar

Cumprimentamos uns aos outros, e conversamos trivialmente sobre a vida em um breve tempo, então o Fifi me disse:
-O meu irmão me contou a sua situação e eu resolvi ajudá-lo; estou indo para o garimpo amanhã de madrugada, você topa ir comigo?
A minha resposta era obvia, pois eu estava precisando de ajuda e não tinha nenhuma perspectiva no momento e precisava cuidar de minha família, então eu disse:
-Topo.
Ele então disse:
-Mas você nem sabe para onde eu estou indo e já aceitou?
E Fez um ar de riso.
Ao que eu afirmei com toda a convicção e necessidade da ajuda.           
-Sim! Eu aceitei porque o seu irmão me disse que você poderia me ajudar, e quem esta precisando de ajuda não questiona para onde ira já que irei com você.
Então ele me disse:
-Celso, olha! O lugar e longe e muito difícil de ir e trabalhar e permanecer por lá.
Continuou ele.
-Nós iremos de carro até a cidade de Marabá, depois alugaremos um avião mono motor até a fazenda de nome ALTO BONITO que fica dentro da floresta Amazônica.
E prossegui com as explicações.
-Dormiremos ali na fazenda em redes e levantaremos às 4h00m e teremos que caminhar mais ou menos uns 50 quilômetros a pé por trilha no meio da mata.
Eu e minha esposa estávamos atentos a explicação dele como também as pessoas na sala.
-A minha proposta é que você vá comigo e mais 2 amigos; nós retornaremos, mas você permanecera por lá administrando os garimpeiros e a produção das pedras, até eu retorna.
Continuou ele:
Você ficara como se fosse meu sócio,  quanto  ao seu pagamento depois eu acerto com você.
Concordei com tudo que ele falou, depois perguntei:
-Fifi! Será que  você não poderia me dar algum dinheiro para deixar com minha esposa? Pois pelo que vejo deverei ficar por mais de 30 dias por lá.
Então ele me perguntou quanto eu precisava.
E eu disse:
-Uns Cr$ 250.000,00 (duzentos e cinqüenta mil cruzeiros) deve dar para ela conciliar as necessidades da casa até minha volta.
E ele me disse:
-Amanhã antes de sairmos eu te darei o dinheiro; Olhe! nos vamos sair bem cedo, fique preparado, certo?
Ao que eu respondi de proto.
- Certo.
À noite fomos à igreja para adorar o nosso Deus, e agradecer-lhe pela bênção que estava nos proporcionando com esta ajuda dos (2) dois  irmãos.
No outro dia bem sedo eles chegaram, Fifi me apresentou os dois companheiro de viagem.  
-Celso! Este é o Lauro mais conhecido pelo apelido de Coronel,  o outro é Alveir.
Nós os cumprimentamos e ficamos ali conversando.
O Fifi me entregou o dinheiro e eu retirei Cr$10.000,00 (dez mil cruzeiros) e coloquei na minha carteira e entreguei para a minha esposa Cr$240.000,00 (duzentos e quarenta mil cruzeiros) para as despesas até minha volta do garimpo.
Despedi de Minha esposa e meus filhos e entramos no carro, um Chevette ano l980 e saímos em direção a Belo Horizonte.
Paramos para almoçar na Barragem de Três Maria no Rio São Francisco (Distancia de Valadares a Belo Horizonte 320 quilômetros de Belo Horizonte até Três Maria 275 quilômetro perfazendo um total de 595 quilômetros pela BR 040).                                            
A USINA HIDRELÉTRICA DE TRÊS MARIA foi inaugurada no Ano de l962, tem uma extensão de 2.700 metros de largura, altura de 75 metros, sua capacidade de produção é de 376 MW (Mega Wots) de energia, seu reservatório e de 21 milhões de metros cúbicos de água, foi construída a 2.221 quilômetros da foz do rio, a área alagada é de 1.040 quilômetros quadrado, esta construída no Estado de Minas Gerais e pertence ao Governo do Estado, é administrada pela CEMIG – Distribuidora S/A.
Após o almoço prosseguimos viagem fazendo revezamento na direção do veiculo, enquanto uns dormia o  outro dirigia, assim prosseguimos até a Cidade de Araguaina.
Araguaina – Cidade e município do Estado de Goiás; superfície 9.672 Km2; população total 10.826; densidade demográfica 1,12 habitante /Km2. População urbana na sede municipal 2.382. Localizam-se na zona Norte Goiano (Hoje estado do Tocantins).
Permanecemos ali por dois dias, pois o Fifi residia e tinha seu escritório e negociava com pedras na região.
Nestes dois dias aproveitamos para comprar redes, coberta, mochila, lanterna e outras coisas que precisaria tanto na viagem como na minha permanência no garimpo.
Passando este período arrumamos as bagagens no carro e partimos em direção a Marabá no Estado do Para.
Foi uma viagem difícil, cansativa, pois a estrada BR=230 não era pavimentada; a transamazônica quase toda arenosa e não era fácil de controlar o veiculo, pois os pneus afundavam na areia dificultando a manobra.
Vez ou outra encontra ônibus atolados na areia precisando de uma ajuda para sair do atoleiro, parávamos e ajudava a empurrar.
Já tínhamos percorrido uns 200 quilômetros quando um dos pneus furou e tivemos de trocá-lo, paramos o carro e fizemos a troca, mas ai perdurou a duvida; e se furar outro pneu o que faremos?
Na distancia percorrida não vimos nenhuma cidade, somente alguns casebres de madeira coberto por folhas de babaçu.
Babaçu– Planta brasileira da família da palmácea de inúmeras utilidades; suas folhas e talos são aproveitados como cobertura e revestimento de casebre, o palmito e utilizado como alimentação.                   
Quando verde o coco levado ao fogo, produz abundante fumaça que é utilizado na coagulação do leite de seringueira.
Alem de fornecer 65% de óleo comestível de valor industrial como combustível e lubrificante da massa de seu
interior, a casca que é muito dura serve como carvão para aquecer água ou fazer comida.
Ficamos preocupados, mas tínhamos que seguir viagem, e assim o fizemos.
Quando já tínhamos a certeza de não encontrarmos uma cidade, pois o que se via ao longo da estrada já percorrida era somente floresta fechada, mas, eis que aparece um pneu escrito rusticamente (borracharia, e logo a frente um casebre como outros que já tínhamos encontrado.
Paramos o carro e antes mesmo de chamarmos apareceu um homem moreno típico dos moradores da região, (moreno queimado de sol) um (índio), vestido somente com calção, pois o calor na região é muito forte, e foi logo perguntando.      
-O que querem?
O Fifi tomando a dianteira e disse:
-O pneu furou e precisa ser consertado.
Apanhamos o pneu e entregamos ao borracheiro que entro novamente no casebre e o desmontou; retirando a câmara de ar furada.
O conserto foi rápido, lixou o local, passou cola, cortou um pedaço de uma borracha apropriada para o remendo colou, e em seguida colocou dentro do pneu e encheu de ar.
Então eu perguntei:
-Não vai testar para ver se existe outro furo, ou se não esta vazando?
A resposta foi rápida, rústica e bem grosseira:
-Não! Aqui não testamos nada.
Então eu insisti
-Mas se estiver vazando e precisarmos trocar por outro?
Nem bem eu tinha acabado de falar, surgiram mais três outros homens com enorme facão na mão, dando a entender que o serviço estava feito e que era preciso somente pagar.
Entendemos o recado e o Fifi que já tinha conhecimento da região perguntou:
-Quanto é?
-Cr$ 10.000,00 (dez mil cruzeiros).
Foi a resposta.
Olhamos um para o outro estupefato, pois o preço dado era o preço de um pneu novo, e ele somente remendou uma câmera de ar!
Mas como protestar? Em um local ermo com três homens armado e com expressão de violentos, achamos melhor pagar o seguir viagem.
Existe certo momento que o melhor a fazer é pagar o preço sem discutir; naquela hora o melhor era agir com bom censo e prudência apesar de sermos quatro contras (3) três (visíveis!) e ainda existiam os facões e ele estava no seu habitar em plena floresta amazônica.
O Fifi retirou o dinheiro da carteira pagou e entramos no carro e fomos embora.
O comentário dentro do carro e que fomos roubados. e nada podemos fazer;  e rimo a valer.
     Após ele incidente, viajamos mais ou menos uns 100 Quilômetros até encontramos um posto de gasolina (o único em todo o trajeto).
Paramos para abastecemos o carro e verificamos os pneus e depois nos dirigimos à lanchonete para comermos, pois já fazia mais de 8 horas sem comer nada.
Na lanchonete perguntamos a umas pessoas que estava comendo (achamos que fosse o dono do caminhão estacionado na frente da lanchonete, e era), se Marabá estava muito longe.
-Não! Não esta muito longe, mas vocês vão gastar mais ou menos umas (5) cinco horas até lá. São somente 120 quilômetros, mas,  de uma péssima estrada de areia.
Agradecemos pagamos a despesa e fomos embora seguindo viagem, e lá pelas oito horas da noite chegamos a Marabá.
Marabá – cidade e município do Estado do Amazonas, Brasil; superior a 24.977 Km2; população total 7.206; densidade demográfica 0,29 habitantes /Km2; População urbana total 717; população urbana na sede municipal 717. Localiza-se na zona do Solimões - Tefe.
A cidade estava em festa, pois era carnaval, e a folia era muito grande, o barulho era muito alto com as batucadas.
Fomos até um hotel, mas, o recepcionista disse que estava lotado, então nos dirigimos a outro, mas, estava lotado também.
Como o Fifi não sabia de outro resolvemos perguntar a um dos foliões onde tinha outro hotel, e a resposta foi:
-Hotel? Olha moço! Vocês não vão conseguir vaga em nenhum hotel da cidade, pois estão todos cheios; porque você não procura um Motel; lá tem vaga!
E continuou
-Saiam da cidade. Na entrada da mesma tem um excelente, muito limpo e o dono é uma pessoa muito boa, vai arranjar vaga para você.
Ficamos assustados com a sugestão, mas, ponderando que realmente seria a solução, saímos em busca do mesmo.
O cansaço e o sono estavam falando mais alto do que o pudor ou a preocupação com o lugar.
Apesar de que motel no exterior é o hotel ou pousada nossa à beira das rodovias (nos os brasileiros e que arbitramos contra este lugar como local de prostituição, e o que realmente  é).
Então nos dirigimos para lá; o que realmente nos surpreendeu foi o olhar de surpresa da pessoa que nos atendeu através de uma abertura na parede (uma espécie de janelinha de venda de bilheteria).
Os seus olhos arregalaram ao ver quatro homens procurar um motel. Não é difícil entender a surpresa, pois neste lugar sempre aparece dois; mas quatro! Era demais!
Ao notarmos a surpresa da pessoa, descemos do carro e eu falei:
-Não se trata do que você esta pensando, somos quatro homens, mas é que os hotéis estão superlotados e uma pessoa nos aconselhou procurarmos um motel, e nos indicou este, será que você não tem uns dois quartos vagos para passarmos a noite?
A resposta foi imediata:
-Sim, temos sim!
Então abrindo a porta nos franqueou a entrada para um pátio de onde visualizamos varias entradas fechadas, dando a entender que se colocava o carro em cada uma e fechava-se a porta para a privacidade de cada um.
O Fifi eu ficamos em um quarto (suíte) e o Coronel o Alveir em outro quarto ( suíte).
Entramos na suíte e o proprietário do motel ( no outro dia e que ficamos sabendo) percebendo a situação nos conseguiu, dois colchões de solteiro, pois em motel só tem uma cama de casal.
Tudo estava extremamente limpo, roupas de camas limpas toalhas limpas (por sinal duas talhas, dois sabonetes fechados) o banheiro limpo e cheirando.
Tomamos banho para relaxar os músculos e fomos dormir; o Fifi dormiu no colchão de solteiro no chão e eu na cama de casal.
Quando amanheceu nós arrumamos a bagagem s saímos para uma sala interna, pois o proprietário tinha nos convidado a tomar café com ele.
A mesa já estava posta com muitas coisas, frutas iogurte, leite café pão, bolo e outras coisas da região.
Ele nos disse que quando chegamo-lo ele se assustou, pois realmente só apareciam casais ou duplas, mas quatro, era demais.
Rimos de sua simplicidade e espanto, e conversamos por um longo período enquanto tomávamos o delicioso café.
No meio da conversa ele nos perguntou:
-Vocês estão indos para onde? E estão vindos de qual a região?
O Fifi que conhecia tudo por lá respondeu:
-Estamos vindos de Minas Gerais, de Governador Valadares, e estamos indo para a fazenda do Alto Bonito de propriedade o do Zé Firmino.
-Estou perguntando por que ontem a noite não deu para ver a placa do carro, e fiquei com receio de ser um assalto.
Conversamos mais um pouco, e Fifi pediu a conta, pagou, e nos despedimos e fomos para o aeroporto.  
 
  
                           
                                          Parte III


Alto Bonito

Agora eu poderia disser que iniciava a minha vida de garimpeiro, pois iria para o meio da floresta amazônica sem saber o que iria acontecer e o que eu iria encontra pela frente, mas como a minha confiança esta em Deus fui em frente.
Embarcamos em um avião monomotor um teco-teco de quatro lugares, mas que estavam levando (5) cinco o piloto mais quatro passageiros.
Estes pilotos estavam acostumados a levar passageiro para a serra pelada (garimpo de ouro), e fazia esta viagem despreocupada.
A viagem durou (1) uma hora e cinqüenta e cinco minutos sobre a floresta, rios e montanhas, acredito eu que percorremos aproximadamente uns quatrocentos quilômetros em linha reta.
Foi uma viagem longa percorrida em pouco tempo, então o piloto fez uma manobra e posicionou o avião para pousar.
A pista nada mais erra do que uma faixa de terreno (pasto) cercada de arvores dos dois lados e por uma cerca de arame farpado para impedir que o gado invadir a pista.
A pista realmente erra uma nesga de terra.
Nesga - pequeno pedaço de terra entre terrenos extensos, pequena poção de qualquer espaço de terra sem arvores vista de cima.
O piloto como vimos era experiente, pois manobrou o avião e pouso com segurança apesar dos solavancos e dos buracos na pista.
Pista - via caminho reservado a automóveis, bicicletas, cavalos, terreno onde pousa ou decola aviões, parando o avião bem próximo a casa da sede.
Desembarcamos, e eu fiquei admirando a propriedade, casa muito boa, curral de arame liso muito bem feito, pastagens muito bem cuidada, o gado nelore.
Nelore – diz-se de uma raça de gado bovino originária da província de Nelore (índia), todo branco sem uma mancha ou pinta.
A mata circundava toda pastagem até onde podia avistar, a casa da sede fica a poucos passos do rio em um barranco alto para evitar as enchentes que eram freqüentes na região no inverno.
Inverno - para nos Mineiros, Paulista e outros do Brasil Central e a época de frio; mas nesta região é a época das grandes chuvas que caem dia e noite alagando toda a região de baixios,  foi o que pude comprovar no período em que estive por lá.
Cumprimentamos as pessoas que estavam na fazenda, eram os empregados e o administrador que ali moravam.
O Fifi já os conhecia e perguntou pelo Zé Firmino e a resposta foi:
-Seu Fifi, ele deve estar em Marabá ou na outra fazenda, pois já faz alguns dias que não aparece aqui.
O Fifi agradeceu  pela resposta e então nos dirigimos a um rancho.
 Rancho – abrigo à beira da estrada, habitação pobre feita de pau a pique e rejuntada de barro, que ficava a poucos metros da casa principal, onde se hospedavam as pessoas que vinha para o garimpo.
Imediatamente armamos nossas redes nos paus fincados no chão para armar as redes.
 (Rede – peça feita de tecido de malha de algodão usada para dormir).
Depois de armarmos as redes e arrumar as mochilas no chão fomos até o rio tomar um banho para depois  ir almoçar.
Almoçamos na sede da fazenda, depois voltamos ao rancho e tiramos uma soneca.
Eu aproveitei este momento para olhar em volta a propriedade, pois é a coisa que mais gosto e o interior (mata, rio, floresta), e eu estava admirando e vendo porque o nome ALTO BONITO.
Então alguém me advertindo com as seguintes palavras:
-O senhor não se afaste muito da sede indo para o lado da mata, pois aqui tem muita onça rondando a pastagem em busca de um bezerro para comer.
Agradeci o aviso e não fui muito longe fiquei mais próximo da sede observando o rio de águas claras que dava para ver os vários peixes nadando.
Eram uma variedade de peixes, piranhas, tabarana, tambaqui, aru-anã, piaus, matrinxã, pirapitinga, pacu, pintado, cachara e vários outros peixes que não reconheci; e com isto o dia foi passando logo começou a escurecer.
Quando começou a escurecer iniciaram os barulhos dos vários pássaros que existem nas grandes florestas, pio de corujas, dos jacus, dos jaós, da jaçanã, saracuras sete potes e o barulho inconfundível dos bugios  ( nomes de um dos  macacos do gênero ALAUATTA, Guariba, Carajá, animal  de grande porte que faz um barulho enorme parecendo um engenho de moer cana), grilos, sapos etc.
Voltamos até a sede da fazenda jantamos e fomos dormir com um céu estrelado lindo ao som dos animais noturnos, além dos berros das vacas mugindo a procura de seus bezerros.
Apesar de não esta acostumado a dormir em redes, a noite foi ótima, pois os sons noturnos nos embalavam (para mim foi uma ótima noite).
Levantamos às quatro horas da manhã, ainda estava escuro, fizemos o café, tomamos e arranjamos as mochilas no burro junto com alguns mantimentos, e saímos em direção ao garimpo.
De (4) quatro horas e trinta minutos até as(6) seis horas quando o sol começou a sair andamos na pastagem, e logo após embrenhamos na floresta.
Caminhamos por trilhas abertas pelos garimpeiros até as treze horas, onde paramos em uma clareira para fazer o almoço e descansar um pouco em um rancho improvisados por garimpeiros que transitavam por ali.
Este local era o ponto de parada dos que iam para o garimpo denominado água quente (este nome foi dado ao garimpo devido existir uma nascente de água sulfurosa em uma temperatura de uns 60º-C saindo de dentro de umas pedras                                                       um verdadeiro paraíso para se tomar banho). Era também para quem fosse para a beira do Rio Madeira que ficava a mais ou menos uns 10 a 15 quilômetros dali.
Depois de almoçarmos reiniciamos a nossa jornada, e quando já era mais ou menos (19) dezenove horas chegamos ao pé de um morro (montanha) a qual tínhamos que subir e descer para chegar ao acampamento.
A noite muito escura nos obrigava a seguir com as lanternas ligadas, e isto foi muito bom, pois estávamos mais ou menos no meio da subida quando apareceram três garimpeiros do Fifi que estavam casando.
Paramos e nos cumprimentamos, e o Fifi nos apresentou, e logo reiniciamos a subida.
Eu fiquei para traz devido ser o mais idoso da turma, eu estava mais cansado, os outros mais jovens seguiram em frente.
Então para a minha surpresa e felicidade um dos garimpeiros parou e me esperou dizendo:
-Vou ficar com o senhor porque aqui tem muita onça e é perigoso andar sozinho à noite e ainda mais desarmado.
As providencias de DEUS para com os seus servos e tão maravilhosa que nos constrange:
 “Andarão dois juntos, se não houver entre eles acordo?” (Amos 3:3).
 “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu Nome, ali estou no meio deles” (Mateus 18: 20)
 “Chamou Jesus os doze e passou a enviá-los de dois a dois, dando-lhes autoridade sobre os espíritos imundos” (Marcos 6:7)
E isto acorreu naquele exato momento, pois o garimpeiro que ficou para trás era um servo do SENHOR JESUS CRISTO.
Começamos a nossa conversa mais ou menos assim:
-Esta muito longe o acampamento?
Perguntei ao Zacarias (este era o seu nome), e a sua resposta foi esta:
-Não Senhor! É só acabar de subir e descer este morro e estarem no acampamento.
Então eu falei:
-Graça a DEUS, que providenciou para que vocês estivessem aqui, e que você ficasse comigo, pois estou muito cansado, já estamos andando desde as (4) quatro horas da manhã.
Então ele me perguntou:
-O senhor é Evangélico?
E eu disse:
-Sim! Eu sou um cristão servo do SENHOR JESUS CRISTO e pertenço a Igreja Presbiteriana Filadélfia - a (2) Igreja Presbiteriana do Brasil em Governador Valadares – Minas Gerais  
Então ele me disse:
-Eu também sou. Sou da Igreja Assembléia de Deus em Araguaina- Goiás.
E isto foi para mim (e acredito que também para ele) foi motivo de grande alegria.
Nos nós  confraternizamos ali mesmo (E durante toda a minha estada no garimpo líamos Bíblia e orávamos sempre junto).
Ele tinha um irmão que também era evangélico, e isto foi um refrigério na minha alma, porque não haveria solidão ali no garimpo.
                               

                     Parte IV

O acampamento dos Garimpeiros

    
Acabamos de subir e viramos para o outro lado em plena escuridão guiado pelo Zacarias que conhecia bem a trilha e chegamos  ao acampamento que seria meu lar por um bom tempo.
Ao chegar fui apresentado a todos pelo Fifi que já estava ali juntamente com o Coronel e o Alveir.
Logo prepararam algo para comermos, enquanto, isto ficamos conversando sobre o local, não dava para ver nada devido a escuridão.
Comemos o que prepararam para nos, cuscuz (Massa de farinha de milho, ou de arroz, ou de tapioca, e coco ralado, assado na grelha) e café. 
Logo após jantarmos nos  preparamos para dormir.
Armei a minha rede ao lado do Fifi, e quando ia me deitar chegou o Coronel tentando  armando a sua rede no meio das nossas.
Então eu protestei, pois ficou muito junto.
-O que é isto Coronel? Com tanto espaço na barraca você vem colocar sua rede bem junto a nossa!
Então ele rindo muito como é o seu costume disse:
-O pessoal disse que as onças chegam até o acampamento, e se ela vir vai comer você ou o Fifi primeiro, eu não vou tirar minha rede daqui.
Isto provocou uma risada geral dentro das barracas, pois elas ficavam interligadas bem próxima umas das outras e todos ouviram sua declaração.
Amigo leitor, dormir em rede não é fácil, principalmente para quem nunca tinha experimentado este ( conforto) digo isto porque me acostumei e realmente é muito gostoso dormir com o seu balanço; hoje tiro de letra, pois com minhas andanças pelos garimpos neste Brasil sempre dormir em redes e é realmente confortável.
Não lia bíblia pois era muito difícil com a luz lamparina, mas orei ao SENHOR agradeci pela viagem e pedi para ele continuar a proteger minha família em Governador Valadares.
Levantei no outro dia com o corpo todo dolorido, pois era a segunda noite (dormindo??) na rede, além da viagem a pé, longa e difícil para quem não estava acostumado.
Levantei peguei a escova e a toalha e fui lavar o rosto na bica que ficava a alguns metros das barracas, onde já estavam vários homens fazendo a sua higiene matinal, cumprimentei a todos com um bom dia e esperei minha vez.
Após fazer isto apanhei minha Bíblia fiz o culto matinal e fui tomar café com o cuscuz que o cozinheiro tinha preparado, (do cozinheiro falarei depois; aguardem-me.)
Após o café o Fifi reunião os garimpeiro e me apresentou como seu outro sócio, e que eu iria ficar responsável pelo acampamento e pelo serviço de extração das pedras, e era  para que todos me procurar em qualquer duvida.
Depois disto fui apresentado aos outros donos de garimpos que tinha suas turmas trabalhando no garimpo, foram muito simpáticos comigo e atamos uma amizade que perdurou até depois que eu tinha vinda embora para Governador Valadares.
Termina as apresentações subimos o morro e fomos ver as frentes de serviços, as catas (escavação para mineração) de onde retiravam as pedras.
Olhamos uma por uma, era umas doze ou mais onde os garimpeiros trabalham em dupla devido o perigo de um ataque de onça, e ficava sempre alerta com a espingarda bem ao alcance da mão.
Fiquei sabendo da localização de cada uma, pois a partir daí eu seria o responsável tanto pela extração com vigiar os homens contra o perigo que poderia ocorre.
Além de onças, tinha também o porco do mato (nome de duas espécies nativas de porco selvagem; o mesmo que caititu e queixada)  que são mais perigosos que a onça.
A pintada mesmo não enfrenta a manada que geralmente são de trinta até cem porcos comandados por uma fêmea e tinha também  as cobras.
Após esta inspeção voltamos ao acampamento deixando os homens trabalhar na extração da ametista.




                       Parte V


A pedra AMETISTA


Ametista (pedra semipreciosa, de cor violeta, variedade de quartzo) e uma pedra fascinante devido sua cor e brilho (sou apaixonado por esta pedra),
O Fifi examinou as pedras, já retirada que se encontrava com o seu sócio de apelido ‘Baiano’ (in memória).
Alguns meses após eu sair do garimpo, o baiano fretou um avião no Alto Bonito e colocou muitos sacos de pedras no interior do mesmo, assim procederam aos outras dois que estava com ele.
Quando o avião tentou levantar vou e subir não agüentou e precipitou-se no rio, e com isto o baiano ficou preso dentro do mesmo morrendo afogado.
 Voltando as pedras o Fifi colocou algumas fora da barraca e começou a martelar (bater com o martelo apropriado na parte que não servia, até fica uma gema apurada).
Passamos o dia nesta atividade, Fifi, Coronel e Alveir martelando e eu e o Baiano observando, muito mais eu, pois queria aprender e estava curioso com o processo da apuração da gema.
Após ser martelada a pedra mostra toda a sua beleza, pronta para ser serrada e dar a forma desejada em rebolo de Esmeril (rocha natural que contem cristais de alumínio de grande dureza e cujo pó e utilizado como abrasivo – pedra de desbastar ou polir.
Estava pronta  e ser levada para mesa de corte das facetas e a lapidação (polimento).
À tarde estavam todas martelas; uns quarenta quilos de gemas puras prontas para embarcar para a cidade, possivelmente Governador Valadares, pois era o pólo de vendas de tais produtos.
Ás 16 horas e 40 minutos os garimpeiros começaram a chegar ao acampamento trazendo as pedras extraídas no dia, cada um colocava junto a sua rede o resultado do trabalho árduo durante o dia.
A partir daí iniciava-se a luta para se tomar banho.
A bica era somente uma e a água pouca e fria.
Formavam-se filas, uns molhavam o corpo e ia se ensaboando enquanto outros que já o fizera retiravam o sabão, O
Pessoal que utilizavam a referida bica era aproximadamente uns 180 homens.
    Havia uma harmonia muito grande entre o pessoal do Fifi e  das outras 3 turmas.
Após o banho os garimpeiros do Fifi se reunião nos barracos aguardando a chamada do cozinho para jantar.
Mas voltando a Pedro Ametista, esta era uma pedra de cor violeta como já tinha dito; e se encontra fixada nos paredões de rocha cristalina (quartzo de cristal).
 Exige-se muita força e destreza para retira sem quebrar, pois elas dão em cachos (fixas umas as outras) ou pontas em forma de pirâmides na terra solta.
Tem até mesmo bolas fechadas de quartzo muito dura que precisa ser quebrada ou serrada com serra especial, diamantada para se ver o interior.
A produção variava conforme a cata que se abria se na rocha era menos produtiva, se na terra solta era uma produção muito maior em torno de 3 a 5 toneladas mês ou até mais dependendo do garimpeiro.
Não era preciso utilização de explosivos como em outros garimpos somente picareta e pás e força de vontade.


             



                      Parte VI

                      A organização do Acampamento

Muito se fala de acampamento; e, de acampamento férias, acampamento a beira praia, acampamento de verão  todos com certo conforto.
O acampamento de garimpeiro consiste de uma cobertura de lona ou de folhas de buriti embaixo geralmente de uma arvore para amenizar o calor do sol.
Para que se faça uma barraca e necessário ficar os quatro ou mais Paulo para colocar os travessões onde se estende uma lona a fim de evitar uma chuva, mas no caso de garimpo é necessário fincar mais paus para se colocar as redes (amarrar) pois esta é a cama do garimpeiro, uma rede estreita e com um comprimento de 2 metros fora as cordas de sustentação.
Esta barraca não tem paredes, mas, em certo lugar é necessário fazer uma cerca de pau roliço afim de não entrar algum animal ou até mesmo a pintada (onça).
No acampamento tem um código de honra (acredito eu que ainda haja), todos respeitam a privacidade do companheiro e os seus pertences; e eu mesmo pude comprovar isto, pois levava dinheiro em espécie (dinheiro vivo) para os garimpos e deixava em minha mochila e nunca desapareceu um centavo, e ele sabia que tinha dinheiro nas mochilas pois eu comprava e pagava na hora retirando o dinheiro da mesma.
Pessoa alguma sentava em sua rede, cada um utilizava a sua ou assentava em pedaço de madeira pedra ou banco que era feito com troncos de arvores.
O fogão é rudimentar, feito de pedra e barro sobre uma plataforma de madeira e sobre ele colocava uma trempe  de ferro com os buracos para as panelas.
Às panelas (pretas) era enorme devido o numero de pessoas que alimenta (dependendo da produção e necessidade de mão de obra especializada ou não) tinha no garimpo do Fifi (48) garimpeiros sem contar o cozinheiro, e neste caso eu.
Ante de faze uma acampamento abria-se  uma clareira (cortava as arvores menores e rasteira deixando uma área limpa) no meio da floresta ou mata (que é a mesma coisa), e este acampamento era em plena floresta amazônica.
É necessária a escolha do local com muita cautela.
Longe de locais que podem ser inundado na época de chuvas intensas; (que é o caso do local que estávamos), fora de lugar muito acidentado, a beira de um rio ou córrego, ou uma nascente que é o nosso caso.
A floresta oferece abrigo em tempo de forte ventos sol intenso e combustível para os fogões, alem de frutas silvestres que é abundante, mel de abelha, açaí (Açaí –palmeira da Amazônia,de cujo fruto se faz refresco) o que é nativo na região e muito utiliza (para se estrais a polpa de açaí, me foi ensinado por um nativo de nome Ederaldo que fazia parte da nossa turma, do qual tornei-me muito amigo já que tenho dos dois lados paterno sangue de índio (bugre) da etnia CRENAQUE E MACHACALIS).
O Fifi, Coronel e Alveir ficaram mais ou menos uns (2) dois  dias no acampamento apurando as pedras para poder pagar os garimpeiros (que ganhava porcentagem sobre o que produzia).
Antes de parti o Baiano sócio do Fifi, me entregou uma espingarda de calibre 12 e vários cartuchos e um facão e me disse:
-Quando você sai do acampamento para fiscalizar as bocas (catas), não deixe a espingarda nem o facão, pois as onças ficam sempre de tocais nas trilhas que os garimpeiros passam.
Após a partida deles o acampamento ficou sob minha responsabilidade e eu deveria agir como dono (sócio) do Fifi e cuidar de tudo.
Comecei então a observar as condições do acampamento, e a disposição das coisas, como por, exemplo os alimentos, os sacos estava no chão, farinha, feijão, arroz, açúcar, milharina (fubá de milho pré-cozido) para o cuscuz, olho e o querosene bem junto a tudo.
Olhando isto, achei um absurdo, e quando os garimpeiros chegaram à tarde eu determinei que aos sábados só trabalhassem até o meio dia, para organizar aquela bagunça.
Fizemos um fogão, pois o cozinheiro estava cozinhando sobre umas pedras no chão.
Fizemos um local fechado de pau a pique com um estaleiro (uma espécie de mesa) e colocamos os sacos dos alimentos sobre ele.
Aproveitamos e fizemos outro local fechado para guardas as pedras retidas, cada saco pertencente a seu dono ficava ali guardado.
Limpamos em volta das barracas, e determinei que as necessidades fisiológicas só pudessem ser feitas a 100 metros abaixo da nascente de água, o que não estava sendo observado, e assim colocando ordem em todo o acampamento (toda a arrumação teve a aquiescência dos outros dois donos dos garimpos).
Aproveitando que os outros donos do garimpo que tinham barracas ali me darão  carta branca para agir em seu nome; determinei que não pudesse ter jogo de baralho, bebidas de espécie nenhuma, pois isto gera sempre confusão (inclusive mulher no acampamento).
No período que eu estive no controle de tudo não houve nenhuma desavença (após a minha saída menos de 1 mês tinha bebida mulher e jogo, e não tardou para  mataram um garimpeiro em uma discussão de jogo).
O acampamento ficou uma beleza depois de limpo e organizado.
 Mais higiênico e pratico aproveitando isto foi a vez de resolvermos a situação do cozinheiro (você se lembra que falaria dele depois, agora chegado a hora).
Ele se chama Manoel, e era sábado e todos estavam reunidos após a limpeza do acampamento, então chamei o Manoel:
-Manoel venha aqui um pouco.
Falei bem alto para todos ouviram, e ele veio, então eu lhe perguntei;
-Manoel quanto tempo você esta aqui cozinhando para o pessoal.
- Senhor Celso, eu acho que já faz uns 6 meses que estou aqui cozinhando para a turma do Fifi.
Então lhe perguntei:
- Quantos banhos você tomou neste período?
A risada foi geral no acampamento, pois já tinha me dito que ele não tomava banho desde o dia que chegou.
-Nenhum! Pois a água e muito fria e faz a gente passar mal.
A risada foi ainda maior, pois neste momento estava todo o pessoal reunido ouvido nossa conversa.
-Manoel! Hoje você vai tomar banho nem que seja  preciso a gente pegar você a força.
- Há não! Eu não vou tomar banho de jeito nenhum! Prefiro que o senhor me mande embora, mas banho eu não tomo.
Então eu que estava assentado ao pé da castanheira, apanhei a espingarda e voltei à arma para o lado dele e disse( se bem que ela estava vazia, mas ele não sabia):
-Tire a roupa agora.
Ele olhou os dois canos negros apontados em sua direção e começou a retirar a roupa, primeiro à camisa mostrando as marca da sujeira, depois as calça e parou.
-Tire também o calção.
Disse eu.
E ele retirou, e eu apanhei uma meia barra de sabão e lhe disse:
-Você só vai sair da bica quando este sabão acabar.
Em seguida gritei para a turma:
-Queime a roupa dele.
Eles rindo jogaram fogo sobre a roupa, e estas incendiou como se tivesse jogado gasolina nelas, pois estava ensebado de tanto o uso em volta do fogão e ficar no copo durante 180 dias ou mais.
E lá foi ele para a bica, ficando ali mais ou menos 1 hora ensaboando e lavando, ensaboando e lavando enquanto a turma caia na gargalhada, quando estava quase limpo dei lhe um sabonete para completar a limpeza.
Quando ele sai da água estava branco como leite, entregue a ele uma toalha e ele enxugou e foi para o barraco vestir uma roupa.
A partir deste dia eu ficava vendo se ele tomava banho toda a tarde.      
Certo dia o Ederaldo me chamou para ir pescar em um rio que passava a uns 10 quilômetros do acampamento:
-Senhor Celso, vamos pescar em um rio que passa a uns 10 quilômetros daqui, lá tem muito peixe.
Como sou um pescado veterano e apaixonado por pescaria aceitei de imediato e disse:
-Vamos sim Ederaldo, domingo nos iremos.
No domingo ainda com escuro saímos do acampamento para ir pescar, ele levava um (remanchín- nome dado por eles a uma espécie de cesta trançada com cipó onde eles colocam seu utensílio).
Ele colocou dentro desta cesta uma lata grande além de sal, farinha puba (a mandioca posta na água até amolecer e fermentar, depois é triturada e colocada para secar no sol) açúcar, fósforo  e um facão à cintura.
Eu levei a espingarda, cartuchos extras e um facão na cintura e disposição para andar 20 quilômetros, o que realmente fizemos foi quase corre em todo o percurso de ida e na volta.
Agora é que entra a historia do açaí, quando nós fomos eu matei um enorme jacu com um tiro e nos o levamos e comemos na beirada do rio assado na brasa.
Na volta encontramos vários pés de açaí com os frutos pretinho; sinal que estavam maduros, e o Ederaldo me disseram:
-Vamos comer um pouco de açaí e depois levar para o acampamento.
Eu na minha pouca experiência (ou quase nenhuma em matas como aquela)  fiquei imaginando como colher o cacho do açaí, já que o mesmo estava a uma altura de mais de (6) seis metros do chão.
Ai entra a experiência do nativo ou pessoas que vivem na roca, matas ou floresta (no interior).
Ederaldo, simplesmente foi até um pé de açaí pequeno, cortou uma folha trançou uma espécie de corda fazendo um elo, colocou os pés dentro e foi subindo aos pulinhos até chegar ao cacho maduro.
Cortou um, penduro na cintura, passou para o outro pé sem descer, apenas puxando pela folha encostou-o ao outro e mudou de coqueiro, cortou mais dois cachos e desceu.
Então me disse:  
-Agora enquanto o senhor faz uma fogueira vou buscar um pouco de água em uma nascente que vi logo ali.
Em poucos minutos volto com a lata quase cheia de água e colocou sobre a fogueira até a água  ferver.
Quando a água ferveu, ele colocou os coquinhos do açaí que ele mesmo já tinha despencado e colocado em uma espécie de balaio que tinha trançado com uma rapidez impressionante de folha de açaí.
Retirou a lata do fogo, deixou esfriar um pouco, introduziu as mãos dentro da lata e esfregando os coquinhos extraiu sua polpa e misturado a água.
Apanhou uma cuia (que eu não tinha visto colocar no remanchinho e uma colher) derramou um pouco do mingau na cuia colocou açúcar e farinha puba e me deu perguntando:
- O senhor já comeu açaí?
E eu respondi;
-Não! Nunca tinha nem visto nem o fruto quanto mais comer!
Então ele me disse:
-Este é um alimento muito forte e nutritivo. Uma cuia desta alimenta uma pessoa por um dia; é muito usado por todos os mateiros (diz-se de pessoa que moram e vivem nas matas, seringueiros, catadores de babaçu, exploradores de terra) e os índios da floresta em suas andanças pela floresta.
Eu sempre admirei (e vou continuar a admirar) as pessoas que vivem e sobrevivem com a menor condição de se alimentar. em que nenhuma pessoa que tem todo o conforto da cidade, duraria mais que um ou dois dias sem ajuda dos nativos da terra.
Acabamos de comer, e ele colocou o restante dos frutos retirado dentro da lata, e reiniciamos a nossa volta ao acampamento.



                                          Parte VII

Garimpo da água quente


Todos os garimpos que passei administrando ou comprando pedra tinha um nome que destaca de outros.
E este não era diferente, o seu nome ficou conhecido como o garimpo da água quente.
Como eu já tinha determinado que não se trabalhasse aos sábado após o meio dia, tinha que arranjar algo para a turma fazer, e foi ai que alguém me disse:
-Senhor Celso, Tem um lugar a uns 1000 Metros daqui que tem uma água muito quente, porque não vamos lá tomar banho e lavar as roupas.
Aceitei a sugestão e a parti daí passamos ir todos os sábados para lá, e ficávamos o resto do dia tomando banho e lavando a roupa, era uma maravilha, a água saia de dentro de uma rocha em uma temperatura de mais de 60º-C, precisava tomar cuidado para não queimar.
Como a outras turmas ia com a gente, fizemos uma piscina de pedra com areia e ali nos ficávamos de molho por horas a fio.
Toma banho bebia a água que parecia sulfurosa limpando os órgãos internos deixando limpo por fora e por dentro, fazia a barba etc.
Depois que eu saio do garimpo dissera-me que escavaram na proximidade da água quente e tiraram as melhores pedras já encontradas na região.



                       
Parte VIII


Vestígio da Onça Pintada
                               

Certo dia sai como de costume para vistorias as catas, e ver como estava indo o trabalho dos garimpeiros, e um deles me chamando e me mostrou algo que me deixou de cabelo em pé.
-Senhor Celso, veja onde a onça afiou as unhas neste troco.
Cheguei perto e vi as marca das unhas, e colocando-me junto ao troco tentei colocar a mão no local que tinha ela iniciado as ranhuras na arvore, mas não dei altura, apesar dos meu 1.75 metros mais o braço estica ainda assim não deu.
Fiquei imaginando enfrentar cara a cara um animal deste porte mais de (2) dois metros de comprimento pesando uns 80 a 100 quilos e mais a ferocidade do animal, seria impossível dominar tal ferra.
Certo dia apareceu no acampamento um homem querendo falar com o responsável ou dono do garimpo, e ele me chamaram.
-Boa tarde, é o senhor o responsável pelo garimpo? Meu nome e Lucio
- Boa tarde! Sim! Sou eu, em que posso ser util.
Então ele me disse que morava aproximadamente uns 2 a 3 quilometro dentro da mata e que criava porcos; e que tinha duas onças rondando pela região, e ele tinha matado uma terceira e que as outras tinha escapado levando um dos porcos que ele criava.
-Avise para o seu pessoal nunca sai sozinho e nem desarmado, pois as bichas estão caçando nesta região e são grandes e muitos ferros, e atacam mesmo não respeita nada.
Agradeci o aviso e ele despedindo foi embora.
Passado alguns dias pude comprovar esta verdade, não que tivesse sido atacado, não! Não e isto.
O garimpeiro e um homem que trabalha duro na extração de minérios; no caso a ametista.
E por isto precisa alimentar-se muito bem, e a base de uma alimentação neste caso e a carne, muita proteína, e tinha acabado o estoque no acampamento, pois as caça estava se afastando e ficava difícil conseguir carne.
Eu tinha separado dois homens para ficar somente por conta de caçar, mas estava muito difícil encontrar animal grande como o veado, anta, paca e outros de maior porte, afinal eram 48 garimpeiros mais eu e o cozinheiro perfazendo um total de 50 bocas para alimentar.
Então resolvi procurar o Zé Firmino, pois ele tinha do outro lado do morro o seu acampamento porque extraia as pedras em sua propriedade memo.
Apanhei a espingarda coloquei o facão na cintura coloquei no bolso alguns cartuchos de reserva e lá fui eu para o outro lado.
Chegando lá encontrei o Zé Firmino na rede descansando de ficar sem fazer nada (você já viu quem possui duas fazendas enormes cheia de bois, tem garimpo rico como o da ametista e ainda cobra porcentagem das pedras que sai do garimpo, tem avião particular para visitar as fazendas, precisar trabalhar? O negocio é ficar na rede).
- Olá Zé, tudo bem.
Eu já o conhecia, pois um dia ele apareceu no nosso acampamento procurando pelo Fifi e um dos garimpeiros me apresentou a ele.
- Oi Celso! Entre e sente, venha tomar um café.
O Zé Firmino era destas pessoas tranqüilas, muito calmas, um homem muito alto (com aparência do Sergio Reis).
Levantou da rede me cumprimentou e mandou que nos servisse um café.
O cozinheiro apanhou dois copos e nos serviu um café forte e doce, muito gostoso.
Tomamos o café e batemos um papo sobre coisas trivial e sobre o garimpo, como ia a produção, então eu aproveitando disse-lhe:
-Zé! Estou precisando de carne para meus garimpeiros; como você sabe são  48 bocas para alimentar mais eu e o cozinheiro e  não tem carne que da, e, a caça esta ficando cada dia mais difícil, será que você não me vende uma vaca lá da fazenda para eu alimentar esta turma até o Fifi chegar?
Então disse:
-É verdade! Eu também estou com este problema apesar de que a minha turma e menos da metade da sua.
E me disse:
-Você pode ir a fazenda e procurar meu administrador, o Moreira, e falar com ele para reunir o gado solteiro, (solteiro vacas sem bezerro ou  novilhas) e você escolhe o que quiser, você manda na fazenda, fique a vontade, inclusive o mande ele destrancar o meu quarto para você dormir.
Agradeci, e lhe disse:
- Zé, eu não tenho dinheiro, mas quando o Fifi chegar ele acerta com você, ele deve vir daqui uns 20 dias.
-Celso, como eu já te disse, você manda, não tem problema nenhum.
Eu despedi dele e retornei ao nosso acampamento do outro lado do morro.
Eu agradeço a DEUS, pois pelo pouco tempo que eu estava no comando do acampamento todos me respeitavam.
Eu tratava a todos com educação, respeito e era organizado em todas as áreas do garimpo, e com isto os outros donos de garimpo haviam me colocado como o capataz de todos, nada entrava ou saia sem minha permissão ou mesmo fazer alguma coisa.
Sendo um acampamento só de homens, havia necessidade de certos divertimentos nas horas de ociosidade (sábado após o meio dia e domingo),
Mas eu proibi definitivamente o jogo de baralho que só traz aborrecimento bebidas em hipótese nenhuma, quando alguém chegava de fora tinha que ser revistado, sua bagagem passava pelo nosso crivo,
Quando era encontrados bebida ou baralho chamava o seu patrão e este derramava a bebida no chão, e se fosse baralho era queimado. Mulher? Nem se fala não podia nem mencionar o trazer para o garimpo.
Enquanto eu estive no comando não houve nenhuma discussão, briga, ou qualquer bate boca, mas após a minha saída não passou 30 dias e já tinha mulher, bebida, jogo e até matar um garimpeiro tinha acontecido.
Houve um fato até inédito, pois eu agia como se fosse um XERIFE do velho oeste americano, todos me procuravam para saber o que fazer oi minha opinião.
 Certo dia pareceu um homem que procurava serviço (um furão, como era conhecido pessoas que vivia a procura de minério e não se estabelece).
Ao ser revistado encontrarão 2 litros de pinga (cachaça).
Quando perguntado de onde ele tinha trazido, ele respondeu que tinha vindo da beirada do rio e que tinha um  caminhão vindo de Marabá cheio de cachaça.
 Marabá estava a mais de 400 quilômetros do acampamento e não tinha estrada era preciso fazer picada para passar o caminhão.
-Eu comprei na beira do rio madeira.
E continuou:
-O comerciante que esta com uma carga de bebidas, tem varias mulheres para vir para este garimpo.
Ouvindo isto, chamei os donos dos garimpos e fomos  procuramos o Zé Firmino para saber se ele tinha dado autorização para tal homem.
-Não Celso, eu desconheço isto, e tenho aversão a bebida e prostituta.
Então decidimos mandar 2 homens mais velhos e responsáveis para destruir a carga e expulsar as mulheres de volta à Marabá (tinha que ser pessoa idosa e responsável, pois garimpeiro gosta mui de ‘me’, gíria em torno da cachaça).
Mandar gente nova era arriscar eles se envolverem com a bebida e mulher e não agir conforme nossas ordens que era quebrar tudo por fogo e expulsar as mulheres e o homem da região do rio madeira.
Você que estará lendo este livro pode pensar que estava agindo arbitrariamente; mas em uma região de mata fechada sem lei.
A lei era do mais forte (ou como se dizia, se alguém estiver muito doente da um tiro nele e o enterre) era a coisa mais simples que achava na região.
O rio madeira fica a aproximadamente 385 ou 390 quilômetros de Marabá dentro da floresta.
Não havia estrada, somente picadas (trilhas aberta com facão) e o único transporte era através do rio, uns 5 a 6 dias de viagem, enfrentando as cachoeiras ou de avião uns 00h50m ou 00h60m ( só que na região não tem campo de pouso nem igual ao da fazenda do alto bonito).
Enviamos os 2 homens e ficamos aguardando seu retorno com as noticias.
Após 6 dias e 3 noites eles apareceram no acampamento, com as noticias.
-O caboclo tinha feito uma picada com moto serra e trousse a bebida e as mulheres em uma caminhonete, ele disse que demoraram mais de 60 dias para chegar até o rio madeira, que iria contratar uma tropa de mula para trazer a bebida e as mulheres para este acampamento.
Então nos perguntamos o que ele fizerem.
-Nos cumprimos a ordem que o senhor nos deu, quebramos tudo e colocamos fogo e expulsamos o caboclo e as mulheres.
-E ele não reagiu.
Perguntou o Honório um dos donos do garimpo.
-Ele tentou apanhar sua espingarda, mas nos não deixamos, e ele disse que ira até Marabá denunciar que este garimpo esta matando gente e enterrando; e que nos batemos nele e quebramos todo o seu estoque de mercadoria e roubando o seu dinheiro.
De fato o homem fez isto, pois certo dia (o dia que fui a fazenda buscar a vaca, ainda vou contar esta parte) apareceu 2 helicóptero sobrevoando o acampamento e dele desceu uns 20 soldados do exércitos e cercaram o acampamento, enquanto um tenente mandou revistar os barracos e apanhar as armas de fogo.
O tenente então perguntou que era o responsável pelo garimpo, a resposta é que eu estava para a fazenda do alto bonito, mas tinha ficado o Mariano em meu lugar e que era um dos donos e líder também no acampamento.
Chamaram o Mariano, e o tenente lhe perguntou;
-Quantas pessoas já foram  mortas no garimpo, pois recebemos a denunciado que aqui se matava por qualquer coisa, por uma discussão de jogo ou mulher ou cachaça.
O Mariano então argumentou que no acampamento era proibido: mulheres, bebida e jogos, e, que não havia briga e que nunca ninguém tinha sido morto no acampamento.
Disse mais, que as armas que tinha era somente espingarda para a proteção dos garimpeiros e para caçar.
Eu fiquei sabendo que o Mariano argumentou com o tenente da seguinte forma:
-Senhor tenente, se a denuncia e verdadeira como nos mandamos os homens destruir a bebida e expulsar as mulheres novamente para Marabá?
Diante de tal argumento, e vendo que não existia, bebida, baralho e nem mulher após a revista dos barracos, o tenente mandou deixar as armas e foram embora, Ito foi o que me falaram quando voltei.
Mas voltemos ao assunto da carne de vaca que eu iria buscar na fazenda.
Então eu me despedi do Zé Firmino e voltei ao nosso acampamento, fale com o Honório que eu eia a fazenda buscar uma vaca para o meu pessoal, e ele me disse:
-Celso, eu tenho umas pedras para mandar para Araguaina pelo avião, vou aproveita e ir com você.
Acertamos que sairíamos no outro dia ás 4 horas da manhã, eu, ele dois dos seus garimpeiros com as pedras e dois dos meus para traze a carne.
No outro dia saímos no horário combinado, à noite estava escura e o Céu estrelado, junto conosco foi uma cachorrinha de um dos garimpeiros.
Quando saímos da clareira e entramos na floresta fechada ficou mais escuro ainda, já tinham caminhado mais ou menos umas 2 horas quando a cachorrinha começou a chorar e entrar entre nossas pernas dificultando o caminhar.
Então o Honório disse;
-Celso! As onças estão por perto, vamos modificar o andar, vamos a fila indiana.
Mudei então, Eu como estava com a espingarda ia à frente, os (4) quatro garimpeiros entremeado, (1) um com os sacos de pedras na cabeça e  outro com a espingarda, em seguida outro com o saco de pedras na cabeça e o outro com a espingarda e fechando a fila o Honório que estava com os seu dois inseparáveis revolveres.
Todos com as lanternas acesa clareando o mato em volta e à frente.
A cachorrinha estava desesperada, só parou de ganir quando alcançamos a clareira onde paramos para  descansar,após umas  3 horas de caminhada.
O dia já estava claro quando paramos para tomar um café, para depois retornarmos a marcha.
Daí para à frente era mais cômodo a picada era mais larga e durante o dia não havia muito perigo.
Chegamos à fazenda mais ou menos umas 5 horas da tarde.
Conversei com o administrador transmitindo as ordens do Zé Firmino, e ele me disse que no outro dia iria juntar o gado para eu escolher o que eu queria.
Pedimos então que a mulher que estava na casa fizesse uma galinha para nos comermos com arroz; então ela disse que iria fazer mar que iria custar Cr$ 10.000,00 ( Dez mil cruzeiros) o pedaço.
Estranhamos tal atitude, mas, não discutimos jantamos pagamos cada um os dez mil cruzeiros o pedaço que comemos, fomos dormir.
Eu dormi no quarto do Zé Firmino, e os outros foram dormir no rancho nas redes.
Levantamos cedo, o Honório retornou ao garimpo com um de seus garimpeiros e eu fui tomar café com leite  e  cuscuz de milho, quando estava quase terminando o administrador chegou e disse que o gado já estava no curral.
Apanhei um laço de couro fino e bom de bolear e entrei no meio do gado para escolher uma que me servisse, pois teria que ser uma rés gorda e bem grande.
Escolhi uma vaca de mais ou menos 20 a 22 arrobas (arroba- peso de 15 quilos) 300 a 330 quilos; lacei a mesma e passei o laço em um mourão (pau finca do meio do curra para amarrar rés, E os vaqueiros foram tocando o gado e ela foi aproximando do mourão até encostar a cabeça.
Não foi uma tarefa fácil, pois a vaca além do peso era muito brava e exigia muita força então amarrei a corda na cerca e eles soltaram o resto do gado para o pasto.
Matei a vaca, terei o coro e levamos a carcaça para um galpão e dependurando-a por parte para descarna (retirar a carne dos ossos).
Já estava bem adiantado o serviço quando apareceu o Lucio apareceu na entrada do galpão e nos cumprimentou.
-Bom dia para todos.
-Bom dia.
Respondemos todos nos.
-Senhor Celso, você tiveram algum problema com a onça?
-Não Lucio! Somente que a cachorrinha de um dos garimpeiros do Honório ganiu muito e deduzimos que deveria ser a onça pelo que o Honório disse, e nos prevenimos, mas nada aconteceu.
Ai ele falou novamente:
-Quando você voltarem veja o estrago que fizeram ao longo da trilha, quebraram Paulo, arranharem arvores defecar e urinou para todos os lados, demonstrando uma fúria incontida, elas queria comer a cachorra ou alguém de você, só não atacou porque viram vários focos de luz das lanternas, senão teria atacado.
Conversamos mais um pouco sobre as onças, e eu agradeci o aviso e ele sai do galpão.
Terminamos de desossar a vaca, salgamos a carne deixando escorre um pouco a salmoura para depois embalar.
No outro dia bem cedo enfardamos a carne colocando á nos balaios de jaca (balaios feitos de taquara para transporte de mercadorias), colocamos a cangalhas (artefato feita de couro e madeira própria para animais de carga) em (2) dois burros dependuramos os balaios com a carne salgada e partimos para o garimpo.
Quando ultrapassamos a clareira após almoçarmos e começamos entrar na trilha mais estreita, vimos os estragos que as onças tinham feito atrás de nos quando estávamos indo para a fazenda.
Na volta veio conosco o outro garimpeiro do Honório, e nos ficamos alerta, pois agora tinha alem de nós os burro e o cheiro de sangue da vaca.
Após a nossa saída do acampamento para vir à fazenda houve um acidente com um dos garimpeiros que tinha perfurado o pé com uma picareta, dois colegas o estava trazendo para apanhar o avião e ir para Marabá.
Eles disseram que o colega estava muito mal com o pé fura e ainda tinha caído do burro.
-Estávamos parados na clareira à beira do riacho tomando água quando a onça (esturro) miou e o D-8 (nome do burro) assustou e derrubou Orlando.
No meio da trilha após a clareira tinha um riacho que deveria ser cruzado por todo, e era um ponto de parada para tomar água.
Deitado no chão embaixo de uma arvore estava o Orlando gemendo de dor.
Eles me contaram que colega foi cortar o barranco e a picareta resvalou em uma pedra e atingindo o seu pé, perfurando de um lado para o outro, mas o mais grave foi o tombo quando caiu no chão, ele estava reclamando muitas dores dos lados.
Foi até ele e deu uma olhada, e com a minha experiência em primeiros socorros deu para perceber que tinha fraturado algumas costelas e além do pé agora, mais este sofrimento (pois nos garimpos não existe remédios para tais acidentes, somente para dores de cabeça dor da barriga e outros sintomas mais leve)..
Mas graças a DEUS ele conseguiu apanhar o avião, que o pessoal da fazenda tinha solicitado pelo radio, e após alguns dias um dos que o acompanhava voltou ao garimpo e nos deu a noticia que ele estava bem apesar de ter fraturado 4 costelas com a queda do D-8.
Despedimo-nos e eles continuaram para a fazenda e nos para o garimpo.
Na entrada da área do garimpo ficava o acampamento do Zé Firmino, aproveitei para conversar com ele sobre a vaca falando como tudo foi bem, mas ao mesmo tempo reclamei com ele sobre a cobrança dos CR$ 10.000,00 (dez  mil  cruzeiros) por pedaço de galinha, ele ouviu calado, depois que eu parei ele deu um grito:
-João, Jeremias, venha aqui.
Os dois homens chegaram rápido, e deu para notar que não eram garimpeiros, mas homens de confiança do patrão.
-Apanhe suas armas e vão até a fazenda, e expulse aquela gente que esta lá, eu não autorizei ninguém morar lá, muito menos cobrar alimento de pessoas que passam por lá.
Os dois homens apanharam as armas os seus remanchinhos e voltaram à presença dele, e ele disse mais:
-Fale com aquele moço (administrado) que logo que eu poder irei até lá acertar as contas com ele; outra coisa, de uns tapas na mulher e mande ela sumir de lá, irem embora, fique por lá us dois ou três dias para certificar que realmente foram embora depois voltem para Ca.
Mais uma vez agradeci ao Zé Firmino Por sua atenção, e ele me respondeu:
-Celso! Eu não autorizei e nem autorizo ninguém cobrar qualquer coisa na fazenda de pessoas que ficam hospedadas por lá, eu não sabia deste pessoal, pois já tem mais de 30 dias que estou aqui na mata; eu é que te agradeço por me falar desta gente.
Despedi, e continuei o retorno ao acampamento do outro lado do morro.
Chegamos ao acampamento sem nenhuma novidade a respeito da onça; penduramos a carne no sol para secar e entregamos ao cozinhei os miúdos para fazer para nos.
Nós só deixamos para trás o couro, a cabeça e os ossos, as tripas bucho e miúdos nos torcemos e comemos tudo.

                                                                                          Parte IX
                
                        A viagem à Beira do Rio Madeira


Já tinha passado mais de 40 dias e o Fifi  não aparecia, o arroz tinha acabado e a carne da vaca já estava no fim, precisava conseguir alguma coisa para suprir a despensa, pois alimentar 50 pessoas não é fácil, em cada refeição era utilizado 4 quilos de arroz, 3 quilos de feijão 4 quilos de farinha e 8 quilos de carne.
Então tinha que recorrer ao Zé Firmino que alem de tirar pedra ainda explorava os garimpeiros, pois tinha um mine armazém no seu acampamento, e vendia (trocava) por um prato de farinha 2 quilos ametista.
Comprei o necessário para uma semana, mas o tempo foi passando e nada do Fifi aparecer, nos já estávamos comendo somente cuscuz.
Então reforcei com os caçadores o valor de 1 quilo de pedra para cada animal abatido, pois ele ganhava o mesmo que os outros trabalhadores, e graças a DEUS no outro dia ele conseguiram trazer para o acampamento (1) um  veado, (1) Uma cotia, (1) um porco do mato e (1) um macaco.
Trouxeram tudo e entregaram ao cozinheiro para limpar e preparara almoço.
O cozinheiro, o Manoel, limpou tudo e perguntou como iria fazer; pois alguns não comiam paca, outro não come macaco e era difícil preparar a comida.
Então eu disse para o Manoel:
-Manoel! Cozinhe tudo junto, não há jeito de separar nada, primeiro que é pouca caça e não temos panela para cozinhar separado.
Ele argumentou comigo:
-Senhor Celso! Esse pessoal não vai comer não! Eles vão  reclamar e ficar com fome.
Então eu disse:
-Manoel! Deixe comigo, quando ele chegarem me chame que eu mesmo resolvo.
Na hora do almoço desceram todos, vendo a panela de carne e sabendo que não tinha mais carne de vaca perguntaram.
-Manoel, carne de que é isto?
O Manoel olho com uns olhos arregalado para mim pedindo ajuda, então eu disse:    
-Pode falar o que é Manoel.
Então ele disse:
-O senhor Celso mandou cozinha tudo junto, macaco, cotia, paca, porco do mato e o veado. Não é culpa minha, pois sei que alguns não comem carne de paca, outro de macaco!
Então começou o protesto:
-Eu mesmo não como veado.
-Eu não como macaco.
-Paca é indigesta, eu não como.
Vendo a atitude de alguns eu disse:
-Pessoal! Vocês sabem muito bem que o Fifi ainda não chegou o arroz já não tem mais, a carne que busque na fazenda acabou, estamos comendo somente cuscuz; eu já fiz uma compra na Zé Firmino e já acabou o jeito é encarar esta panela de carne ou ficarem comendo cuscuz todos os dias.
E para dar exemplo apanhei um prato coloquei um pedaço de macaco e um de paca, coloquei farinha e fui assentar embaixo da castanheira
Quando voltei para servi novamente não tinha mais nada na panela, somente um pouco de caldo da carne,              (nem o osso tinha mais).
Ai eu falei em tom de brincadeira:
-Amanhã vamos comer carne de cobra, e eu que ver que vai ficar sem comer.
Foi uma risada geral de todos além de comentários jocosos um com os outros.
Uns disseram:
Foi pouco, eu comeria mais até o macaco sozinho.
Ai foi nova risada.
Eu então fale:
-Olha! Bucho vazio pede comida e não cardápio, ninguém fica com fome, porque quer ou não comida é comida não importa sua natureza, (cozido até sopa de pedra e bom).
Quando foi a noite sai na redondeza próxima e consegui (2) duas enormes rãs pimenta, elas pesavam mais de 1 quilo cada uma, matei-as tirei o coro e fritei para comer com palmito que tinha tirado de um pé de açaí pequeno.
Todos queriam provar um pedaço, pois nunca tinha comido, eu quase fiquei sem nada, mas isto serviu para mostra a eles que na mata existe recursos maior que se pode imaginar, e todos ficaram satisfeito com minhas explicações.
Então eu brinquei:
                 -Uai! Vocês não gostam de paca nem veado, mas querem comer rã?
Ai um deles comentou em voz alta:
-Senhor Celso! Com o senhor no acampamento não podemos duvidar de nada, se o senhor come é porque é bom e gostoso; agora rã nenhuma escapa na minha frente.
Isto foi motivo de uma risada geral no acampamento novamente,
Todos estavam  ouvindo, e curiosos para saber o que eu estava fritando àquela hora da noite.
Fiquei satisfeito com o comentário e ver que eles confiavam em minhas decisões, então eu disse:
-Pessoal, nos podemos comer melhor até o Fifi chegar, é só tirarem palmitos para o Manoel cozinhar com sal, tem também inhame rosa na parte baixa do acampamento, que depois de cozido podemos comer com açúcar.
Eles concordaram e com isto pudemos aumentar mais o cardápio além do cuscuz.
Já tinha se passado mais de 40 dias e o Fifi não tinha chegado, em certo dia apareceu um garimpeiro trazendo alguns mantimentos para nos e me disse que era para eu ir até o rio madeira apanhar um saco de arroz que o Fifi  tinha mandado.
 No outro dia Eu, o moço que trouxe a noticia do arroz e um dos nossos garimpeiros, e, mais dois da outra turma  que estavam indo embora saiu bem cedo do acampamento só parando na clareira para almoçar.
Almoçamos e descansamos um pouco, depois nos dividimos os dois da outra turma seguiram para a fazenda para apanhar o avião e nos ter fomos em direção ao rio madeira.
Foi uma viagem difícil, pois eu fiquei todo sapecado entre as pernas e não conseguia andar naturalmente e com isto atrasando nossa viagem, tivemos que pernoitar à beira de um rio que passava ao lado da picada.
O rio ou riacho era estreito, mas não podemos tomar banho devido às arraias e o poraquê (peixe elétrico), pois tinha até um morto à beira do rio.
Lavamos o corpo jogando água com um canecão e ensaboando, depois enxaguando do corpo, assim pudemos ficar um pouco mais descansado e prepara uma janta com alguns mantimentos que trouxemos nos remanchinho.
Após o jantar armamos as redes e conversamos até que o sono chegasse.
Levantamos às 6h00m horas, fizemos café e o cuscuz, tomamos a arrumamos as redes na cangalha sobre o burro e iniciamos a viagem para o garimpo.
Os garimpeiros queriam que montasse na garupa do burro, mas eu não achei justo, pois eu iria montado em quanto eles continuariam a pé.
-Não! Eu vou a pé igual a vocês, já não falta muito. não é verade?
A resposta do moço que levou a noticia foi:
-Uns 15 quilômetros, devem chegar lá pelas 2 horas se não pararmos para almoçar.
Então ficou combinado que comeria farinha com carne de sol e tomaria água em quanto caminhava, para adiantar a viagem.
Ali pelas 12 horas chegamos a um sitio (uma área de mais ou menos 30 a 40 mil metros quadrado ‘quase um alqueire de terra nas de Minas Gerais que e de 48 mil e 400 metros quadrado). A área estava todo roçado e limpo com algumas plantações, uma casa simples e uma tuia (nome dado a certa cobertura fechada para guardar milho, arroz ou café em grãos), um curral de pau roliço e um chiqueiro para porcos.
Paramos, cumprimentamos o proprietário, o garimpeiro que ia comigo sugeriu que eu permanecesse ali até que ele retornasse no outro dia com o arroz.
Então eu perguntei ao proprietário do sitio qual a distancia até a beirada do rio madeira:
-Qual a distancia daqui até o rio?
A resposta foi rápida:
-Olha moço! Daqui de casa até a beira do rio é aproximadamente 1 légua e meia.
(1 légua corresponde a 7 mil metros ou a 7 quilômetros, portanto a distancia é de 10 Quilômetros e meio – 10.500 dez mil e quinhentos metros).
Eu realmente estava bem cansado devido às assaduras entre as pernas, e aceitei a proposta, e perguntando ao proprietário do sitio se poderia permanecer ali até o retorno do meu garimpeiro no outro dia.
A resposta foi:
-O senhor fique a vontade, pode armar sua rede na tuia ou embaixo das arvores.
Agradeci, e fui verificar onde seria melhor para passar a noite até ao outro dia.
Olha amigo leito! Eu não dormi quase nada, pois cai na bobagem de armar a rede uns 30 metros de distancia da casa principal e da tuia, em uma cobertura que existia fora do terreiro: armei a rede fiz um fogo (pois este é o costume de que acampa ao ar livre) e logo escureceu.
Um cachorro vendo o fogo aceso correu logo e se enroscou próximo a ele.
Era mais ou menos 8 a 9 horas da noite quando a sinfonia das onças começou; era esturro que abalava o chão, ora de um lado ora de outro lado.
Apanhei o facão e finquei no chão bem próximo a minha cabeça e coloquei a espingarda ao alcance da mão.
A minha maior vantagem era o cachorro que por providência DIVINA veio dormir ali perto (pois se a onça se  aproximasse ele latiria ou sairia correndo) “E EU JUNTO COM ELE” HÁ! HÁ! HÁ!
O barulho continuou até mais ou menos 2 horas da manhã, e foi o período que passei por uma madorna, pois então a sinfonia parou (a onça quando sai para caçar ela esturra e mia, quando para e o momento do perigo, pois esta espreitando a preza.
A noite escura não oferecia nenhuma chance para mim, mas mesmo assim apanhei a espingarda e fique observando a reação do cachorro até o dia raia, pois o que nos separava da mata era uma cerca de paus fincado e por sobre eles dois fios de arame farpado.
Quando amanheceu o dono do sitio (depois perguntei o seu nome) ele se chamava Modesto, me convidou para tomar café e disse:
-O senhor tem muita coragem, pois dormir fora da área do sitio e muito perigoso, a onça de vês em quando entra no terreiro em busca de um porco ou galinha, mas os  cachorros a afugenta com seus latidos.
Então eu sem falsa modéstia disse-lhe:
-Seu Modesto! Se eu soubesse disso teria armado minha rede na tuia, pois eu passei por uma madorna até as 2 horas depois disto fique só observando a reação do seu cachorro, e se ele corresse eu também correria sem um pingo de vergonha, pois como enfrentar o que não se pode ver? Ainda mais um animal de tal porte e ferocidade?
Rimos muito com a minha confissão do medo da pintada, e fomos tomar o café com cuscuz (o que é de praxe em todas as regiões do Pará).
Quando foi lá pelas 9 horas o garimpeiro chegou com o burro e sobre ele o saco de arroz (que por sinal estava encharcado de querosene), mas diz um ditado popular (quem não tem cão caça com gato), quem não tem arroz sem querosene, come o que tem, e  com gosto!


  
                      Parte X


A volta do Fifi


Passando 3 dias após a minha ida até a beirada do rio madeira, o Fifi chegou trazendo mantimento; dois burros com os balaios de jaca abarrotados, e juntamente com ele vieram mais dois colegas de Governador Valadares Nego da hora, Zezinho e o seu sócio o Baiano.
Cumprimentamos uns aos outros, e ele me deu noticias de minha família dizendo que estavam todos bem e que ele deixara mais algum dinheiro com minha esposa.
Após este bate babo ele me perguntou como estava a produção das pedras, então eu o levei até o deposito que tinha feito para colocar os mantimentos e as pedras retidas pelos garimpeiros, vendo ele a quantidade de sacos cheios de pedras ficou muito eufórico e saio gritando:
-Estou rico! Estou rico!
Não era pra menos, pois deveria ter no deposito uns 400 sacos de aproximadamente 80 quilos cada, cheios de pedras já selecionadas.
Mais tarde chegaram os garimpeiros, e foi uma farra, uma festa, pois eles gostavam muito do Fifi, e sabiam que ele tinha trazido dinheiro para pagar a comissão de cada um.
Todos queriam mostras a sua produção individualmente a fim de receber sua comissão.
Naquela noite fomos dormir bem tarde, pois além do jantar caprichada que o Manoel preparou com os alimentos que chegaram tinha ainda as noticias para se comentar e rir como o caso do Manoel tomar banho, que foi um caso inédito.
Mas como tudo não são festas, no outro dia estávamos assentados conversando quando o Baiano disse para mim:
-Porque você não pega uma vassoura e vai varrer o barraco em vez de ficar batendo papo assentado ai.
Estranhei sua atitude e disse:
-Olha! Eu não trabalho para você, portanto não tenho nenhuma satisfação em lhe dar, a única pessoa que poderia pedir-me para fazer algo é o Fifi, e ele mesmo esta aqui conversando comigo.
Então ele levantou a voz e disse:
-Você tem que me dar satisfação e fazer o que eu estou mandando, este garimpo e meu também.
Discutimos, e o Fifi entrou no meio tentando apaziguar a discussão, então eu resolvi ir embora do garimpo, apesar de que o Honório me disse:
-Celso! O meu barraco é seu mude para lá e fique trabalhando comigo, você e bem quisto no meio de nos e não precisa se sujeitar a isto.
Agradeci muito a ele, porem eu estava com saudades de minha família e achei melhor ir embora.
Apesar de que o Honório e outros donos de garimpo tivessem me oferecido para fica em seus barracos, preferi juntar as minhas coisas e pedir abrigo ao Zé Firmino do outro lado do morro, pois poderia ser que o Baiano ainda me importunaria e isto poderia ficar pior.
Desfiz minha rede e chamei o Fifi e mostrei o que eu estava levando na mochila, minhas roupas, a rede e duas pedras, uma que eu tinha ganhado de um dos irmãos e a outra que tinha comprado de Fernando, dono de um dos barracos.
Atravessei o morro e pedi pousada ao Zé Firmino, explicando para ele o motivo que eu estava saindo do garimpo do Fifi.
 Então ele me disse:
-Celso! Fique o tempo que quiser como eu tinha de dito você esta em casa e manda aqui na fazenda e em toda a área do garimpo ( as matas pertenciam a ele, este foi o motivo de dizer aqui na fazenda).
Naquela noite dormi no barraco de Zé Firmino, no outro dia voltei ao acampamento do Fifi e lhe disse que estava indo embora e que eu o esperaria em Araguaina.
Como eu não tinha dinheiro para pagar a passagem de avião e nem o ônibus até Araguaina, fui até ao o barraco do Chico do Breno (que era de Governador Valadares).
Perguntei se poderiam me emprestar Cr$200.000,00 (duzentos mil cruzeiros) e que era para receber do Fifi ou eu o  pagaria em Valadares quando ele voltasse.
Ele imediatamente apanhou sua mochila retirou o dinheiro e disso:
-Só isto da Celso?
Então eu respondi:
-Da Fernando, o avião é Cr$100.000,00 (cem mil cruzeiros), o ônibus deve ser uns Cr$20.000,00 (vinte mil cruzeiros) ainda sobra uns Cr$80.000,00 (oitenta mil cruzeiros) para as refeições e o hotel até o Fifi chegar a Araguaina.
Então sai novamente para o barraco do Zé Firmino, aguardando alguém que fosse para o lado da fazenda, pois andar sozinho era muito perigoso, pelo menos até a clareira onde a gente parava para fazer as refeições, pois daí para frente a picada era mais larga e menos perigosa, apesar de que a onça rondava por toda parte.
Passando um dia vieram dois garimpeiros dizendo que iria para o rio madeira, e eu aproveitei e fui junto com ele até a clareira, ali paramos almoçamos e eles foram em direção ao rio e eu segui sozinho para a fazenda.
Olha! Para dizer a verdade foi um ato temerário, pois apesar da picada ser mais larga eu só tinha na cintura um canivete, mas por outro lado tinha e tenho confiança que DEUS esta presente em minha vida e me livraria de qualquer perigo, como me levou a salvo até a fazenda.
No trajeto da clareira até a fazenda era uns 25 a 30  quilômetros ou menos, mas para mi foi como estivesse percorrendo uns 100 quilômetros, pois mais que eu andasse nunca chegava aos pastos da fazenda.
Apreensivo e sempre orando a DEUS, por livramento.
A certa altura ouvi um barulho enorme que me fez arrepiar todo, e pense comigo mesmo estou comido, mas graça a o bom DEUS era apenas uma anta (Mamífero nativo do Brasil  tropical e das Américas, que possui uma tromba curta; TAPIR, ordem dos ungulados, subordem dos perissodátilos,  Comprimento 2 metros e peso aproximadamente de 200 quilos ou mais.
Esta espécie pode ser encontrada na Asiática e na Malásia, esta em via de extinção, devido muitos apreciar sua carne, e a gordura para remédio.
Passado o susto acreditei que era uma anta, devido ter saio quebrando mato fazendo um barulho muito forte, e somente este animal tem esta força.
Já era bem tarde quando cheguei a fazenda, quase escurecendo, e como o Zé Firmino tinha mandado expulsar todos, só encontrei o administrador e sua mulher.
Chegue à sede da fazenda e retirei minha mochila das costa e quase cai, pois parecia que eu estava flutuando devido  ter retirado o peso.
Jantei com ele s e depois fui dormir no quarto do Zé, que o administrador tinha aberto para mim, permanecendo na fazendo por uns (3) três  dias ate que o avião chegasse.
Neste meio tempo aproveitei para lavar as roupas, a rede e tomar um bom banho de rio; também andei pescando, peguei duas aru-anã peixe de escama   branco e  enorme. 
À noite sai com alguns vaqueiros e matei um jacaré ( nome comum a várias espécies de crocodilianos, que vivem em rios, açudes e lagoas) com um revolver calibre 22 de cano alongado (ótimo para pontaria), atirei no olho do bruto e um dos vaqueiros o pegou pela cauda.
No outro dia nadei no meio dos botos que por lá é muito comum alem das piranhas enormes, pacus e outros peixes.
À tarde apreciei as manadas de capivara (roedor da América do sul, que vive perto dos rios – MAIOR ROEDOR, 1 METRO DE COMPRIMENTO) animal mamífero, vegetariano, natural do Brasil,  pastando próximo ao curral.
O avião chegou pela manhã, após 3 dias de espera fui embora do Alto Bonito, cheguem à Marabá fui para a rodoviária comprei passagem e embarquei para Araguaina.
O tempo era de chuva, e a estrada estava muito lamacenta, no primeiro ponto de parada, após tomar um bom café com queijo e embarcarmos novamente no ônibus ouvimos o motorista dizer:
-É pessoal! Não vamos poder prosseguir viagem, pois o ônibus esta sem farol, eles queimaram e com o escuro vamos ficar na estrada.
Ficamos indignados, pois estávamos em um ponto de parada e começava a escurecer, porque não conserta logo os faróis.
A resposta foi que não havia no local eletricista de auto e nem uma oficina, somente lanchonete, posto de combustível e borracharia.
Devido a este protesto o motorista disse:
-Olha! Eu conheço muito bem a estrada, pois viajo aqui a mais de 5 anos, se alguém tiver uma boa lanterna podemos ir guiado pelo seu clarão. Isto é se você confiarem em mim.
Eu tinha uma lanterna Ray-o-Vac, com bateria e tinha outro rapaz que tinha outra, então perguntamos os passageiros se queriam ir assim mesmo.
A resposta foi unânime, então o motorista colocou o ônibus em funcionamento e seguimos viagem, após umas 2 horas começou a escurecer então acendemos as lanternas e fomos focalizando a estrada, um de um lado do ônibus.
Realmente o motorista conheça a estrada, felizmente, pois ele sempre diminuía a velocidade próxima qualquer buraco sem que nos o percebêssemos.

A viagem demorou umas 2 horas a mais, chegamos a Araguaina lá pelo meio dia, sendo que chegaríamos com os faróis as 10 horas, mas, tudo correu bem, graças a DEUS, e o desempenho do motorista que passou inclusive por uma pinguela de duas toras guiado pelas lanternas, após pedir aos passageiros que descesse do ônibus , ficando somente ele e nos o guiando com os focos das lanternas.
Chegando à Araguaina me hospedei no Araguaina Hotel, tomei um bom banho deixando o ar ligado, pois o calor era muito forte apesar da chuva.
Dormi por umas (3) Três horas, levantei tomei outro banho, e almocei na lanchonete e fui até o escritório do Fifi levar noticias à sua esposa Arlene  hoje já falecida.
Três dias depois o Fifi chegou de avião em Araguaina, e me disse que tinha vendido toda a mercadoria para  dois amigos no garimpo no dia que eu vim embora.
Então eu lhe perguntei se havia feito um bom negocio, e ele me disse que sim, e que iria receber daí uns dois meses, e isto me irritou muito, ao ponto de esbravejar com ele, pois após tanto sacrifício para retira as pedras, vender fiado sendo que em Governador Valadares, qualquer pessoa tira comprado no dinheiro
Bem! Mas como eu não erro o dono do garimpo, nada poderia fazer, e ele me pagou os dias que fiquei tomando conta.
Deu-me CR 6.000,00 (seis milhos de cruzeiros) e mais 6 quilos e meio de pedras já martelada somente as gemas,
Achei muito, mas ele me disse que não era nada em comparação ao que eu fiz para ele.
Agradeci muito a ele (e continuarei a agradecer sempre que puder, pois ele foi o responsável para eu conhecer um pouco de garimpo e iniciar a minha vida no mercado de pedras preciosas e semipreciosas).


                     
                                                 Parte XI

O retorno para casa

Cheguei a casa o mais rápido possível, pois estava com muita saudade de minha família; fiquei descansando por uns 2 dias, depois sai para vender as pedras, e as vendi bem graças a DEUS.
A pessoa que me comprou as pedras foi o Americano Piter Rogeres, eu lhe ofereci e ele perguntou o preço e eu disse que era U$$ 6.000,00 (Seis mil dólares), o equivalente a Cr$ 24.000,00 (vinte e quatro milhões de cruzeiros), pois o dólar no paralelo valia (4) quatro vezes mais que o cruzeiro.
No outro dia saímos para saldar os compromissos que tínhamos feito e estava atrasado, pagamos todos alem de fazer uma boa compra para casa; já havia tirado o dizimo e só falta entregar, o que fizemos no primeiro domingo seguinte.
Ao final do dia retornamos a nossa casa sem dinheiro, mas feliz por ter saldado todo o compromisso atrasado e os que viriam posteriormente, não ficando devendo nada a ninguém.
Então o meu irmão me perguntou quanto tinha sobrado para eu continuar, e eu respondi que não sobrado nada, então ele me disse:
-Celso! Você devia ter deixado um pouco para continuar o negocio das pedras, como você vai fazer agora?
Mas a palavra de DEUS nos ensina que devemos descansa no SENHOR, pois ele e um DEUS providente que não desampara os seus filhos “Mas os que esperam no SENHOR renovam as suas forças, sobem com asas como águia, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam” (Isaías 40:31).
-É mesmo!
Ai então eu me lembrei das duas pedras que estava na minha mochila, apanhei-as e mostrei para ele, e ele entendeu que erra providencia divina eu não telas vendidas.
Fui então para a esquina dos pedrístas em busca de um comprador, lá chegando fiquei sabendo que tinha um comprador no escritório do meu cunhado e fui para lá.
Cheguei ao escritório e cumprimentei a eles:
-Bom dia.
-Bom dia.

Responderam os dois, então o meu cunhado me convidou a entrar.
-Entre para cá Celso.
Agradeci e entrei, o comprador estava examinando umas pedras ( eram ametistas já lapidadas, pois era a pedra do momento), o seu nome é Milton.
O meu cunhado me perguntou em que poderia servir-me, então lhe falei que estive no garimpo do Ato Bonito com o Fifi e que tinha duas pedras grandes para vender.
-Deixe eu as ver.
Imediatamente retirei do bolso e entregue a ele, que as examinou na lâmpada e as pesou, mas me disse que não estava comprando no momento, só vendendo, mas quem sabe o Milton  quisesse comprar, e as passou a ele.
Então o Milton olhou as pedras e perguntou;
-Quanto você quer por estas pedras?
A minha resposta foi:
-Cr$700.000,00 (setecentos mil cruzeiros).
Ele então apanhou uma bolsa, retirou o dinheiro e me deu e ai o meu cunhado chiou (expressão de descontentamento).
-Você esta reclamando do meu preço em pedras já lapidadas e compra estas duas pedras sem pedir menos? Não estou entendendo!
Realmente não era para entender, pois eu sou um servo do SENHOR e ele não desampara os seus filhos, somente a gente que “Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais ele fará” (Salmos 37:5) e isto é o que aconteceu.
Eu não disse nada, somente perguntei quanto eu tinha que pagar de comissão por ter vendido as pedras em seu escritório (pois isto é de praxe), então ele disse que não precisava pagar.
Agradeci e despedi e sai muito satisfeito, pois já tinha dinheiro para continuar o negocio das pedras. Agora erra comprar (bom comprado) para poder ganhar.
Eu permaneci em Valadares por uns 20 dias, sondando e aprendendo como comprava e vendia neste (novo mercado) para mim.
Perguntava observava até mesmo arriscava uma ou outra oferta, mas sempre em valores baixo. 
Quando senti que estava (meio) pronto, falei com minha esposa que iria até o garimpo de Alto Bonito comprar algumas pedras.
Arrumei a minha bagagem e fui até Araguaina, onde encontre o Fifi que me disse para esperar mais (2) dois  dias e eu iria com ele ao garimpo do alto bonito.
Agora eu ia não como empregado, mas como (possível) comprador, mesmo com pouco dinheiro tinha que ariscar.
Fomos para Marabá e de lá voamos para o Alto Bonito, dormimos na fazenda e no dia seguinte seguimos para o garimpo.
Foi uma alegria para eu rever as pessoas com quem eu fizera amizade, apesar de que nem todo estava ainda ali.
Senti-me em casa, todos queriam que eu ficasse em suas barracas, mas acabei ficando na do Euclides e não na barraca do Fifi.
Conversamos muito, pois todos queriam saber o que tinha feito durante estes dias que fiquei fora.
Contei que o Fifi me deu as pedras e me deu uma grande importância em dinheiro, mas, sobretudo agradeci a DEUS  pelas duas pedras que tinha levado separado em minha mochila.
E era o dinheiro delas que me trouxe até aqui, e o que eu tinha para comprar outras.
O garimpo tinha mudado, já não tinha tanta harmonia, pois no lugar dos amigos que partiram vieram outros garimpeiros que eu não conhecia.
Já havia passado 2 dias e eu ainda não tinha comprado nada.
Certo dia estava eu assentado junto com o Euclides, enquanto ele martelava algumas pedras, e nos conversávamos a respeito da minha viagem.  
De repente apareceu um garimpeiro novo (um Baiano) que me perguntou se eu estava querendo comprar algumas pedras, eu disse que sim.
Então ele me disse que tinha um lote de mais ou menos uns 10 quilos para vender, eu então pedi para velas.
Olhei as pedras, eram de um bom tamanho e com boa limpeza (limpeza sem muitas partes que não sevem para lapidar) então perguntei o preço do lote.
-Quanto você que pelo lote.
-Olha moço! Eu quero nestas pedras (dez mião) expressão usada por ele.
Olhei novamente as pedras, calculei o custo e o valor que poderia vender, achei que daria lucro, mas eu não tinha tanto dinheiro ara investir.
Então lhe disse:
-Eu não tenho este valor.
Ele então me perguntou quanto tinha.
-Quanto o senhor tem?
Não entendi a pergunta, pois ele queria Cr$10.000.000,00 (dez milhões de cruzeiro) nas pedras, será que ele queria me testa ou foi enviado por alguém, pois estava ali o Fifi, Baiana e mais uma turma esperando o desfecho do negocio.
-Eu só tenho Cr$700.000,00 (setecentos mil cruzeiros).
Disse eu; mas a minha surpresa maior foi ouvir a resposta dele que nem pensou duas vezes.
-Esta certa! Eu vendo para o senhor por este valor.
O Fifi cai do banco onde estava assentado de tanto rir, e a risada foi geral entre todos que esta assistindo a negociação.
Eu simplesmente poderia dizer que não queria, não me interessava as pedras, mas como eu tinha certeza que DEUS não me desampararia como já tinha feito com as duas pedras( as que vendi para o Milton pelo dinheiro que tinha no bolso).
Ali estavam 10 quilos; será que eu estava errado? Não! Eu continuei de acreditar na graça e bondade de DEUS em CRISTO JESUS, e sabia que o ESPIRITO SANTO não me iria deixa fazer um negocio para perder, já que tinha permitido eu voltar ao garimpo para fazer uma compra.
-Esta bem! Vou apanhar o dinheiro na minha mochila.
Apanhei o dinheiro, pague a ele e levei as pedras para dentro da barraca, depois voltei para o meio da turma que ainda ria; e eu aproveite e perguntei ao Fifi:
-Você pode martelar estas pedras para mim? Pois eu ainda não sei como fazer.
E a resposta dele foi a todo de graça:
-Claro! Eu vou martelar para você, somente para ficar com o martelo nas mãos, pois você foi muito ingênuo em comprar este lixo deste baiano, esta turma é muito esperta; ele pediu o preço e vendeu por cem vezes mais barato. Era para você desconfiar e não comprar.
Então eu apanhei o saco com as pedras e entreguei para ele martelar, e fui andar pelo acampamento.
Depois de umas 2 horas, o Baiano sócio do Fifi veio até mim que estava conversando com outros garimpeiros e me disse:
-O Fifi me disse que esta com muito dó de você, pois as pedras não são boas, mas ele mandou perguntar se você quer Cr$2.000.000,00 (dois milhões) nelas para você não perder e poder comprar outras.
Então eu disse com toda a simplicidade, sem colocar maldade ou pensamento obscuro na pergunta.
-Não! Eu não quero que ele tome prejuízo por minha causa, eu vou levar para Valadares.
Passado mais alguns minutos, nova propostas, agora era de Cr$4.000.000,00 (quatro milhões) que tornei a recusar.
Quando foi mais tarde ele me entregou as pedras (6 quilos) de gemas apuradas, agradeci a ele pelas ofertas e por ter martelado as pedras para mim, ele não disse nada, somente sorriu para mim.
No outro dia retornamos a fazenda para esperar o avião que chegou no dia posterior e iríamos  para Marabá e de lá para Araguaina.
Pernoitei em Araguaina, e neste meio tempo o Fifi me apresentou um amigo seu, disse que era uma pessoa muito conceituada em Araguaina e muito rica era um dos fazendeiros da região.
Conversamos um pouco, depois me despedi e fui dormir, pois no outro dia viria para Belo Horizonte depois para Governador Valadares.
Cheguei a Valadares numa quita-feira, e no outro dia fui a praça e vendi a mercadoria por Cr$6.000.000,00 (seis milhões de cruzeiros), graça a DEUS não tomei prejuízo, mas lucrando Cr$5.300.000,00 (cinco milhões e trezentos mil cruzeiros).
Retirei o dizimo dos seis milhos e no domingo entregamos na igreja, colocando no gazofilácio em obediência a palavra do SENHOR (Malaquias 3: 10).
Passando uns 10 dias voltei novamente a Araguaina e hospedei no Araguaina Hotel, e descansei bastante, pois a temperatura de lá e muito quente, precisava tomar até 3 banhos por dia.
Depois de descansar da viagem, fui até o escritório do Fifi, mas ele não estava tinha ido para o garimpo, então conversei com sua esposa a Arlene e fiquei sabendo que o Honório estava em sua casa então fui até lá.
Bati palmas e veio uma mocinha me atender.
Perguntei pelo José  Honório e ela foi o chamar, quando ele me viu foi uma alegria imensa de ambas as parte, nos abraçamos e ele me convidou a entrar em sua casa me apresentando sua família disse:
-Este é o amigo que lhe falei lá do garimpo.
Falou dirigindo á sua esposa; e ali ficamos conversando por varias horas sobre o garimpo e suas dificuldades após a minha partida.
-Celso, o garimpo já não é como você deixou, agora tem jogatina, bebida e até mulheres da vida por lá, já mataram até um homem por causa de jogo.
-Então esta muito perigosa por lá?                                                                                 
-Esta! Aquilo virou uma coisa horrível, já não temos a liberdade de deixar dinheiro nas mochilas, e preciso  guarda bem guardado. Precisei mandar fazer uma caixa de ferro com cadeado para não ser roubado.
Conversamos mais um pouco e ele me levou para a copa para tomar um café, e me perguntou o que eu estava fazendo em Araguaina.
-Olha Honório! Depois da compra que fiz lá no garimpo daquele baiano, tomei gosto pelas compras e venda, e é por isto que estou aqui à procura de uma mercadoria para compra, você não têm algumas para me vender?
-Celso, a mercadoria que tenho e miúda, mas limpa e de boa cor se você quiser ver vou te mostrar.
Saímos para os fundos da casa, e em um tambor ele me mostrou a mercadoria.
Realmente eram pedras de um tamanho médio entre 25 a 30 gramas cada um, mas limpas e coradas, gostei da mercadoria e perguntei quanto tinha.
-Gostei da mercadoria, quantos quilos tem aqui?
Ele me respondeu:
-Aqui tem dezesseis quilos de pedras.
-Quanto você esta pedindo por elas?
Ele me disse que as venderia.
- Eu te vendo tudo por Cr$l.500.000.00 (hum milhão e quintos mil cruzeiros) sai a menos de CR$100.000,00 (cem mil cruzeiros) o quilo, eu acho que não é caro.
Apanhei um punhado delas e examinei novamente e achei que realmente não estava caro, em vista das que eu tinha comprado e vendido.
-Esta bem eu vou ficar com elas, só preciso que você as embrulhe para mim, pois estou de ônibus e bem embrulhas fica mais fácil carregar.
Embrulhamos bem embrulhada após colocarmos em um saco plástico, depois amarramos de uma forma que ficava fácil em pegar.
Apanhei o cheque e perguntei:
-Posso te pagar com cheque da Caixa Econômica Federal?
-Pode Celso! Não tem problema nenhum.
Então fiz o cheque no valor correspondente e lhe entreguei, conversamos mais um pouco e eu me despedi e fui embora para o hotel tomar outro banho, ETA calorzinho bravo!
Eu sempre comprei a menos do valor que tinha a disposição, nunca excedia o meu limite, pois sempre comprei a vista (no dinheiro – pagava na hora que comprava, pois sempre vendi a vista).
Chegando a Valadares, preparei a mercadoria lavando e passando nela uma vaselina liquida para que o freguês a visse melhor.
Fiquei sabendo que o Nilo estava comprando, então fui até seu escritório para mostrar as pedras.
-Bom dia Nilo.
-Bom dia Celso! Tudo bem?
-Tudo bem graças ao nosso bom DEUS.
É interessante, em pouco tempo muitas pessoas já sabia o meu nome.
Então o Nilo me perguntou o que queria, e eu lhe disse que tinha umas pedras ametista para lhe mostrar.
-É pedra grande Celso?
-Não! São pedras entre 20 a 30 gramas, mas com boa cor e limpeza.
Então ele apanhou o saco onde estava às pedras e o colocou sobre sua mesa e apanhando um punhado delas examinou se realmente era limpa (sem defeitos por dentro).
-Quantos quilos você tem ai neste saco?
- Olha Nilo! Ai tem 16 quilos de pedras.
Apanhou outro punhado colocou sobre a mesa em cima de um papel branco e analisou a cor, pesou 1, 2 a 3 pedras individualmente para calcular o peso em quilates (1 quilate de pedras corresponde a 1/5 de 1 grama) e perguntou quanto eu queria pelos 16 quilos.
-Quanto você quer pelo lote?
Esta é expressão que utilizamos para falar de certa quantidade de pedras, mesmo que seja em gramas ou quilo, nos falamos o lote de pedras.
-Eu quero CR$20.000.000,00 (vinte milhões de cruzeiros) pelo lote.
-Não é muito caro Celso? Olha! Eu pago no lote CR$16.000.000,00 (dezesseis milhões de cruzeiros), mas com as seguintes condições, quando você trouxer pedras maiores você me mostre. Combinado?
Pensei um pouco para não demonstrar que estava ganhando muito e então eu disse:
-Esta bem! Quando eu voltar do garimpo e trouxer outras pedras eu te mostrarei.
Então ele sorrindo apanhou o dinheiro e me pagou.

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EIS AQUI ALGUM ESCLARECIMENTO SOBRE OS VALORES DE NOSSO DINHEIRO

O Dinheiro Brasileiro sofreu varias mudanças ao logos dos anos de  1942 até 1994.
Até Outubro l942 dinheiros era Mil Reis-($000)
Do ano de 1942 dinheiros era cruzeiro-(Cr$)
Do ano de 1965 dinheiros era cruzeiro novo-( NCr$)
Do ano de l970 dinheiros era cruzeiro-(Cr$) Ex.: Cr$10.000,00 (Dez mil cruzeiros)
Do ano de 1986 dinheiros era cruzado-(CZ$)
Do ano de 1989 dinheiros era cruzado novo–(NCZ$)
Do ano de 1990 dinheiros era cruzeiro-(Cr$)
Do ano de 1993 dinheiros era cruzeiro real-(CR$) Ex.: CR$ 10.000. (Dez mil cruzeiros reais
Do ano de l994 dinheiro é Real-(R$)

                                             Parte XII


As compras em Araguaina-To



Embora a distancie entre Governador Valadares-MG e Araguaina-To, ser longa, e talvez desanimadora para alguns para mim não o era devido estar dando certo os negócios e o lucro ser compensador, eu não poderia fazer-me de rogado e sim dar continuidade a oportunidade que DEUS estava me dando, por isto após passar mais dois dias eu retornei à aquela cidade no sentido de comprar mais algumas pedras.
Fui a busca do Honório, mas ele estava para o garimpo do Alto Bonito e sua esposa me informou que ele deveria demorar por lá.
Voltei ao escritório do Fifi, pois era o local mais indicado para saber que tinha pedras, pois ele é que sempre comprava dos garimpeiros naquela região. 
-A Arlene esposa do Fifi foi que me disse que o Messias tinha chegado do garimpo e tinha muitas pedras para vendar.
0 Messias era um dos donos do garimpo do alto bonito, embora eu não o tenha mencionado anteriormente ele era um dos amigos que tinha feito no período que lá estive.
Perguntei-lhe o endereço do Messias e ela me forneceu e eu fui até sua residência onde ele tinha um deposito de pedras.
O reencontro foi muito alegra como na casa do Honório, ele me abraçou e me convidou a entrar em sua casa, apresentou-me sua família e ficamos conversando por um longo temp.
-Celso! O Honório tinha me dito que você voltou antes até aqui e comprou dele algumas pedras. Agora você virou comprador?
-Olha Messias! Como você ficou sabendo da minha ida para o garimpo do Alto Bonito, foi uma oportunidade que DEUS  estava me dando, e sendo o meu primeiro contato com o referido mineral  tendo tido um bom lucro na compra que fiz.
Então ele me interrompeu e disse:
-Então você voltou para comprar mais?
Eu respondi que pretendia, e se consegui algumas pedras em bom preço e que eu pudesse pagar eu estaria disposto a negociar.
-Olha Celso! O que você fez por nos lá no garimpo foi o suficiente para que nossa amizade perdure, e eu tenho a mercadoria que você procura, tenho quantidade e preço.
Então eu falei que queria comprar um lote bom, mas que eu não tinha o dinheiro todo, mas  podia dar um cheque para uns 2 a 3 dias que eu venderia as pedras e colocaria o dinheiro na conta para ser sacado.
-Dinheiro não é problema, mas solução, não se preocupe com isto, você esta na casa de um amigo, venha comigo.
Saímos da sua casa e fomos ao deposito a uns 20 metros de distância, onde ele abril uma porta e nos entremos:
Olha! Eu ainda não tinha visto tanta pedra junto, apesar de pouco tempo no ramo já tinha visto muitas pedras, mas não tantas juntas.
-Messias, quanto de pedra você tem aqui no deposito? Parece que você retirou todas do Alto Bonito, gracejei!
Então ele rido me disse que estava estocando já à uns 6 meses, e que ele encontrou um filão (seqüência ininterrupta de uma mesma matéria =no caso aqui a pedra ametista= contida entre camadas de natureza diferente).
-Celso, você se lembras onde o Zé Firmino estava com seu acampamento?
-Sim eu me lembro, era no pé do morro.
-Pois é! Eu subi este morro e fui para a esquerda de onde vinha para o nosso acampamento, e encontrei um afloramento (Geologia – Ponto onde rocha aparece à flor da terra imediatamente abaixo da terra), e resolvi mandar cavar ali. Olha! As pedras estva soltas na terra roxa avermelhada e esta sendo fácil retiram-las em um túnel que fizemos.
Então apanhando um saco o abril e mostrou-me as pedras grandes e coradas, de uma limpeza sem igual e me disse:
-Escolha o quanto você quiser que eu mesmo  martelar para você.
Escolhi uns 7 a 8 quilos, e ele me disse:
-Mas só isto? Escolha pelo menos uns 200 quilos.
-Não meu amigo, eu não tenho dinheiro suficiente para pagar a você.
-Eu já te falei que dinheiro não e o problema, leve as pedras depois você acerta comigo.
Agradeci a confiança, mas não aceitei sua oferta.
Então ele apanhou o martelo próprio para martelar (martelo pequeno com ponta de aço - vidia) e martelou em poucos minutos.
Pesamos a mercadoria que fiou em 5 quilos de gemas preciosas de mais ou menos 200 a 300 gramas cada pedra, excelente tamanho e pureza.
-Quanto é Messias?
-Celso! Eu gostaria de te vender era umas 3 a 4 toneladas meu amigo, mas já que você não quer, o preço é Cr$3.000.000,00 (três milhões de cruzeiros) os 5 quilos.
Então eu argumentei que não podia levar tudo, pois o meu dinheiro não dava para pagar, a menos que eu desse um cheque para alguns dias, como já havia dito.
Ele imediatamente aceitou, e eu lhe passei um cheque no valor de Cr$1.500.000,00 (hum milhão  e quinhentos mil cruzeiros) e lhe dei em (espécie) dinheiro o outro valor igual.
Então ele sorrindo muito me falou:
-Celso, todas as vezes que vier em Araguaina, não deixe de vir nos visitar, eu e o Honório gostamos muito de você.
Agradeci as palavras com um aperto de mão e um sorriso nos lábios em saber que era bem quisto por eles, mesmo sabendo que eu não voltaria trabalhar no garimpo do alto bonito.
Então voltamos para sua casa tomamos um bom café e eu retornei ao hotel para tomar banho (como eu já mencionei antes, o calor era muito alto e eu tomava até 3 banhos por dias e ficava com o ar condicionado ligado o dia todo).
Eu estava satisfeito, alem de rever outro amigo fiz uma boa compra, pois tinha pagado pó 16 quilos de pedras miúdas Cr$1.500.000,00 (hum milhão e quintos mil cruzeiros), agora paguei Cr$3.000.000,00(três milhões de cruzeiros) por 5 quilos de pedras grandes e extras, era só agradecer a DEUS por tanta oportunidade.
No outro dia comprei passagem para Belo Horizonte, pois não tem passagem direta de Araguaina a Governador Valadares.
Olhe amigos, se tem algo belo em pedras à ametista é uma deles; pois supera as expectativas de muitas outras em sua coloração de um lilás aveludado puxado para o roxo.
E uma pedra fascinante, eu sou apaixonado pela tal pedra apesar de conhecer varias outras ao logo dos meus anos de garimpagem e compra e vendas de pedras preciosas.
Olhando as pedras fiquei deslumbrado pela pedra e pela retirada das impurezas no martelo pelo Messias, o qual deixava à mostra uma gema bem apurada fácil de formar e lapidar dando ainda mais valor a preciosidade da gema.
Chegando a Governador Valadares, descansei um dia, pois a viagem é muito longa, são l802 Km divididos por 80 km/hora em media da um percurso de 22 horas 50 minutos em tempo corrido, porem existe as paradas em rodoviária ao longo do percurso, café, jantar etc., creio eu que somando daria umas 36 horas:
Ex.: saída 6 horas da manhã até as 18 horas da noite = 1 dia
De 18 horas da noite às 6 horas da manhã        = 1 noite
De 6 horas da manhã à 18 horas da noite       = 1 dia.
Viram o motivo de eu descansa um pouco antes de voltar ao batente?
Após este merecido descanso preparei-me para voltar ao batente no outro dia.
Quando fui a esquina dos pedristas (nome que perdura a muitos anos em Governador Valadares).
Local: Esquina da Rua Afonso Pena com Esquina da Rua Peçanha onde se encontra (encontrava) de tudo em matéria de minerais hoje, no entanto somente gente a procura de algo para fazer.
Chegando à esquina fiquei sabendo que o Piter Rogeres estava comprando ametista extra, e para lá mi dirigi no intuito de conseguir uma venda melhor para o meu produto (ou seja as pedras). 
Realmente foi a direção de DEUS para a minha vida; na compra e venda de pedras, pois o Piter era um americano (digo era porque eu não tive mais contacto com ele após a sua mudança para Porto Seguro e soube que estava doente) erradicado no Brasil e que tinha um escritório na Rua Afonso Pena.
Fui ao seu escritório e fui muito bem recebido pelos seus dois funcionários (que até hoje somos amigos).
Foi o  José e o Cirilo, que já me conheciam que me apresentaram a ele, foi uma amizade instantânea, pois ele era uma pessoal simpática e sorridente e falava muito bem o português apesar de me chamar de CELSON.
O Piter era destas pessoas que dava valor às pessoas e valorizava o seu produto que a gente levava à ele.
Estudioso de geologia (ciência que trata da terra e sua origem, constituição geologia da terra), portanto conhecedor em profundidade de vários minerais e principalmente das pedras preciosas brasileiras,
Comprava por preços muitas das vezes imbatíveis no âmbito comercial de Governador Valadares, pois as levava para seu escritório nos Estados Unidos da America do Norte.
Após conversar por um bom tempo ele me perguntou:
-Celson! Você que coca-cola?
Esta foi a sua marca registrada comigo, pois aos longos dos anos em que fomos amigos e parceiros na compra e venda de pedras.
Sempre que eu chegava em seu escritório (não importava quem estive lá, ele mandava eu entrar na frente de quem estivesse esperando e me perguntava: (Celson, que coca-cola?)
A minha resposta foi:
E a minha resposta era sempre a mesma.
-Quero.
Então ele chamou o Cirilo é dizia:
-Busque duas coca-cola para mim.
Tomamos a coca-cola e ele então me perguntou:
-Celson, você tem ametista?
Imediatamente eu respondi:
-Sim Piter! Tenho um lote muito bom, pedras grandes e extras como você gosta..
- Me deixaeu ver?
Apanhei minha bolsa e retirei as pedras, colocando-as sobre sua mesa para ele as ver.
Ele apanhou umas 3 pedras examinou, depois apanhou mais e viu que todas elas eram realmente muito boas (extras), perguntou o peso e preço do lote.
-Olha Peter! Ai tem uns 5 quilos e estou querendo  neste lote U$$6.000,00 (seis mil dólares).
O valor em cruzeiros era de aproximadamente Cr$24.000.000,00 (vinte e quatro milhões de cruzeiros),pois U$$1,00 (um dólar) custava o equivalente a Cr$3.800,00(três mil e oitocentos cruzeiros)  a Cr$4.000,00(quatro mil cruzeiros).
-Não! Eu não pago este valor, dou U$$ 4.000,00 (quatro mil dólares) pelo lote.
Então eu disse que o valor que ele oferecia ficava muito abaixo do que eu estava querendo.
-Não Piter, por este preço eu não vendo, pois fica muito abaixo do que eu estou querendo no lote, pois é uma mercadoria extra tanto em tamanho como na cor e limpeza.
Agradeci a coca-cola, apanhei a mercadoria e saio do seu escritório.
No dia seguinte encontrando outro corretor o Cate que me disse que em Teófilo Otoni eu poderia vender a mercadoria por um bom preço.
Então seguimos para lá a fim de vender as pedras ao comprador do Cate.
Chegamos lá e fomos direto para o escritório do tal comprador, um japonês que tinha escritório em uma rua próxima a praça.
Entramos e o Cate disse que eu tinha umas ametistas para vender, mas ele disse que não estava comprando pedras brutas (sem ser lapidadas), então saímos para procura outro comprador, quando encontrei o José funcionário do Piter me procurando.
-Celso, o Piter me mandou vir atrás de você, pois ele quer as pedras, ele me disse que estava brincando com você e que iria pagar os U$$6.000.00 (seis mil dólares) que você quer; mas você sai muito rápido do escritório, e, ele não sabia que você não iria gostar da brincadeira.
Diante de tal argumento falei com o Cate que já estava em negociata com o Peter e se ele não se importava de eu voltar com o José.
-Não Celso! Eu apenas queria te ajudar, eu não sou correto, mas comprador e vendedor como você.
Agradeci muito a ele e disse quem sabem em outra oportunidade ele pudesse me ajudar novamente já que eu ainda estava iniciando o conhecimento dos compradores de Valadares e agora de Teófilo Otoni.
Então nos despedimos e eu voltei com José para Valadares.
O José estacionou o carro em frente ao escritório, e eu entrei; ao verme o Piter rindo me disse:
-Cellson, quer coca-cola?
Fiquei sem jeito, pois não esperava ver a atitude nem o sorriso no rosto do Piter, que antes mesmo de eu responder gritou para o Cirilo buscar 2 coca-cola para nos (a coca-cola vinha de uma lanchonete próxima ao escritório, e era dele, você ainda vau saber mais sobre ela, mais a frente).
Em seguida me perguntou:
-Cellson, onde estão as pedras?
Sem dizer nada coloquei a sacola com as pedras sobre a sua mesa, e ele apanhando-a colocou no cofre e disse sem se virar para mim:
-U$$4.000.000.00 (quatro mil dólares)!
-Não! U$$6.000.000,00 (seis mil dólares) ou devolva minhas pedras.
Ele porem, não respondeu, voltou-se com um pacote de dólares e contou o valor correspondente e me entregou sorrindo e disse:
-Cellson! Qualquer pedra que você trouxer  eu gostar pagará o preço que você pedir, pode ser ametista ou não, pois já tinha conhecimento a seu respeito agora eu os confirmei você e uma pessoa de confiança.
Confesso que fiquei um pouco perturbado com tal declaração.
Eu estava já pronto para apanhar as pedras antes d’ele me pagar e não vender mais para ele.  
No entanto por ele me surpreende pagando o valor pedido e ainda dizer que compraria toda mercadoria que eu trouxesse a ele, e se gostasse pagaria o preço pedido (e isto se confirmou vocês vão ler mais à frente).
Imediatamente orei ao SENHOR DEUS agradecendo-o por mais esta rica oportunidade que me dava, não só de conhecer uma pessoa como o Piter, mas também  a partir daí passamos a ser amigo. LEIA NEEMIAS l:11 E VEJA COMO DESU RESPONDE AS NOSSA ORAÇÕES.
Certo dia estava eu na esquina conversando com o pessoal quando o Cirilo me chamou e disse.
-Celso! O Piter pediu para você ir ao escritório dele.
Então eu fui atender ao seu chamado, e quando lá cheguei, ele me pediu um favor.
-Cellson! Serra que você poderia ir até o comercio do Chang na rodoviária trocar uns dólares para mim?
Eu respondi que sim. Então ele apanhou uma sacola de papel e me entregou com os dólares sem dizer quanto tinha.
Eu também não perguntei o valor que estava levando, e para lá me dirigi.
A minha surpresa foi quando eu falei com a Rosa esposa do Chang que o Piter tinha pedido para trocar uns dólares para ele, e ela apanhou a sacola e contou o dinheiro e disse.
-Celso! Você vai ter que esperar o Chang ir ao banco buscar o dinheiro, pois eu não tenho aqui no caixa Cr$ 400.000,00 (quatrocentos milhões de cruzeiros) para te dar.
Eu quase caio para traz ao saber o valor que ele tinha pedido para eu trocar.
Esperei o Chang ir ao banco e quando ele retornou a Rosa me deu um pacote enorme enrolado em jornal e eu fui embora.
Quando eu cheguei disse ao Piter.
-Piter, você e maluco? Não me disse qual o valor que eu tinha nas mãos, e mais trazer todo este dinheiro para você enrolado em jornal?
A sua reação foi cai na gargalhada e dizer com a maior simplicidade.
-Cellson! Você e pessoa de confiança, não era preciso dizer nada a você! Muito obrigado.
E a nossa amizade perdurou por longos anos até ele mudar para Porto Seguro (os motivos não entrarão em detalhes, pois é coisa pessoal dele e eu as respeito).
Certo dia ele me confidenciou que tinha em seu escritório nos EUA 250 mil quilates de ametistas lapidadas, todas compradas em minhas mãos:
-Cellson, eu tenho guardado em meu escritório na America 250 mil quilates de ametista lapidadas em uma variação de uma pelas outras de 250 quilates por pedras, e todas compradas de você.
Toda ametista grande eu as trazia para ele, era pedras especiais tanto no tamanho como na cor (Uma pedra para pesar 250 quilates ela teria que ter no mínimo de 80 a 100 gramas, pois na serra ela perde bastante depois vem a forma que perde também e por fim ao polimento).
Isto para mim foi motivo de orgulho em saber que eu estava ajudando uma pessoa que me ajudou e muito comprando as pedras que eu trazia dos garimpos.
Como eu já relatei o comercio estava favorável para mim, pois DEUS estava sempre me proporcionando oportunidade excepcional; então, após dois dias voltei a Araguaina em busca de mais ametistas.
Cheguei à noite às 20 horas e 35 minutos de uma terça-feira, hospedei no mesmo hotel de sempre e no outro dia fui diretamente a casa do Messias.
Como sempre fui muito bem recebido por ele que me abraçou e perguntando como foi à viagem.
-Celso! Como foi a viagem?
Eu respondi.
-Olha Messias! Foi muito bom porem muito cansativa, mas da para agüentar.
Continuando a falar disse:
Messias! Estou de volta para comprar mais daquela sua mercadoria, pois a venda da mesma foi ótima.
-Celso! Você pode não acreditar, mas vendi toda a mercadoria para um comprador do Sul, logo depois que você foi embora ele apareceu e comprou todo o meu estoque e carregou uma carreta e levou tudo embora.
E para comprovar a sua palavra, levou-me até o deposito o qual realmente estava vazio.
-Olha Celso! Eu estou retornando ao garimpo a semana que vem para buscar mais, se você estiver aqui eu lhe venderei o quanto quiser com o maior prazer.
Agradeci, enfiei a mão no bolso e retirei o dinheiro que lhe devia e lhe paguei o continuo ele me devolveu o cheque que lhe havia dado anteriormente.
Agora eu precisava encontrar alguém que tivesse algumas pedras para não voltar de mãos vazia a Valadares.
Despedimo-nos e eu retornei ao hotel para refresca do calor de mais de 35 C (trinta e cinco graus centigrados).
Ao chegar ao hotel encontrei o fazendeiro que o Fifi tinha me apresentado, como rico e muito honesto.
-Como vai senhor Celso?
-Tudo bem garças a DEUS, e com você tudo bem?
A resposta foi positiva, então conversamos um pouco e ele me disse que tinhas umas pedras para vender, enfiando a mão ao bolso retirou 2 pedras de tamanho médio entre 30 a 40 gramas, de boa cor e limpeza.
Examinei as pedras e perguntei quantas tinha e o preço do lote.
-Para você que amigo do Fifi, vou fazer um bom preço pelos 10 quilos, eu quero Cr$1.500.000,00 (hum milhão e quinhentos mil cruzeiros).
Pensei um pouco e resolvi comprar a sua mercadoria já que não tinha comprado nada até o momento, e eu fique sabendo que o Fifi iria de avião para Belo Horizonte para participar da feira de pedras e seria uma oportunidade e vende-las.
 -Esta bem vai ficar com elas, pode ir busca para eu dar uma olhada.
Ele se despediu e foi embora, e eu fui tomar o meu banho, depois troque de roupa, sai para comprar a passagem para o dia seguinte, voltando, fique na entrada do Hotel aguardando seu retorno, mas ele não voltou.
No outro dia como já tinha comprado a passagem de avião eu não poderia perder e quando eu estava saindo do hotel para ir para o escritório do Fifi  ele apareceu com um embrulho e me disse:
-Não deu para eu voltar ontem! E como você vai embora agora embrulhei as pedras bem embrulhadas para você levar.
Achei a sua atitude um tanto incorreta, mas como o Fifi  me disse que ele era honesto, resolvi aceitar a mercadoria embrulhada acreditando que era as mesmas pedra da amostra.
Dei-lhe um cheque à vista de Cr$750.000,00 (setecentos e cinqüenta mil cruzeiros) e outro do mesmo valor  para 15 dias conforme tinham sido combinado anteriormente.
Apanhei o Embrulho despedi e segui para o escritório do Fifi que já estava me esperando para irmos para o aeroporto.
Voamos para Belo Horizonte, chegando às 18 horas e 29 minutos e fomos direto para o hotel onde nos hospedamos.
-Celso você comprou pedra?
 Eu respondi:
-Sim, comprei do seu amigo o fazendeiro que você tinha me apresentado.
Então o Fifi me disse:
-Me deixeeu ver, pois a feira começa amanhã e talvez precise martela as mesmas para vender melhor.
Entregue a ele o pacote de pedras e ele o colocou em cima da cama e o abril e disse:
-Mas isto é lixo, aqui não tem pedra.
Olhei assustado, e realmente só tinha pedras inferiores um cascalho sem cor e entupido.
-Celso, você não examinou as pedras como eu te ensinei?
Então contei a ele o que havia ocorrido e como recebi o pacote nos últimos minutos para ir para o aeroporto, e confiando na pessoa que ele tinha me apresentado como fazendeiro, rico e muito honesto, e o tempo não dava para examinar.
-Vou ligar para ele.
Apanhou uma caderneta verificou o numero, apanhou o telefone e pediu a telefonista do hotel para completar a ligação.
A ligação foi completada e ele falou com a pessoa do outro lado, argumentou que não tinha pedra, mas cascalho, e após certo tempo destilou o telefone indignado, então eu lhe perguntei o que ele falou.
O Fifi me olhou e disse:
-Celso, ele me disse que você é um otário; e que é para  você arranje os outros Cr$750.000,00 (setecentos e cinqüenta mil cruzeiros), e depositar na conta que ele vai depositar cheque daqui a 5 dias. E se você voltar Araguaina na tentativa de receber o dinheiro que você já deu para ele, ele manda te matar.
Pronto! Pensei acabou minha oportunidade de negociar em Araguaina e talvez em qualquer outra parte, pois o dinheiro tinha se esvaído.
Perder um valor deste era um duro golpe em que estas praticamente iniciando o comerciam de compras e vendas de pedras.
Alem de perder o capital ainda fiquei devendo, e o cheque iria entrar e retornar sujando assim o meu credito junto ao banco.
Esta triste realidade ficou comigo por 6 meses guardados em minha casa, até que certo dia apareceu uma pessoa que queria conversar comigo a respeito de um cheque meu.
Recebi-o em minha casa, então ele me disse que era comerciante na praça, e que tinha recebido este cheque enviado de Araguaina de um cunhado dele para receber de mim.
-Senhor Celso! O meu cunhado me disse para receber o valor do cheque ou levar a mercadoria de volta, o que o Senhor pode me dizer?
A minha reação foi de indignação e ódio, e eu disse a pessoa:
-Olha! Eu até devolvo a mercadoria se ele me devolver o valor que já lhe pague; mas, como ele disse que se eu voltasse em Araguaina para receber o valor já pago ele mandaria me matar, e, como você é o parente e portador  dele leve o seguinte recado para ele:
-PRIMEIRO, eu não sou defunto sem choro, SEGUNDO eu não tenho medo de homem principalmente de ladrão e bandido da laia dele
-TERCEIRO ele é muito valente junto aos capangas dele que vi com ele todos armados na cidade.
-QUARTO fale com ele para vir receber o cheque aqui em Governador Valadares cidade onde moro e ele vai ver que tem  muita gente que odeiam bandido e ladrão no nosso meio.

Ele me ouviu calado, depois disse para mim que iria transmitir o recado para ele, e, que lhe daria um bom sermão; pois isto que ele fez não é próprio de homem, e, que ele só tinha vindo a minha casa por não saber a verdade.  
Em seguida se despedi o foi embora.
Passado mais uma semana e eu ainda não tinha conseguido outro local para iniciar uma compra, estava corretando as pedras dos outro ganhando porcentagem 5% por mercadoria vendida.
Em uma quarta-feira após o almoço tocaram a campanhinha da minha casa e eu atendi, era o homem do cheque, convidei para entre ele entro e eu disse para se assentar.
Ele iniciou a conversa.
-Senhor Celso, eu conversei muito com ele, e disse que isto não é atitude de uma pessoa honesta fazer, então ele me disse que o dinheiro era impossível, pois já o tinha gastado, mas se o senhor quiser o cheque em troca da mercadoria eu poderia negociar com o senhor.
Ponderei um pouco na proposta, o cheque eu poderia ir ao banco e dizer que o tinha resgatado e isto limparia minha ficha, quanto ao lixo para mim não servia nem para jogar fora, assim sendo aceitei e devolução do cheque e lhe entregue o pacote de lixo.
Como eu sei e tenho certeza que DEUS é justo e mostra a sua justiça aos que o teme, certo dia estava eu em um escritório na Rua Marechal Floriano, recebendo uma comissão de umas pedras que tinha vendido para dois irmãos.
A secretaria abril a porta e disse que tinha um senhor querendo vender umas pedras ametista.
Então um do irmão que estava em outra mesa à minha costa disse que pedisse que ele entrasse.
Quando ele entrou o reconheci através do espelho atrás das costa da pessoa que estava me pagando.
Eu não presencie o que ocorria às minhas costas, somente ouvi o outro irmão dizer.
-Não! Isto não nos serve, só compramos pedras para lapidar e nesta aqui não tem nenhuma que serve.
Aproveitei esta deixa e já que tinha recebi a minha comissão levantei-me e aproximei da mesa para que ele me visse e disse:
-Viu o que te falei que o seu cunhado tinha me passado somente lixo;
Despedi-me dos meninos e sai do escritório deixando-o lá dentro e fui embora.
Dias depois resolvi voltar a Araguaina e comprei mais pedras e nunca mais vi o tal (fazendeiro muito honesto) por lá, graças a DEUS.

                                         Parte XIII

A lapidação


A lapidação nada mais é do que um conjunto de maquinas.
 1º- Uma maquina de serrar com uma um disco diamantado para cortar a pedra,
2º- uma maquina de formar com um rebolo de carburou (carburum) ou diamantado para dar a forma desejada à pedra (redonda, oval, retangular, quadrada, em forma de gota ou triangular).
3º- uma bancada com 3 discos um diamantado que serve para corta, ou seja, par formar as facetas.
4º- Uma banca para polir as facetas.
5º-um forno elétrico apropriado para queima (mudar a coloração da pedra, abrir sua cor de escura para mais clara).
6º-varias canetas ( madeira em forma de caneta onde se encontra na ponta o  lacre para colar a pedra).
7º-calibradores de metal para medir os diâmetros das pedras.
Basicamente esta é uma lapidação tradicional, isto não que dizer que existem outras mais sofisticadas com calibradores elétricos para forma e lapidar varias pedras do mesmo tamanho (calibre).
Eu como todas as pessoas que tem o interesse de melhorar ainda mais a qualidade de sua mercadoria tem uma lapidação ou paga para outros executarem o trabalho em suas oficinas (lapidação) são os lapidários profissionais do ramo.
O motivo de eu montar uma lapidação era a facilidade de aquisição do material bruto, que após ser polido (lapidado) renderia mais, pois o preço é equivalente a qualidade da pedra e sua finalização, pronta para ser cravada no ouro ou prata por ourives.
Ajustei um irmão em Cristo, marceneiro de primeira qualidade que eu já conhecia à confeccionar as banca de corte e polimento, e ele me disse:   
-Celso compre os pranchões de roxinho para eu fazer uma banca forte resistente e que não vibrem com a aceleração dos motores.
Seguindo sua orientação compre os pranchões bem como madeira para os pés.
Os pranchões mediam 2 metros e 60 centímetros de comprimento por 0,80 centímetros de largura com 0,12 centímetros de espessura.
Ficaram excelente e bonita, e eu as trouxe para os fundos de minha casa onde eu tinha preparado para funcionar a lapidação.
Mandei fazer os eixos com graxeiras e os mancais sobre os quais iriam rodas os eixos. Também mandei fundiu as rodas, 1 de estanho que é para cortar a pedra e 2 outras para o polimento.
Tudo pronto montei  a lapidação e contratei 6 lapidários sendo 1 para Colar as pedras, 1 para cortar (abrir facetas nas pedras) e 4 para polir. Para serra e dar a forma desejada eu mesmo o fazia.
A maquina de formar foi feita por um amigo muito querido que eu não vejo as mais de 25 anos, ele utilizou um moto-esmeril e fez uma banca de serrar e formar, muito pratica pois podia ser carregada para qualquer parte, e não quis cobrar nada nem pelo moto-esmeril e nem pela confecção da banca(ele me disse que era um prazer imenso poder fazer para mim esta banca).
A outra maquina de formar bem, tenho um amigo que trabalhava em uma super lapidação de sua propriedade.
Ele lapidava pedras de toda qualidade, preciosas e semipreciosas, e vendia por quilo.
O seu lucro era tão grande que comprou duas fazendas com gado, o seu nome  é Geraldo mais conhecido como Badaia (ou Geraldo Badaia), ele tinha estoque de pedras para mais de 20 anos de serviço, é uma pessoa formidável alem de um ótimo amigo.
Certo dia eu conversando com ele, disse que queria comprar uma banca de formar: mas que teria que ser para rebolo de carburou (ou carburum), pois as pedras que eu estava querendo lapidar eram grandes, então ele me disse:
-Celso! Porque você não manda fazer uma de aço inoxidável e melhor e durará para sempre.
-Mas Geraldo! A chapa de inox e cara, e onde vou comprar isto?
-Venha comigo que vamos resolver agora.
Entramos em seu carro e fomos até um depósito de ferro velho procuramos e encontramos uma chapa grande, pesamos a mesma e ele pagou e nos à levamos até um serralheiro amigo dele para confeccionar a caixa.
-O fulano eu quero que você faça para mim duas caixas para rebolo de carburum, quero que fique bem feita, pois a chapa e grossa e muito boa.
Passando alguns dias ele levou para mim a caixa de aço inoxidável (acredito-me, que ainda existe até hoje).
Chegou e mandou que eu retirasse da porta mala do seu carro, e a retirei coloquei no chão e lhe perguntei:
-Geraldo  quanto eu te devo?
-Você não me deve nada é um presente.
Agradeci e ele foi embora, chamei um dos lapidários e mandei levar para a lapidação, depois mandei fazer uma banca bem resistente coloquei o motor e ficou pronta para o serviço (e como foi útil para mim tal banca, obrigado amigão).
A lapidação dava muito lucro, pois eu comprava o bruto e vendia já lapidada, era melhor que ser atravessador além de dar emprego para 6 pessoas.
Depois de uns dois meses comprei um carro um Passat 1975, o carro servia para eu ir e voltar aos garimpos além de ser útil para passear com minha família.
Certo dia apareceu na minha casa um cunhado de meu cunhado querendo comprar umas pedras; fiz uma sociedade.
Começamos com o valor de Cr$ 7.000.000,00 (sete milhões de cruzeiros) metade minha e metade dele, sendo que esta sociedade só eu trabalhava, pois não sabia nada de pedra. 
Ele faria todas as despesas uma vez que ele não conhecia nada de pedras, mas de ouro, eu tinha que comprar beneficiar e vender e rachava o lucro.
Fizemos a primeira compra lá em Araguaina, uns 20 quilos de ametista.
Voltamos a Valadares e vendemos, e novamente  voltamos para comprar mais.
Na segunda viagem, na hora de comprar a mercadoria ele olhava e dava palpites totalmente contrario, pois não conhecia nada de pedra e não sabia calcular o percentual de aproveitamento final da pedra.
Isto me trouxe um pouco de preocupação e no final prejuízo, pois até comprar sem eu saber ele comprou.
Aproveitando uma brecha em nossa conversa eu lhe disse:
-Manoel! (nome fictício, pois deste não me interessa nada, nem mencionar o nome) assim não dá você esta comprando sem saber e isto já nos causou um prejuízo e se continuar iremos perder mais.
Ele olhou para mim e disse:
-Estou comprando com o meu dinheiro! E eu seu muito bem comprar pedras.
Desfiz a sociedade na ora entreguei lhe o capital e o pouco lucro que deu na viagem e nos separamos.
Ele foi embora e eu votei a lapidação que não podia parar (como não estava parada).
Passado uns 30 dias ele me ligou pedindo para eu ir até o Hotel Príncipe na Rua São Paulo no centro de Valadares.
Fui até lá e encontrei com ele, e ele me disse:
-Celso! Eu acho que errei na compra desta ametista, pois já mostre para todos os compradores de Governador Valadares, e eles não querem comprar, será que você pode me ajudar a vender?
Examinei a mercadoria e vi que realmente não tinha bom aproveitamento e o preço que ele comprou não iria recuperar nunca, então eu lhe disse:
-Olha Manoel, infelizmente eu não posso te ajudar, a sua mercadoria não serve para lapidar e o pessoal daqui só compra pedras lapidáveis, ou lapidadas, quem sabe você consegue vender em Teófilo Otoni ou até mesmo onde você comprou.
Ele me olhou com um olhar de desdém e disse:
-Você acha que a pedras não presta? Ou você acha que é o único que entende pedras! Eu comprei com uma pessoa que sabe o que é pedra, e eu tenho conhecimento também, tenho Norah.
Não respondi nada, somente me despedi e sai do quarto e foi embora. Passado alguns dias fique sabendo que ele tinha vendido no valor de pagar o quarto do hotel que ele estava já a mais de 15 dias.Certo dia eu conversando com o meu cunhado que era o cunhado de também, e me disse:
-O Manoel me disse que tinha terminado a sociedade com você porque você estava ficando rico às suas custas.
Ai eu retruquei ironicamente.
-É mesmo! Será que ele não disse que estava aprendendo com ele a compra e vender pedras?
E continuei.
-Esse camarada é um prepotente, ele me disse que comprava pedra com o seu dinheiro  e não com o nosso, e com isto tomei foi prejuízo com ele.
Ai ele me disse.
-Aquilo não presta, já largou de minha irmã dando a ela um prejuízo na divisão dos bens deles.
Neste instante deixamos de lado o ‘TAL’ e começamos a falar de outras coisas interessantes.
Passado mais ou menos (1) um ano e meio o Fifi me encontro na esquina e me disse que o seu sócio o Baiano tinha morrido em um acidente de avião.
-Celso, o baiano colocou no avião 400 quilos de pedras e mais 2 pessoas alem dele e o piloto, e quando o avião tentou decolar indo para o rio como você o sabe ele não conseguiu arremeter e foi de encontro ao rio; o piloto quebrou o braço, mas consegui tirar os 2 garimpeiros pela porta de traz do avião, mas o Baiano ficou com os pés presos sacos de pedras que tinha colocado junto aos seus pés.
A partir deste relato deu-se o fim das aventuras e  das  ametistas e  iniciou-se a historia do conhecimento e aprendizado de outras pedras, comprar, venda e minerais a partir da esmeralda que foi muito bom negocio com toda a certeza,
Aguarde o 2º-Volume intitulado O INICIO NAS ESMERALDAS.
Espero que você amigo leitor tenha gostado, e aguardarei com ansiedade o momento em que você iniciara a leitura das novas aventuras de minha vida como garimpeira.

Fim


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